07. Lust

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#CodinomeFlamingo

O destino não existe.

O que existe são pessoas que possuem um cérebro e um coração, e são elas que precisam desembaralhar o novelo para marcar os seus caminhos e conviver com as consequências de sua ações. Se durante o percurso elas vão se encontrar e permanecer juntas até o fim de suas vidas, isso depende única e exclusivamente de suas escolhas.

A vida é um jogo de ação e reação. Nada acontece se ninguém mover o peão, se não mudar a rota e se jogar em algum precipício incerto apenas pela curiosidade de saber o que tem ali no fundo. Pode não ter nada, mas só dá pra saber se fechar os olhos, apertar os braços em volta do corpo e se jogar no desconhecido. Até porque, bola de cristal também não existe.

A vida também é como um avô ranzinza que está cansado de assistir todas as tolices do resto da humanidade, gritando aos quatro ventos: "Ah, por favor, deixe de ser um mimado e pare de culpar o universo pelas suas decisões mal pensadas. Encare-as e tente tirar algum ensinamento disso."

Jimin ainda não tinha noção que cada pequena ação sua influenciava todo o percurso de uma história. Uma história que não era só dele, porque por mais que se achasse insignificante perante a grandiosidade do universo, ele ainda conseguia ramificar caminhos que antes eram retilíneos, criando escolhas.

Andava em passos largos pela passarela da entrada do campus da Yonsei. Não sabia se bocejava ou se bufava, tamanha a sua vontade de não estar na Universidade àquela hora da tarde. As apresentações do evento sobre literatura já haviam começado, mas aquela primeira mesa do dia não era de seu interesse e por isso, não se importou com o horário que saiu de casa.

Kim Taehyung:

Você está atrasado!

[03:12 p.m.]

Diferentemente de seu melhor amigo que não poderia perder qualquer apresentação sobre o uso da literatura no cinema. Olhou a mensagem e guardou o celular sem o responder, já que a mesma não seria marcada como lida e nem mesmo a última vez que estava online apareceria. Uma tática que ele usava para não ser vigiado e poder ignorar todas as mensagens que quisesse.

A tarde estava quente e os rasgos nos joelhos em seus jeans claro eram bem vindos. A camiseta branca parecia ter sido feita sob medida para terminar rente ao cós da calça e a bolsa carteiro de couro sobre um dos ombros estava ali apenas pelo costume de sempre carregar algo consigo. Os fios negros de seu cabelo já estavam completamente secos, mesmo tendo sido lavados apressadamente alguns minutos atrás. Sua pele exalava um cheiro gostoso e cítrico de manga, característico de seu sabonete preferido.

Passava por todos os prédios iguais, com apenas placas informativas na fachada para quem não conhecesse o campus, se achar. Mas aquelas pilastras já eram muito bem conhecidas por Jimin, sabia de cor qual era a sequência de cartazes com uma quantidade de cola exagerada e frases em um hangul desesperado, um grito mudo em meio a um mundo em que nem todos tinham acesso. Do lado de fora, ninguém se importava com esse tipo de protesto.

Sua caminhada se tornava mais lenta à medida que o primeiro cruzamento se via logo a frente. Se seguisse reto, chegaria ao auditório mais rapidamente, sem desvios. Mas se escolhesse por entrar a esquerda, faria uma volta desnecessária entre o Centro de Belas Artes, precisando passar pelo Jardim tão movimentado e só depois, encontraria Taehyung.

Só dependia de si arriscar e mover as peças do jogo, podendo escolher entre ter um dia normal, assistindo seminários interessantes, ou fazer o próprio coração disparar e ir para o auditório com uma sensação boa no peito e uma lembrança instigante na memória.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now