28. Anchor up to me, love

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Abraços e beijos na biblioteca foram substituídos por uma densa tensão dentro da caminhonete. Jimin apertava sua bolsa carteiro no colo e olhava para Jeongguk enquanto as ruas passavam apressadas sem serem percebidas por si, mas que eram o maior foco do tatuado naquele momento. Não sabia se poderia olhar para Jimin sem conter o aperto na garganta, nunca foi a sua intenção colocá-lo em perigo e agora que o alvo flutuava sobre a cabeça dele... Era muito para lidar e Jeongguk mal conseguia pensar.

A janela aberta fazia seus olhos arderem pelo frio que tomava a noite, as mãos enrijecidas no volante. Estacionados a uma curta distância da casa de Jimin, os dois permaneceram calados. A iluminação precária do interior do automóvel aliviava a visão do confronto que Jeongguk sabia estar por vir, então fechou os olhos com toda a força quando escutou:

— O que foi aquilo?

— Isso é coisa do Flamingo — respondeu baixo, olhando de soslaio Jimin livrar-se do cinto de segurança para tentar encará-lo.

— Não vem com essa agora — Tocou o braço nu e frio de Jeongguk, o contraste da temperatura das peles ao se tocarem era agoniante. Jimin queria aquecê-lo. — Vocês não são pessoas diferentes, então se acontecer alguma coisa com o Flamingo, o Jeongguk também se machuca.

— Eu não estou preocupado comigo — Virou-se bruscamente com os olhos marejados, pegando Jimin de surpresa.

— Mas eu estou, porra! — esbravejou sem medir o tom da voz embargada. — Você disse que eu deveria saber onde estou me metendo, que eu deveria saber sobre as partes que queimam em você... Então se existe fogo ao seu redor, não me deixe no escuro.

Mesmo que não quisesse misturar as personas, que Jimin ficasse apenas com a parte bonita que pertencia a quem ele gostava de ser – o seu eu verdadeiro, puro e real –, quando as ações do Flamingo tornam-se escassas porque Jeongguk não quer mais habitar sua pele, a cobrança atinge ambos os lados e, assim, chega até Jimin, que aceitou sua outra metade. Jeongguk, um traficante de drogas que usa o codinome Flamingo.

— Jimin, eu vou fazer de tudo pra te proteger. Eu prometo — Suas palmas frias pousaram nas bochechas cheias de Jimin, encarando os olhos pequenos tão de perto, o calor da face alheia irradiando para o seu corpo.

— Mas eu também quero te manter seguro — Fechou os olhos enquanto dizia e abriu-os ao fim da frase, o escuro das íris brilhando em meio as lágrimas que não queriam cair.

— Você já faz isso. Você mantém a minha mente sã.

Jimin pegou nas mãos dele, apertando-as entre as suas e escorregando os dígitos pelos braços, tomou-o em um abraço apertado, tentando esquentar o corpo ainda frio. Jeongguk preencheu os vãos dos dedos com os fios escuros do cabelo de Jimin, agarrando-o como uma âncora salvando-o da deriva. Encheu os pulmões com o cheiro tão característico que emanava do pescoço dele, mas o ar saiu sôfrego, indicando seu choro escondido.

Você me mantém Jeongguk.

E encarou o mofo de seu apartamento como se o diálogo tivesse sido um sonho, mas a visão dos olhos marejados de Jimin era tão nítida em sua memória, o olhar direcionado a si ao que batia a porta de sua caminhonete e entrava dentro da própria casa fazia crescer em Jeongguk uma vontade de apagar tais sentimentos em Jimin. Não dava para esquecer a tarde do dia anterior, Jay realmente havia aparecido e causado o velho temor que somente a sua presença era capaz.

Deitado em sua cama, não soube dizer quando caiu no sono, a mente trabalhando incessantemente em busca de respostas não o deixou pregar os olhos por boas horas. Não dormiu o quanto gostaria, ou quanto deveria.

— Não me deixe no escuro — Jeongguk sussurrou para si mesmo, encarando a luz fraca que atravessava o papel pardo das janelas, sem conseguir enxergar qualquer traço de recomeço naquela manhã. Havia apenas uma continuação agoniante dos dias que não pareciam ter fim.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now