22. Aquarelas escuras

1.3K 186 70
                                    

A medida que o sol se erguia no céu da Ásia, o único cômodo assumia tons amarelados devido ao papel pardo na janela. Mesmo que lá fora a temperatura fosse mais amena, ali dentro sempre era quente. Os corpos deitados no chão eram refrescados pelo ventilador velho que girava, quando os primeiros raios solares clarearam a escuridão, Jimin se virou para o outro lado e pela primeira vez não pensou duas vezes antes de se aninhar ao peito de quem estava ali. Sabia muito quem ele era, seu nome e sobrenome, sonhos e vontades, sabor de pizza preferido.

Achou estar sonhando quando o alarme do celular tocou e por isso deixou que ele se desligasse sozinho, voltando ao mundo dos sonhos com o cheiro de Jeongguk o fazendo companhia. Se quisesse, era só abrir os olhos para viver seu sonho no mundo real, mas Jimin estava com muita preguiça naquele momento.

Jeongguk acabou acordando, tanto pelo barulho, quanto pelo abraço apertado que recebeu de repente. Abriu as pálpebras lentamente, como se checasse a veracidade dos acontecimentos da noite anterior, o coração até batendo mais acelerado ao sentir o cheiro do cabelo de Jimin ali, tão perto. Esticou a mão em frente ao rosto para olhar mais uma vez para aquele anel, tão dele e agora todo seu, se permitindo sorrir ao sentir a respiração calma bater em sua pele. Passou a mão decorada pelas costas do mais velho, sentindo a palma ondular pelas curvas do corpo até encontrar o lençol e constatar que ainda estavam nus.

O celular tocou novamente, interrompendo seus devaneios matutinos, mas ganhando um abraço mais apertado e ouvindo murmúrios incompreensíveis. Jeongguk desligou o alarme, beijou a testa e roçou o nariz carinhosamente ali, sentindo o cheirinho gostoso que só Jimin tinha.

— Neném, tem algo de importante na faculdade hoje? — A voz era grossa e um tanto arrastada. Torcia para que não, queria ficar mais tempo com ele ali daquele jeitinho.

— Só uma prova. — Respondeu preguiçoso e logo sentindo a falta do calor de Jeongguk, que se levantou em um único movimento, assustado.

— Em qual horário?

— O primeiro. — Se virou de costas e tentou se espreguiçar, mas logo sentiu as consequências da noite agitada e acabou choramingando sem qualquer arrependimento ao se lembrar de como Jeongguk realmente o fez gemer sem piedade.

Logo as lembranças o levaram em direção à forma como acordaram no meio da madrugada apenas para fazerem amor de novo, sem qualquer palavra dita, pois sabiam que o desejo dominava suas ações. Jeongguk gemendo baixinho em seu ouvido enquanto fodiam de lado era música para os seus ouvidos. Estavam tão cansados que pegaram no sono naquela mesma posição e foi tão bom que Jimin começava a duvidar se seria capaz de conseguir dormir sem o tatuado tão colado a si.

— Então levanta, vai tomar um banho, a gente tem que passar em algum lugar pra você comer ainda. — Jeongguk perambulava agitado pelo apartamento à procura de suas roupas, mas Jimin só rolava pelo chão sem qualquer vontade de viver longe dali.

Mas quando a hora começou a passar rápido demais, ele se levantou para finalmente ir ao banheiro. E aquela sensação de que não queria ir embora aquecia o seu peito, tanto que apreciava cada pequena ação sua naquele apartamento, querendo gravar até mesmo como a água do chuveiro caía em sua pele, o cheiro das toalhas e o seu reflexo no espelho acompanhado de Jeongguk ao escovarem os dentes. Cada cantinho ali tinha um pedaço do tatuado e ele queria guardar cada um deles.

Saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura, viu suas roupas dobradas na cama e arqueou as sobrancelhas para o mais novo, já pronto para sair e colocando comida para Nanquim: — Se acalma, homem.

— Eu não quero ser uma má influência. — Deu de ombros exibindo uma falsa postura relaxada, o que fez Jimin gargalhar com tal ideia, mesmo que ele falasse muito sério.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now