12. Sugar Honey Ice Tea

1.5K 241 67
                                    

#CodinomeFlamingo

Ainda era muito cedo e em meio a casa silenciosa, Jiyoon abria os olhos e a primeira coisa que via era Kwan ressonar, mergulhado em seu sono profundo. Sempre foi assim: Ele dormia de lado, a bochecha era amassada e os lábios se entreabriam devido a mão que não largava a lateral do rosto.

Sentiu falta desse pequeno ritual quando Jimin ainda era um recém-nascido que a fazia saltar da cama de forma tão repentina, mas quando o bebê se tornou uma criança de sono regulado, lá estava Kwan, na mesma pose, bem ao seu lado. O tempo passou e apenas o que mudou foi a textura da pele, ganhando algumas rugas a cada aniversário do filho.

Ela saiu do quarto, fechando a porta com cuidado para não o acordar e se dirigiu a cozinha para preparar o café da manhã, batendo na madeira polida o solado das pantufas felpudas que calçava.

Gostava da praticidade que a tecnologia oferecia aos utensílios de cozinha, mas Kwan preferia o sabor do café passado em um simples coador de pano e ela não ousaria contestar. Vai ver o amor era isso: ceder aos pequenos caprichos que o outro tanto fazia questão.

Ao se aproximar da pia, logo notou que Jimin chegou em casa com fome, pois a tigela de cerâmica fora deixada ali sem ser lavada. Quando pensou em reclamar mentalmente do descuido do filho, notou as duas canecas com um sachê de chá em cada uma, em cima da mesa, juntamente com os anéis tão familiares. Estreitou os olhos e moveu os pés em direção a área próxima ao batente da porta da sala, notando um calçado diferente dos que conhecia. Pensou em Taehyung, mas sabia que os sapatos do menino costumavam ser maiores que aqueles.

Jimin não era de trazer pessoas para a sua casa. Seja quem quer que fosse, Jiyoon sabia que não era qualquer um, afinal, tomar chá de camomila durante a madrugada não parecia ser algo ruim. Olhou escada acima com uma certa curiosidade em saber quem estava ali com o seu filho, mas voltou para a cozinha coçando o queixo de tão pensativa.

E no segundo andar, do outro lado da porta, os lençóis finos continuavam com a sua dança incessante, que perdurou a noite inteira. O vento artificial do ventilador também fazia as cortinas abrirem uma pequena fresta, mas os feixes de luz que adentravam o quarto não eram capazes de acordá-los, apenas davam passagem para que as partículas de poeira se fizessem presentes naquele cenário.

O nariz de Jimin estava afundado na cabeleira descolorida de Jeongguk e mesmo assim, conseguiu perceber as notas do aroma de café forte e recém passado que vinha do andar de baixo. Seus olhos se arregalaram em alerta, pois a mente, que antes estava despreocupada em meio ao sono, começou a trabalhar em busca de uma possível fuga. O diálogo com os seus pais durante o jantar preguiçoso enquanto assistiam ao jornal, martelou em sua cabeça como um disco arranhado, tentando o prevenir do que estava por vir.

Passou a ponta dos dedos nas costas do mais novo, ainda completamente aninhado ao seu corpo, e mesmo que a camiseta cobrisse o que ele já sabia existir por detrás do tecido, não achava que Jeongguk fosse merecedor de qualquer comentário maldoso que seu pai fosse fazer.

Mas seus pensamentos foram dispersados quando o sentiu se afundar ainda mais em seu peito, enfim despertando e apertando o seu corpo entre os braços. Jimin já não poderia deixar de proferir aquele nome que tanto o aquecia por dentro e, com a voz sorridente, disse as primeiras palavras da manhã: — Bom dia, Jeongguk.

E como resposta, o rosto inchado inclinou a cabeça para melhor o observar. O tatuado parecia tão mais leve e tal fato não era mera impressão, fazia tempo que não dormia tão pesado e de certa forma, se sentia seguro. Mas preferia pensar que o colchão confortável do moreno era o único responsável pelo sono tranquilo e sem qualquer interrupção.

Asian Scars × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora