52 | rico e quebrado

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O verso do Drake em Outta Time tocava em um volume baixo enquanto Ayla encarava as próprias mãos

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O verso do Drake em Outta Time tocava em um volume baixo enquanto Ayla encarava as próprias mãos. As unhas curtas e acrílicas passavam pela capa transparente do celular branco e ela estava tão silenciosa quanto eu.

Não sabia por onde começar a contar os "por quês" do ocorrido; a Lamborghini Urus preta estava praticamente mergulhada na escuridão, em um canto pouco iluminado do quintal da casa da Kira. Os vidros fechados não deixavam nada à vista por fora, oferecendo toda a privacidade necessária naquele momento. Estalando os dedos e engolindo a seco, eu voltei a encará-la de soslaio. O aroma agradável e quase afrodisíaco do seu perfume consumia o ambiente, deixando-me literalmente zonzo. Faziam duas semanas que eu não tocava nela – e nem em qualquer outra mulher – e, uma vez que ela tinha um efeito quase descomunal sobre mim, não me surpreendi ao me sentir endurecer sob o tecido das calças quando o meu olhar correu pelas coxas macias e parcialmente descobertas.

A boca encheu de água quando imagens indecentes e lembranças dos seus gemidos preencheram a minha mente. Soltando um pigarro, eu me ajeitei melhor no assento e humedeci os lábios ressecados, decidido a despejar a verdade de uma só vez, com toda a transparência que deveria ter existido desde o início.

— Eu... Eu acho que já passaram dois minutos dos cinco, e quero, primeiro, me desculpar por isso. Não sei por onde começar e-

— Por quê não começas pelo princípio? — ela boquejou com sarcasmo. Mordisquei o interior da bochecha, me sentindo estúpido por um momento.

Um suspiro escapou por entre os meus lábios entreabertos. O receio ainda deslizava de forma tortuosa pelo âmago; eu tinha medo que ela me rejeitasse, que se afastasse ainda mais e que voltasse a proferir qualquer coisa relacionada a nojo, como fizera minutos antes de ceder e aceitar me ouvir. Seria demais para mim, e eu não sabia o que faria caso ela fosse embora definitivamente. Eu havia me apegado a ela, mais do que gostaria, e seria doloroso concluir e confirmar, mais uma vez, que todas as pessoas a quem eu ousava amar acabavam se afastando de mim por algum motivo.

— Tudo começou quando fui praticamente obrigado a ter aulas que envolviam armas, facas e lutas corpo-a-corpo. Eu nunca entendi para quê serviam e, por inocência, me forcei a acreditar que fosse para que soubesse me defender caso algo acontecesse, pelo facto de ser filho de uma figura pública e importante. — eu murmurei, e logo cuspi uma risada amarga e irónica — Isso até a noite em que tive de fazer algo pior: matar uma mulher, sobre quem não sabia quase nada porque, supostamente, havia sido contratada para fazer o mesmo comigo.

— Tu fizeste mal a uma mulher? — ela questionou com a voz quebradiça. Eu me quebrei um pouco mais sob o seu olhar receoso, e o coração afundou no peito, pesado.

— Eu fui forçado a fazê-lo. Ela era uma criminosa, mas não foi exactamente por isso que o fiz... Foi porque eles matariam os netos de uma das mulheres que trabalha lá em casa... Ela era uma das únicas que cuidava de mim com carinho genuíno desde que me entendo por gente, e hoje em dia sequer olha para a minha cara, tudo por causa do que tenho feito. — eu parei para respirar fundo e deixar que a informação se organizasse melhor na minha cabeça — Depois disso, eu descobri estar a ser procurado por pessoas a quem nunca nem vi, tudo isso porque o meu pai está envolvido em negócios sujos e associa todos eles a mim, dizendo às pessoas que sou o seu único herdeiro. Basicamente, ele me fez responsável por um problema grave e grande demais, quando um dos seus "negócios" não deu certo. Eu não tinha para onde correr, e nem com quem contar. Eu torturei e matei mais pessoas, e dei ordens das quais nunca me vou orgulhar, mas foi porque não tive escolha. Tu passaste a ser um alvo, e eu mandei que te vigiassem.

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