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Segunda-feira

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Segunda-feira.

Era uma manhã quente, mas a brisa que soprava era fresca e agradável. Livrei-me do blazer assim que estacionei o carro e preparei-me psicologicamente para, provavelmente, cruzar com o Vicent Reed pelos corredores da Royale.

Por ser um sujeito tão bonito quanto nojento – além de ter condições de vida óptimas –, ele adorava atravessar boa parte da área da universidade, exibindo o olhar avaliador e malicioso; não era segredo que, pelo facto de as propinas serem elevadíssimas e a R.U em si ser uma instituição renomada e conhecida, não eram assim tantos os alunos que verdadeiramente se interessavam em entender o conteúdo das aulas. Muitos deles resolviam-se com alguns docentes em particular, trocando boas notas por dinheiro, um "pequeno agrado", e até sexo; tudo isso porque não era apenas conhecimento que importava por ali, mas também a fortuna gasta.

Todavia, era evidente que a formação de estudantes e a competência dos docentes era de se admirar e, por essa razão, tornava-se óbvio por quê a Royale University continuava de pé – firme e forte –, mesmo após tantas décadas.

Atravessando o estacionamento, acenei para o par de rapazes que caminhavam sempre juntos e observei-os espelhar o gesto. Eros St. Alastair e Augustus McLauren eram inseparáveis; sempre desejei saber qual era a sensação de ter um amigo de verdade, e uma relação que nem a deles. Saber e sentir que existiria sempre alguém por perto para o que desse e viesse.

Eles não chamavam a atenção de terceiros apenas pela notória conexão, mas também pela beleza estonteante; enquanto o primeiro possuía cabelos loiros e olhos tão azuis quanto o céu das tardes ensolaradas de Blanche, Augustus – ou A.J, como preferia ser chamado e eu não sabia por quê – tinha olhos e cabelos tão negros quanto a noite. Ambos exibiam arrogância e literal luxo com a postura de quem sempre teve tudo de bandeja num piscar de olhos. Porém, haviam algumas diferenças entre eles: o Eros parecia gostar de ter tudo sob controle; de saber que seu aproveitamento na R.U continuava formidável, por mais caóticas que sua presença e atitudes fossem. Augustus, por outro lado, não ligava para quase nada. Ele, em si, era uma bandeira vermelha; um problema ambulante, mas tão atraente e quente quanto o melhor dos pecados.

E sim, eu já havia tido um gostinho do que ele tinha a oferecer, há alguns meses.

Deixei a bolsa e o caderno sobre a mesa antes de puxar a cadeira e sentar-me. A sala estava vazia, o que me deu um pouco de tempo longe de possíveis conversas escandalosas dos colegas mais barulhentos.

Virei o rosto quando, após poucos minutos, alguém sentou-se ao meu lado. O meu coração pareceu errar uma batida quando reparei que era o Idris; o que ele fazia ali, se não tínhamos aulas juntos às segundas?

— Olá. — saudou assim que livrei-me dos AirPods, sendo, assim, arrancada da bolha musical onde havia me enfiado.

— Oi. — dei um sorriso simples e fechado, sentindo o estômago revirar de ansiedade. Alisei o tecido da saia, começando a ficar nervosa sob o seu olhar. Inferno, não deveria estar a sentir-me assim.

IDRISWhere stories live. Discover now