27. Forever rain

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Byul-yi mal acreditava no que estava se sujeitando a fazer. Em todos esses anos servindo à Polícia, jamais achou que estaria numa fila de drive thru para alimentar o seu parceiro com larica.

Assim que pegou o primeiro saco de um dos vários pedidos, Yeonjun o atacou e seus olhos esbugalharam-se, tanto pelo susto, quanto pela audácia do moleque em agir daquela forma. Preferiu não falar nada, ele também não responderia, a boca estava cheia de batata-frita gordurosa.

Estacionou na rua arborizada, algumas folhas secas caíam no para-brisa junto à chuva fina que parecia não querer dar trégua naquela tarde ensolarada. Até tentou suspirar e apreciar o clima agradável, lembrar-se da infância e das cantigas de roda cantadas em momentos como aquele, mas a mastigação exagerada de Yeonjun era muito alta, assim como o sugar do canudo de papel, devorando o milk shake de morango.

— Poderei comer alguma coisa ou você vai explodir com tanto hambúrguer? — perguntou o olhando de soslaio; não queria ver o tamanho das mordidas do desvairado de fome.

— Deixa eu me saciar primeiro, se sobrar algum você pode comer.

— Vai se foder, moleque — Arrancou um dos sacos do colo alheio e passou a comer as batatas, olhando-o com uma carranca de dar medo. — Fiquei te esperando esse tempo todo, preocupada sem saber o que tinha acontecido e você estava lá, fumando maconha!

— Eu não tive escolha — gritou de volta, abocanhando mais um pedaço do hambúrguer de cheddar duplo. — Seria muito estranho se eu chegasse do nada, perguntasse pelo traficante e saísse logo em seguida.

Olhou-o com cara de nojo ao vê-lo falar de boca cheia, no entanto, também estava ansiosa pelas informações. — E você descobriu alguma coisa? Ou isso tudo só serviu para me extorquir combos do McDonald's?

Mas, antes que Yeonjun pudesse engolir o bolo alimentar em sua boca, o telefone de Byul-yi tocou. Os dois arregalaram as pálpebras e travaram ao olhar para o rádio que exibia o número já tão conhecido da delegacia, as bochechas estufadas cheias de comida.

— Você atende — Ela ditou.

— Até parece que eu vou falar com Kim Seokjin nesse estado em que me encontro — disse lentamente, tranquilo com a sua decisão, como se fosse óbvio que aquilo não era possível.

— Mas ele quer falar com você, não comigo — Aumentou o aperto nos braços cruzados, odiava falar com superiores, ainda mais pelo telefone.

— Então por que ele ligou pra você e não para mim? — Yeonjun não estava mais relaxado e se xingou mentalmente por ter se deixado levar pelos estudantes, preferia acreditar que realmente não obteve escolhas.

— Duvido que não tenha dezenas de ligações perdidas em seu celular — Byul-yi rosnou de volta e estapeou o braço de seu parceiro, que se encolheu no canto, colado à porta. — Atende logo, não foi eu quem estava investigando em campo, droga.

— Não vou atender! — ditou furiosamente, as sobrancelhas arqueadas fazendo rugas em sua testa. Mas foi ignorado. Byul-yi apertou o botão no rádio, encarando-o incisivamente. Tinha medo de falar com superiores, sim, mas pior era deixá-los esperando e não queria se estressar ao precisar inventar desculpas.

Agente Moon Byul-yi? — A voz do delegado ecoou pelo pequeno espaço do automóvel e os dois apressaram-se para fechar as janelas. — Alô?

— Sim, senhor — falou próximo ao rádio, curvando o tronco e direcionando as pontas dos dedos engordurados à boca.

Tem notícias do agente Choi? Liguei para ele, mas não me atendeu. Tive receio de atrapalhar as investigações.

Asian Scars × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora