Acho que nunca estive tão entediado.
Claro, não deveria esperar algo diferente de um baile beneficiente, porém, o tédio chegava a ser insuportável. Estava cansado de cumprimentar pessoas das quais sequer lembrava mais o nome, e aquele não era o momento apropriado para desaparecer sem dar explicações. Sem contar que o Marco parecia me procurar constantemente para saber exactamente o que eu fazia e onde estava, o que era completamente desnecessário, afinal, não era como se eu ainda fosse uma criança astuciosa e matreira.
Aceitei a terceira taça de champagne que me foi oferecida, suspirando impacientemente enquanto fingia estar interessado em mais um discurso de alguma instituição, que foi iniciado depois de poucos minutos. Tomei o lugar ao lado do meu pai e engoli o conteúdo na taça em um só gole, o que fez com que ele me encarasse seriamente.
— Deveria tomar em goles pequeninos e delicados? — sussurrei para ele, que respirou fundo e ajeitou a postura, o que me arrancou um sorriso zombeteiro e discreto.
Depois, pude começar a circular livremente pelo salão. Marco engatou uma conversa sobre negócios com algumas pessoas, na qual participei por pouquíssimo tempo antes de pedir licença e me ausentar. Senti como se a gravata me sufocasse, e não hesitei em tirar e enrolá-la cuidadosamente para enfiar no bolso das calças feitas sob medida. Abri os dois primeiros botões da camisa e suspirei, tirando um copo de uísque numa das bandejas que faziam circular pelo lugar.
— Idris!
— Conhecemo-nos? — indaguei assim que a loira se aproximou um pouco mais. O vestido vermelho e longo ajustava-se ao corpo curvilíneo, e os lábios carnudos carregavam a mesma cor.
Ela sorriu sem humor e revirou os olhos claros, passando algumas mechas do cabelo liso para trás dos ombros. Era bonita, mas eu não me atrevia mais a falar além do necessário com qualquer mulher que se aproximava; não depois do que aconteceu com a asiática.
— Claro que não lembrarias... — chiou — Sou a Keysha.
Franzi o cenho. Não fazia ideia de quem ela era.
— A pessoa que te ofereceu coca numa festa privada...? — pendeu a cabeça para o lado, parecendo impaciente.
— Ah. — sibilei.
— Como vai?
Quis rir por tamanha cortesia.
— Bem, e tu?
— Também... Não esperava encontrar-te por aqui.
— Nem eu a ti. — engoli um gole da bebida destilada sem tirar os olhos dela — Acompanhante de luxo?
Ela riu.
— Não. O meu pai é o diretor executivo de uma das empresas mais bem sucedidas que foram apresentadas hoje.
— Interessante.
— Mas então, o que fazes por aqui?
Ergui o copo até a altura do rosto. — Vim só beber um bocado.
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IDRIS
General FictionAyla Costello se achava uma deusa. Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse. Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...