Ayla Costello se achava uma deusa.
Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse.
Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...
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— Como devem ter estudado nas aulas de Teoria de Motivação da Personalidade, concretamente no segundo semestre — disse Liana Rogers, parando de escrever o último tema da aula com o marcador e depositando sua atenção em nós —, existem duas importantes teorias de aprendizagem, nomeadamente: — voltou a rabiscar o quadro — O behaviourismo, e a teoria de aprendizagem social ou socio-cognitiva, desenvolvida maioritariamente por Albert Bandura.
— A teoria socio-cognitiva pode ser chamada também de teoria de modelagem, certo? — alguém perguntou no fundo da sala.
— De certa forma, sim. — respondeu sorrindo — Resumidamente, ambas têm foco no comportamento observável. O behaviourismo é uma teoria mecanicista, ou seja, defende que a motivação para a manifestação de um comportamento parte do meio no qual o indivíduo está inserido, reagindo às condições do mesmo, que podem ser agradáveis, dolorosas, ameaçadoras, e por aí vai. Quem aqui acha que a sua motivação é mais extrínseca do que intríseca?
Observei a sala, vendo uma boa parte dos presentes erguendo as mãos. A docente riu e empurrou uma mecha do cabelo cacheado para trás da orelha. O vestido solto, azul esverdeado com pequenas flores brancas, fazia um contraste bonito com o tom leve de melanina que a sua pele exibia, e sua feição era sempre meiga. Liana Rogers exalava paz e conforto, sem sombra de dúvidas.
— Interessante... Bom, vocês já devem ter falado também dos dois eventos da aprendizagem associativa, que faz parte do behaviurismo: o condicionamento clássico, e o operante. Alguém lembra-se da diferença entre os dois?
A turma ficou em silêncio, até que ela ergueu as sobrancelhas e alguns cochichos encheram a sala.
— Vou ter de indicar alguém, pelos vistos... — seu olhar varreu a turma, e fiquei tensa quando caiu sobre mim — Ayla Costello...
Soltei um pigarro baixo e suspirei discretamente, vasculhando a mente em busca de formas resumidas de responder a pergunta.
— Basicamente, o condicionamento clássico é aquele em que existe um estímulo a uma resposta, ou seja, o comportamento é... Bom, é uma resposta a algum evento... — ela assentiu e eu tentei ignorar o silêncio praticamente ensurdecedor — Enquanto que o condicionamento operante é aquele no qual o comportamento é modelado por reforços ou recompensas e por punições. Os reforços seriam para aumentar a frequência da ocorrência de um comportamento, e as punições seriam para reduzir ou eliminar essa mesma frequência.
— Exactamente, muito obrigada. — sorriu — E alguém pode dizer, de forma resumida, o que seria a teoria socio-cognitiva?
Algumas pessoas levantaram as mãos, até que a docente apontou para uma loira de olhos claros.
— Como já havia sido mencionado, foi maioritariamente desenvolvida por Albert Bandura, e ele esteve contra um aspecto do behaviourismo: enquanto essa teoria sustentava que a ação do ambiente era o que impulsionava o desenvolvimento, a de Bandura sugeriu que o impacto para esse mesmo desenolvimento é bidirecional, e chamou esse conceito de determinismo recíproco, no qual a pessoa age sobre o mundo na medida em que o mundo age sobre a pessoa. — ela fez uma pausa, parecendo organizar as ideias — Defendeu também que aprendemos o comportamento socialmente apropriado observando e imitando modelos, que seriam pessoas como os nossos pais, professores ou até heróis, ou seja, pessoas que nos inspiram, ou que tenham prestígio e sejam recompensadas de alguma forma pelos seus feitos. E também-
