51 | sinal vermelho

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Duas semanas

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Duas semanas.

Duas fodidas semanas nas quais eu não tinha contacto algum com a Ayla. Eu não ouvia sequer a sua voz, e muito menos sentia o aroma do seu perfume. Em todos aqueles dias, mandei que entregassem buquês e presentes a ela, os quais ela recebeu, talvez achando que se tratasse de alguém que não fosse eu. Essa possibilidade me incomodava mais do que eu esperava ser possível.

Ela passou a não participar nas aulas do Finn, e eu presumia que fosse apenas para que não nos víssemos; tanto a Georgina quanto a Kira me tratavam do mesmo jeito de antes, o que me levava a ter a certeza de que nenhuma delas sabia do ocorrido. A Ayla deveria estar amedrontada demais para dizer alguma coisa a qualquer pessoa que fosse, e eu a entendia.

Mesmo que tivesse passado bastante tempo, eu não toquei em nenhuma mulher. Não conseguiria fazê-lo estando apaixonado por alguém, e muito menos não tendo sequer noção do que passava pela sua cabeça. Não precisava estar dentro de outra para saber que não seria o suficiente; que eu não me sentiria satisfeito, e que a sensação não seria a mesma.

— Feliz aniversário, Kira!

Observei uma das várias desconhecidas abraçar a modelo, que sorriu com animação antes de me encarar e estender os braços para mim. O sorriso suavizou um bocado, as íris escuras cintilaram e eu, desconfortável, deixei que ela me abraçasse por menos de três segundos, nos quais quase não toquei nela.

— Seja bem-vindo! — disse assim que nos separamos — Fique a vontade e sinta-se em casa...

Com um leve e quase imperceptível sorriso, passei por entre as pessoas aglomeradas logo à entrada e fiz caminho até o cómodo que presumi ser a sala. A festa não era assim tão grande e eu agradeci por isso. Boa parte dos presentes eram meros desconhecidos, o que me fez concluir que talvez estivessem ali apenas amigos próximos e parte da sua família; eu nem sabia por quê fazia parte da lista de convidados.

Faziam mais de cinco semanas que não falávamos um com o outro. Eu pouco respondia as mensagens nas redes sociais, tanto por falta de hábito quanto de tempo, e a única que recebia toda a atenção que eu era capaz de dar era a Ayla.

Não demorou muito para que o Kalel, irmão mais novo da Kira, fosse ter comigo para me cumprimentar. Fazia algum tempo que não jogávamos juntos, e foi com base nisso que o diálogo se desenvolveu e estendeu. Depois disso, ele foi chamado e eu pude, finalmente, ficar sozinho.

Senti-me entediado em minutos, o que me levou a tirar o celular do bolso das calças cargo. Não estava com vontade alguma de socializar, e muito menos de fingir estar feliz por ter sido convidado; preferiria passar a noite toda acompanhado pelos meus pensamentos.

No entanto, tal vontade foi abaixo assim que vi a Ayla passar por perto, distraída. O vestido rosa de tecido claro que presumi ser seda ajustava-se até à mais imperceptível curva, deixando-a ainda mais atraente do que naturalmente era. Longo e livre de qualquer vinco ou amasso que fosse, exibia uma racha que iniciava a meio da coxa direita e alças finíssimas, deixando em destaque um colar delicado e discreto que cintilava sobre a pele negra e macia. Uma pulseira tão fina quanto o outro acessório enfeitava o pulso esquerdo, também prateada, combinando com a clutch que tinha em mãos e o par de saltos simples. Ela também havia prendido o cabelo, alisado raiz acima até um ponto em que os cachos exibiam o volume literalmente majestoso, bem como os brincos longos e finos que acompanhavam cada um dos seus movimentos à medida que caminhava com confiança pelo lugar.

IDRISWhere stories live. Discover now