66 | escolhas e mantras

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A minha relação com o Idris durou apenas mais um ano

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A minha relação com o Idris durou apenas mais um ano.

Ano esse no qual ele se tornou um namorado ausente e distante; as conversas, ao celular, foram se tornando mais escassas. Enquanto eu fazia de tudo para manter as coisas do mesmo jeito, ele inventava desculpas, alegava que não tinha tempo para quase nada e nem para si mesmo. Tentei ser compreensiva, uma vez que sabia das dificuldades pelas quais passava devido à pressão exercida pelo seu pai, porém, acabei me cansando.

Os cinco primeiros meses após a minha mudança foram maravilhosos. Ele me visitava quase todos os fins-de-semana e, com a autorização do meu pai, passávamos os dois dias juntos em algum hotel ou viajávamos para alguma região próxima à Kalli. Caso não fosse possível, o Idris se hospedava lá em casa e, felizmente, tornava os laços com o meu pai e os meus irmãos melhores à medida que o tempo passava.

Depois disso, ele passou a não ter tempo para mim. Enviava presentes; buquês gigantes e com as mais belas e coloridas flores, perfumes maravilhosos, sapatos e bolsas, e perguntava sempre se eu precisava de alguma coisa. Tempo atrás, eu não reclamaria; muito pelo contrário, iria adorar toda aquela situação. O único problema era que eu estava com ele, por ele. Por quem ele era, pelo que me fazia sentir, e não apenas pelo que podia me oferecer. Eu me apeguei, passei a fase de luto com ele, tínhamos vivido momentos marcantes e difíceis juntos, então não foi fácil lidar com a sua ausência de forma tão repentina, provavelmente por um e único motivo: a distância.

Ele, definitivamente, não estava disposto a lutar por nós. Não queria passar por aquele mau momento comigo, e eu acabei me cansando de ser compreensiva e boa demais. Tive medo que ele se sentisse sufocado e terminássemos em maus termos, que ele tivesse outra pessoa e por isso não estivesse mais tão empenhado na nossa relação, por isso, terminei. Enviei um texto não muito longo, e a única resposta que tive foi um "se é o que queres, tudo bem".

Depois disso, ele não ligou e não mandou mais mensagem nenhuma. Foram cinco meses maravilhosos, e mais sete nos quais ele pouco se importava comigo. Era como se a nossa história não existisse e, sempre que tentasse confrontá-lo a respeito, ele era sonso. Fingia que não sabia do que eu falava. Que não entendia.

Eu me afoguei nos estudos pelo tempo a seguir; as notas continuaram excepcionais. Comecei a sair muito mais de casa após algumas semanas, nas quais ficava cabisbaixa devido ao término. Me aproximei dos meus irmãos e do meu pai, e ele acabou me contando que eu era meio parecida com a minha falecida avó, sua mãe, que também queria ter estudado Psicologia. No entanto, a vida não fora justa.

Eu e o Yannick não ficávamos muito a vontade no início. Eu me sentia acanhada perto dele só de pensar no que quase aconteceu porque ele tentou se aproximar de mim, a mando do nosso pai, para atingir o Idris. Foi necessária muita coragem, em uma das madrugadas nas quais eu não conseguia dormir, para que descesse até a cozinha sabendo que estava lá porque, há alguns passos de distância, ele gritava com os amigos a meio de um video-jogo. Desceu as escadas resmungando e foi à cozinha para, como fazia quase sempre, preparar algum lanche.

IDRISWhere stories live. Discover now