46. O veneno da serpente

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#CodinomeFlamingo

A imagem da serpente pichada na parede da sala de Baekhyun estava exposta no quadro de cortiça, presa ao lado do retrato feito por Jeongguk. Assim como as costas do suposto traficante com a sua tatuagem escapando da gola do casaco, seu nome estava escrito de caneta vermelha em letras garrafais. S O L O. A imagem do atendente da loja também estava ali, capturado pela câmera no broche de Byu-ly.

Já era tarde da noite e o delegado Kim reunia as principais pistas encontradas até então. As respostas que Jeongguk havia dado não sanaram suas dúvidas, muita coisa mudou desde que fora preso. Não sabia quem era Solo, muito menos o novo atendente da Persona. Agradecia mentalmente por Wheein estar em campo, pois não conseguiria ceder aos seus pedidos para ir para casa e tentar dormir, era como se ela pedisse que Seokjin fosse de encontro aos seus principais demônios.

Sentia-se pressionado a cada segundo que se passava, como se as suas ações fossem salvar todo um país do tráfico de drogas. Porém, sabia que enquanto tentava apagar dois grandes incêndios, uma nova chama, pequena e ainda invisível, formava-se em algum canto da cidade que estava fora do seu radar e tudo tornava-se insignificante.

Yoseb apareceu na sala, surpreendendo-o. Não era o único a estar na Estação Policial naquele horário.

— Não consegui rastrear o símbolo da serpente, delegado. — Colocou as mãos na cintura e balançou a cabeça, desapontado. — Ao menos não é uma gangue que se utiliza da tatuagem como marca registrada. Em nossos dados, não foram encontrados nada parecido.

— Certo... — Seokjin suspirou, nada surpreso. As coisas não seriam tão fáceis assim. — O jeito é esperar que a operação de hoje traga algum resultado.

— Alguma atualização sobre as empresas que usam o porto de Jeju? — Yoseb perguntou, curioso, sentando-se em uma cadeira ao lado.

— Joong-ki suspeita de uma loja chamada Porto Utilidades, a qual foi inaugurada em 2004. O endereço que consta no CNPJ já foi averiguado e não passa de um galpão vazio no meio do nada.

— Pode ter sido uma falta de atualização do cadastro. — Yoseb deu de ombros. — São quase vinte anos de atividade.

— Sim, mas o volume e a constância de cargas não possuem um padrão. Algo que se espera de um comércio ativo há tanto tempo. As autoridades portuárias alegaram que uma carga de sapatos chega hoje, Wheein e Joong-ki estão à espera.

— Em um momento são sapatos, em outro, quadros emoldurados. — Yoseb refletiu em voz alta, olhando por alto os papéis sobre a mesa. — Ou é uma loja que realmente cumpre com a promessa de vender tudo o que um turista possa precisar enquanto passa as férias na ilha, ou vende tudo que possa esconder drogas.

Seokjin assentiu e sorriu, dando brecha para que Yoseb ficasse por mais tempo, mas ele tinha outros planos. Quando se viu sozinho com a janela à sua frente emoldurando a noite da capital, deixou que os seus músculos repousassem na cadeira e não percebeu quando os seus olhos e o céu escuro refletiram a mesma imagem. Acordou horas depois com uma ligação de Wheein. O coração pulsou forte e a janela continuava sem incidir luz alguma sobre aquela sala.

— Descobrimos de onde vem a serpente.

(...)

A brisa marinha envolvia os fios brancos de Wheein, fazendo cócegas em suas bochechas avermelhadas pelo frio da noite. Envolveu a cabeça com o capuz do seu casaco e puxou o cordão de ajuste, apertando-o abaixo do queixo. Joong-ki desviou o olhar do binóculo e riu, voltando a sua observação atenta da pequena área de contêineres do porto de Jeju.

Asian Scars × jikookDove le storie prendono vita. Scoprilo ora