68 | epílogo

310 31 22
                                    

Estava exausta

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estava exausta.

Trabalhando na área na qual era formada, o cansaço mental era certo. Eu nunca pensei que ficaria tão esgotada mental e emocionalmente, algum dia, como me encontrava naquele momento. Era sábado e, depois do almoço, deitei-me na cama afim de dormir um bocado. No entanto, depois de cerca de quinze minutos me revirando no colchão, quando as pálpebras pesaram e o corpo finalmente relaxou, alguém abriu a porta sem nem um pouco de delicadeza, fazendo com que erguesse a cabeça, emburrada.

— Ele ganhou!

A semana seguinte foi uma tortura; eu me lembrei da promessa do Idris quase todos os dias, que não foi cumprida. Não estava surpresa, e sim decepcionada. Ele realmente voltou depois de um ano e me informou, mas não veio até mim. A época das eleições se aproximou algumas semanas após a sua candidatura, mas eu não via aquilo como um empecilho. Se fosse o caso, nenhum político, ou melhor, nenhum ser humano iria manter os seus laços com os demais em momentos importantes. Eu não fiz pergunta alguma sobre a data da sua "visita". Continuei no meu canto, trabalhando e saindo de casa sempre que o cansaço não fosse assim tão intenso.

Numa sexta-feira, os meus irmãos e o meu pai preparavam-se para sair. Eu já tinha o pijama posto: um vestido de algodão com tecido fino, branco, decorado por um laço minúsculo e cor-de-rosa na área entre os seios. Os cabelos estavam presos, mas eu queria soltá-los e colocar uma touca de cetim sobre eles antes de tentar dormir.

— Tens certeza que preferes ficar? — Alma pendeu a cabeça para o lado, unindo os lábios em um bico adorável. Nós quatro tínhamos a mesma idade, e nada me tirava da cabeça que o meu pai, Rio Donovan, era um cafajeste. Engravidar quatro mulheres diferentes no mesmo ano era, no mínimo, um absurdo. — Vai ser tão divertido! Acho que a tua designer local favorita estará lá...

— Eu preciso descansar. Não tenho mais forças para interagir. — disse com um sorriso preguiçoso e o tom arrastado, arrancando suaves risadas dos outros. Assim que saíram, subi as escadas e caí na cama, sobre a coberta. As pálpebras pesaram minutos depois e eu me aconcheguei melhor, puxando um dos travesseiros para abraçar.

— Tudo isso é carência?

Arregalei os olhos, sentando e quase batendo a cabeça na parede. O Idris surgiu, entre a escuridão que consumia boa parte do quarto, com excepção a uma área de frente à janela, onde as cortinas pesadas não estavam completamente fechadas. O peito subia e descia com rapidez, e o coração batia fortemente, acelerado.

— O que-

— Eu disse que voltaria.

— Como entraste aqui?

— Pela porta... — deu de ombros, puxando a cadeira em frente à penteadeira para sentar-se. Ele estava maior, e os cabelos mais compridos. Os cachos grossos já se deixavam notar — Achava que fôssemos encontrar-nos lá na Bleech... As tuas irmãs disseram que querias conhecer alguns designers de moda.

IDRISOnde histórias criam vida. Descubra agora