52. Para sempe seu,

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#CodinomeFlamingo

Jeongguk girou a maçaneta, segurando várias sacolas em uma única mão. Ao entrar dentro do apartamento, ouviu o chiado de comida na panela, o cheiro de alho e de gochujang invadiu as suas narinas. Os ouvidos apreciavam a voz animada de Jimin conversando em coreano com alguém como se fosse música.

Deixou as sacolas na sala, retirou o casaco e parou no arco que levava até a cozinha, apreciando a cena que imaginou assim que todos os elementos invadiram algo dentro do seu cérebro lhe dizendo que um lar era assim, apesar de não ter muitas referências. Incrivelmente, imaginou Jimin com o mesmo corte de cabelo de quando se conheceram e para a sua surpresa, era exatamente assim que ele estava. Ele, de fato, havia cortado o último resquício do passado.

Jimin apenas o percebeu quando se virou de volta para a bancada, pegando os cogumelos previamente fatiados. Jeongguk parecia observar a realidade do que parecia irreal.

— Estou conversando com os meus pais — sussurrou, para que eles não o ouvissem e Jeongguk decidisse o que fazer.

Jeongguk respirou fundo e cruzou a bancada, olhando para eles fora do enquadramento da câmera do celular. Ainda se lembrava do rosto da mãe de Jimin, eles tinham os mesmos olhos e a semelhança entre eles plantou um sorriso em seus lábios. O pai estava ao lado, sorvendo chá em uma xícara que embaçava as lentes dos seus óculos, arqueando as sobrancelhas para a fala do filho.

— O quê?! — perguntou, olhando para a tela.

Jeongguk acenou em afirmativa para Jimin, que o introduziu sem jeito, fazendo o coração do namorado disparar sem desejar que as pernas seguissem o mesmo caminho. Jeongguk estava apavorado, mas ele sabia que precisava enfrentar aquela situação, agir como o homem que o tirou de casa e o levou para longe da família.

— Tem alguém aqui que quer falar com vocês. — E pegou Jeongguk pela mão, trazendo-o para perto, mostrando toda a sua timidez na forma como o seu corpo se encolheu. Inclinou o tronco para se apresentar, perdendo os sorrisos sinceros exibidos na tela.

— Ah, a primavera finalmente chegou — Jiyoon disse, apoiando o rosto em uma das mãos.

— Não, ainda faltam algumas semanas, não é? — Kwan completou o trocadilho com o novo nome de Jeongguk, olhando para o relógio imaginário em seu pulso.

— É um prazer conhecê-los, Sr. e Sr.ª Park, mesmo que não seja o melhor dos cenários. — Engoliu em seco, dando um passo à frente. — E gostaria de pedir mil desculpas por tudo o que aconteceu com o filho dos senhores, juro que se eu pudesse ter evitado...

— Isso já é passado, querido — Jiyoon o interrompeu, negando com a cabeça. — Sabemos que vocês tentaram se manter afastados pela segurança dele, mas o meu filho não é tão inocente assim. — E sorriu brincalhona com a reação de Jimin. — Ele sabia exatamente onde estava se metendo. Eu que sinto muito pela relação de vocês precisar seguir caminhos tão difíceis.

Kwan e Jiyoon não queriam jogar aquele fardo nos ombros de Jeongguk. O que aconteceu estava feito, não havia mais conserto, seria apenas uma rachadura naquela história, emendada com compreensão e apoio para seguirem em frente.

— A gente tenta evitar tanta coisa, caro Haru, mas não temos controle de absolutamente nada. — A voz grossa e firme de Kwan ecoou pelo alto falante, deixando Jeongguk em estado de alerta. — Se você pudesse controlar algo, não teria entrado nessa vida, não é?

— Com toda a certeza não, Sr. — Jeongguk negou veementemente com a cabeça e Jimin pegou em sua mão, apertando-a para conceder algum conforto.

— Aposto que teria virado artista — Kwan continuou, dando mais um gole em seu chá. — Natsu deixou um retrato que você fez aqui, dá para ver que você leva jeito.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now