45. Eu acredito em nós

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#CodinomeFlamingo

Olhando pelo retrovisor, Byul-yi ajeitava o cabelo e reposicionava a câmera escondida em seu broche dourado no casaco de lã preta enquanto Yeonjun a observava entediado, sorvendo o café já pela metade. A manhã parecia se estender dentro daquele carro, o que não combinava com a agitação da rua vista através dos vidros escuros.

— Por que tanta preocupação com a aparência de repente?

Byul-yi o olhou incrédula, como se fosse óbvio demais e a cafeína tivesse o efeito contrário, deixando-o mais lento.

— Qual a lógica de entrar em uma loja de cosméticos e parecer que eu não dou mínima para os produtos que vendem ali?

— Tem razão... — Yeonjun assentiu, checando o próprio visual e dobrando a gola da camisa com mais cuidado para esconder o microfone de longo alcance. — E se algum vendedor te perguntar o que deseja? O que vai responder?

— Não faço a menor ideia, na hora eu me viro.

Saíram do carro e as botas de cano longo de Byul-yi estalavam no asfalto, a pistola escondida não a incomodava. Até se sentia um pouco estranha em seus dias de folga, como se andar sem o metal gelado sendo esquentado pela própria pele fosse incomum, como se lhe faltasse algum acessório.

Assim que entraram na loja e sentiram a mistura de aromas dos inúmeros cosméticos formando um único e inconfundível perfume, os dois entraram em seus personagens de clientes e começaram a andar pelos corredores. Havia poucas pessoas fazendo compras, mas as cestinhas de plástico estavam cheias de cremes para cabelo.

Yeonjun não conseguia relaxar e parecia uma sombra ao lado de Byul-ly, que tentava não mostrar desconforto em sentir o colega tão próximo.

— Você pensou no que dizer se alguma vendedora te oferecer ajuda? — perguntou, com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Direi que eu estou acompanhando a minha belíssima namorada, é claro. — Sorriu, colocando a mão gentilmente sobre o ombro da parceira. — Deixa eu carregar a sua bolsa para melhorar o disfarce — sussurrou, a centímetros de distância do ouvido de Byul-ly.

Sua reação imediata foi dar uma cotovelada em Yeonjun, o qual engoliu um gemido para não chamar atenção.

— Não preciso que ninguém carregue nada para mim. — Empinou o nariz e saiu andando para o outro lado da loja, tentando controlar as batidas aceleradas do coração que ela tinha certeza que eram por causa do nervosismo da vigilância discreta.

Yeonjun não se importou, tentava olhar para o fundo das prateleiras à procura de algo estranho. Chegou mais perto de Byul-ly novamente só para confirmar as suas paranoias.

— Será que eles esconderiam alguma coisa atrás das prateleiras?

— Acho que não. Pelas informações que temos, se aqui tiver algo comprometedor, está atrás daquele balcão — Byul-yi respondeu, olhando fixamente para os esmaltes a sua frente.

Yeonjun ouviu e demorou alguns longos segundos para virar o pescoço em direção ao balcão, olhando como se procurasse algo na direção contrária e ele fosse apenas um obstáculo no caminho.

— Precisamos chegar até lá. Agora. — O investigador mostrou certa urgência em sua fala ao ver um jovem em frente ao balcão, deixando escapar os desenhos de sua tatuagem nas costas pela gola do casaco que vestia.

Byul-yi pegou um esmalte preto e outro cinza escuro, um pote de removedor, algodão e palitos de laranjeira, gestos firmes e automáticos como se já soubesse o que queria e conhecesse a loja. Seguiu andando despreocupada em direção aos dois, aparentemente alheios em uma conversa importante. Parou a alguns passos, tentando manter o corpo virado para o lado enquanto fingia se distrair com os acessórios de cabelo que por ali existiam e esperar para ser a próxima cliente a ser atendida. Por sorte, as prateleiras perto do caixa eram mais baixas e não cobriam a captação da câmera.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now