16. Codinome interestelar

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#CodinomeFlamingo

Não era a primeira vez que Jimin saía de algum show da sua banda preferida. A sensação de torpor ainda era inexplicável, não sabia o que fazer com a realidade que batia a porta quando as luzes se acendiam e as pessoas começavam a ir embora. A vontade de ficar mais era inevitável, no entanto, Jimin sentia que havia algo a mais naquela noite.

Jeongguk dirigia calmamente pelas ruas vazias, sentindo o ar gelado da recente madrugada bagunçar os fios descoloridos do seu cabelo. Jimin assistia as luzes da cidade passarem rapidamente, desfocando-se da realidade de saber que não queria se afastar de Jeongguk. Se pudesse, faria daquela noite a sua eternidade particular.

Quando a caminhonete parou em frente à sua casa, Jimin ouviu Jeongguk desafivelar o cinto e virar-se em sua direção. Antes de conseguir corresponder o olhar, perdeu-se por meio segundo nos próprios anéis das mãos espalmadas na coxa, como se precisasse se preparar e aquietar o coração, pois algumas certezas começaram a vir à tona e ele não sabia o que fazer com elas.

Ali, naquele pequeno espaço que dividiam, existiam dois amadores que nunca antes sentiram algo tão intenso. Tinham medo do amor por motivos diferentes – mas que se complementavam – e foi a partir deles que se aproximaram desatentos. Jimin, finalmente, havia encontrado o amor fora dos livros, mesmo que ainda precisasse de mais tempo para perceber. E Jeongguk, sentia que podia se abrir sem medo de qualquer julgamento e mostrar todos os motivos das suas cicatrizes.

— Essa, com toda a certeza, foi a melhor noite da minha vida — Jeongguk disse, com um sorriso superando qualquer ideia do que Jimin conhecia de felicidade. — É como se agora eu pudesse morrer em paz.

— Mas ainda temos o dia seguinte... — Jimin respondeu, quase sem ar.

— E o que vai acontecer amanhã? — Jeongguk aproximou-se, acariciando o nariz dele com o seu, como se reivindicasse por alguma certeza.

— Eu prefiro pensar no que ainda pode acontecer essa noite. — Fugiu do assunto, tomando a iniciativa de começar um beijo, mesmo que sentisse medo do que pudesse acontecer a partir daquilo.

Entreolharam-se como se flutuassem na superfície do oceano, sem saber se afundavam juntos em um mergulho pacífico, ou se um se afogava e o outro partia. Mas a coragem de arriscar que vinha de Jeongguk e a de não fugir de Jimin, fizeram com que as bocas se encontrassem afoitas e a mão firme de Jeongguk em sua nuca começasse a esgotar o pouco ar restante em seus pulmões.

— Eu não quero que essa noite acabe — Jeongguk sussurrou, e Jimin parecia se desmanchar com as confissões fáceis que lhe escapavam da boca. — Mas a partir do momento que você entrar por aquela porta, tudo irá evaporar, como se eu estivesse em um conto de fadas.

— Então entra comigo. — Grudou as palmas no rosto de Jeongguk e uniu as testas, fazendo-o rir soprado e balançar a cabeça negativamente, mas Jimin falava sério, não conseguiria aceitar um não como resposta. Passava o nariz pela bochecha dele e capturava seus lábios em uma provocação, arranhando a nuca enquanto seus beijos tentavam convencê-lo. — Fica comigo até que a noite realmente termine.

— Seus pais estão em casa... — Mal conseguiu terminar a frase, pois seu corpo arrepiava-se com os beijos de Jimin em seu pescoço e a sua voz era só um suspiro, confuso com o jeito que se sentia forte na companhia do outro, mas ao mesmo tempo tão fraco.

— É só gritar baixinho no meu ouvido — disse, com a mão forte segurando os fios rosados de Jeongguk e logo ouvindo-o gemer seu nome de um jeito que precisou descontar o prazer sentido pela voz perdida, mordendo o lóbulo de sua orelha e logo em seguida, sussurrando: — Mais baixo do que isso, bebê.

Asian Scars × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora