Ayla Costello se achava uma deusa.
Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse.
Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...
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Eu, definitivamente, tinha problemas.
A iniciativa de elogiá-la havia partido da súbita vontade que tive de seguir os "conselhos" do Urijah após vê-la naquele vestido. Digo, ela era bonita, tinha um corpo atraente, mas aquele vestido fez com que ela extrapolasse o que deveria ser o limite. Eu só conseguia imaginar que talvez dar um puxão naqueles cordões revelaria mais da pele sedosa e perfumada, e isso me fez agir de forma inconsequente e completamente contraditória a todas as coisas que eu dizia e fazia quando se tratava dela.
Conclui que talvez - só talvez - sentisse algo próximo a desejo pela Ayla. O que, claramente, não era um bom sinal.
Vê-la com lágrimas nos olhos por minha causa fez com que eu me sentisse mal por momentos e perguntasse a mim mesmo por quê aquilo a afectara tanto; porque eu, particularmente, não me sentiria ofendido caso uma pessoa qualquer dissesse que não tenho nada de especial ou que sou igual aos demais. De qualquer forma, precisava manter e seguir com os meus princípios, e saber que havia começado a sentir uma espécie de atração por ela me deixou transtornado, bem como a minha dúvida acerca de talvez estar a ser dramático quanto à situação toda.
Teríamos uma aula em comum naquela manhã, e eu pretendia fingir que não a via, como sempre, ou que a sua presença me era indiferente. O único problema era que a imagem de como o vestido apertado se ajustava ao corpo curvilíneo não abandonava a minha mente, e a vontade de sentir se a sua pele era tão macia quanto parecia fazia com que os meus dedos praticamente formigassem.
Passando pelo corredor - sozinho, porque decidira manter certa distância do Oskar sempre que possível -, fui parado pelo Sage. Ele não exibia o mesmo sorriso de sempre, e isso era suspeito.
— Bom dia, tudo bem? — começou. O corredor ia se esvaziando à medida que o tempo passava, já que em poucos minutos as aulas iniciariam.
— Tudo, e contigo?
— Também. — disse. O olhar estava mais firme que o habitual, o que me levou a erguer levemente as sobrancelhas, curioso — Tu tens algo com a Ayla?
Controlei a vontade que tive de rir e revirar os olhos. Claro, só podia tratar-se disso. Dela, concretamente.
— Não. Por quê?
Ele deu um suspiro discreto, estreitando os olhos com o olhar fixo num ponto atrás de mim, e comprimiu os lábios.
— É assim, não me passam despercebidos os olhares que vocês trocam quando estamos todos juntos, mesmo que levem segundos... E ela parece estar muito... Envolvida em seja lá o que vocês têm...
— Nós não-
Ele me interrompeu com um gesto, impassível.
— E isso não me diz respeito, mas ontem, eu vos vi ir à cozinha, e ela voltou de lá toda cabisbaixa. Ela é minha prima, eu me importo com ela, e não gostaria que tivéssemos problemas por não a tratares como ela merece.