26 | visão dos deuses

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— A droga foi roubada

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— A droga foi roubada. — Savio informou. Observei o rosto do Marco ficar vermelho enquanto batia na mesa com o punho fechado antes de levantar-se abruptamente, derrubando a cadeira atrás de si. Suspirei baixo, levando o copo de água até os lábios enquanto pousava o paletó numa das coxas. — Eu mesmo fui conferir o carregamento no caminhão abandonado a caminho do armazém.

Ambos saíram do escritório, e pude ver o meu pai conversar com alguém pelo celular com notória frutração e desagrado através da janela extensa que exibia o jardim. Era noite e eu havia acabado de deixar a Ayla em casa, mesmo sabendo que aquilo apenas nos aproximaria um pouco mais.

Eu a vi vulnerável, consolei e levei-a até casa; tudo isso acontecendo numa mesma noite era algo difícil de ignorar, talvez principalmente para ela, que mostrava indiferença a respeito de tudo e todos. Mesmo que não sentisse absolutamente nada por ela além de uma notória e óbvia atração sexual, eu ainda era humano, e a única pessoa naquele lugar que sabia pelo que ela passava. Por isso, não pensei duas vezes antes de ir atrás dela. Era o mínimo que podia fazer.

Além disso, mesmo que fosse um cretino, ainda era sensível quando se tratava de mulheres. Vê-la tão triste e abalada fez com que sentisse pena. Eu não era um completo filho da puta, e talvez ser criado pela minha avó tenha influenciado nisso. Não duvidava nada que seria um dos homens mais desprezíveis do planeta caso tivesse crescido perto do Marco, assistindo e normalizando tudo o que ele fazia.

— Eu quero a cabeça desse fodido! — o mesmo voltou a entrar no escritório aos gritos — Não é possível que tenha roubado mais de dez quilos de cocaína sem ter sido visto! Além disso, como ele soube que chegaria hoje?

— De quem estão a falar, afinal? — perguntei. Ele lançou o celular no meu colo, sem paciência para nada, e eu franzi o cenho ao observar o rosto do homem em causa.

Era impossível não reconhecê-lo. A presença dele chegava a ser sufocante, que nem a do Raul O'Connell. A foto parecia ter sido tirada enquanto ele estava distraído e sorria abertamente.

— Ele esteve na festa para onde fomos hoje... — comentei, lembrando-me de tê-lo visto com o mesmo homem que vasculhara a bolsa da Ayla antes que ela fosse embora, o que me deixou ainda mais intrigado.

— Como eu não o vi? — resmungou, possesso — Como caralhos eu não o vi?!

Sorri com sarcasmo, vendo-o apoiar-se na secretária sem se importar com os documentos espalhados por cima da mesma.

— Provavelmente porque estavas ocupado demais a conversar com uma miúda que tinha idade para ser tua filha. — murmurei. Ele estreitou os olhos, mas logo sorriu, o que me deixou alerta. Observei-o caminhar até o aparador, onde separou um copo e uma garrafa.

— Este problema surgiu em muito boa hora... Já que viste o homem, estarás encarregue de saber onde ele deixou a minha droga, e de trazer a porra da cabeça dele até mim.

IDRISWhere stories live. Discover now