48 | segredos e espuma

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— Onde tu estavas?!

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— Onde tu estavas?!

Embarrassed, Don Toliver, tornou-se apenas num zumbido quando a porta do meu quarto foi fechada. Marco tinha o cenho franzido, e estava tão furioso que eu achei graça até nos mais míseros detalhes da sua postura; os ombros tensos, o corpo enrijecido sob frustração e nervosismo, a cor avermelhada que pintava o seu rosto e pescoço e as mãos fechadas em punho. Eu tinha certeza que a barulheira que consumia o segundo andar da mansão e se notava com mais clareza ao longo do extenso corredor era obra do Nathan, e não imaginava o quão difícil deveria estar a ser, para o Marco, lidar com ele.

Diferentemente de mim, o Nathan não parecia sentir nem receio do que o nosso pai poderia fazer em momentos de tensão ou stress, e algo me dizia que era em mim que ele descarregava todas as emoções negativas desde cedo, poupando o outro dos seus piores momentos.

Cansado, irritado devido à dor na perna e com a cabeça a latejar, lancei a mochila no tapete que forrava o chão do quarto e revirei sutilmente os olhos antes de virar-me para encarar o mais velho. Ele ainda me observava com atenção, como se procurasse por respostas antes mesmo que eu tomasse a iniciativa de abrir a boca.

— Os teus negócios não estão ameaçados, se é isso que tanto te preocupa. — boquejei, tirando os sapatos ao sentar na cama perfeitamente arrumada. Respirando fundo, puxei a camiseta para longe do corpo e a lancei sobre a coberta azul-escura vendo-o retesar o maxilar, provavelmente pouco satisfeito com a resposta que dei — Eu sei bem que não estás aqui por minha causa.

— Onde estavas? — repetiu, o tom mais firme do que antes, frio. Eu dei um sorriso desprovido de humor e mordi o lábio inferior ao baixar a cabeça e apoiar os cotovelos nos joelhos cobertos pelos jeans pretos — Tu passas quase três dias fora de casa, não dás notícias, encontramos a porcaria do teu carro todo amassado sei lá aonde, tu apareces em casa cheio de hematomas e cortes, e o que tens a me dizer é isso?

— Não são assim tantos... — murmurei, esticando e virando os braços para analisar as manchas vermelhas que podia ver — Talvez uns três, quatro ou cinco.

— Onde tu estavas?

— A resolver alguns problemas.

— Quais problemas?

— Coisas minhas.

Marco tossiu uma risada sarcástica e breve, como se o que eu tivesse dito não fizesse o menor sentido. E realmente não fazia, mas nem fodendo eu contaria a verdade. O olhar atento correu por cada centímetro do meu rosto, em análise, e eu fingi não ligar. Forçar indiferença e tédio era o melhor que podia fazer.

— Eu vou descobrir, seja lá o que estejas a tentar esconder.

— A vontade. — fiz pouco caso; sabia bem que em momento algum saberia com quem estive. Ele podia até descobrir a origem do acidente, mas nada além disso.

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