34. Bênção ou desgraça

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Lee Hyun não conseguia encarar Seokjin.

Estava de cabeça baixa, olhando os pulsos algemados como se não acreditasse. Suas bochechas estavam vermelhas, assim como os olhos, lágrimas eram impedidas de descerem pelo rosto, pois estavam presas em um nó na garganta.

— Olhe para o seu delegado — Seokjin pediu, encarando-o furiosamente, os olhos eram tão duros que mal piscavam. — Olhe para o seu delegado! — repetiu, pausadamente, elevando o tom de voz, apreciando o peso das palavras na língua, fazendo o réu esconder o rosto nas palmas das mãos tamanha a vergonha que sentia. — Você nem consegue manter a pose das interceptações telefônicas. Pelo o que eu li, você não parecia tão arrependido. — Hyun apertou as pálpebras, incapaz de dizer qualquer coisa. — É fácil quando tá caindo grana na tua conta, né? Ou melhor, colocado diretamente na tua mão porque é dinheiro sujo.

Hyun tentava controlar a respiração e engolir o nó na garganta, precisava dizer alguma coisa que ajudasse a polícia. Conhecia as lei, sabia que a sua pena poderia ser reduzida se delatasse o que sabia, só não achava que era o suficiente.

— Já solicitou um advogado? — Seokjin voltou a falar. — Ou está esperando por Jung Sunho? Você é burro nesse nível?

— E-eu não consegui falar com a minha família — pigarreou, tentando se recompor. Não queria mostrar fragilidade, mas era como se sentia. Estava completamente sem rumo, mal acreditando no fim da sua carreira policial.

— Está envergonhado? — perguntou, debochado, elevando uma das sobrancelhas antes de revirar os olhos. — Eu também estaria. — E Seokjin não estava disposto a facilitar as coisas para ele.

— Eu vou delatar tudo o que eu sei, eu posso entregar todos os envolvidos.

— Alguns policiais envolvidos já se entregaram, prometeram colaborar e terão as penas reduzidas — interrompeu-o, blefando. É claro que ia querer o nome de cada um dos policiais corruptos envolvidos, mas não era isso que ele queria tirar de Hyun agora. — Jung Sunho já está foragido porque o maldito tem mesmo informações privilegiadas. Então, a menos que você me diga onde ele está e quem é o chefe do tráfico, não sei se existe outra informação que eu não saiba.

— Eu não sei quem ele é e eu só falava o necessário com o Jung.

Seokjin o encarava, analisando suas feições até que Hyun não conseguisse sustentar o olhar. O pior de tudo era saber que ele não estava mentindo, pois não aparentava ter medo como todos os outros traficantes anteriormente interrogados. Byun Baekhyun ainda era só uma informação vazia, um homem sem nome e rosto.

— Como você não sabe? — perguntou, e achou melhor reformular a pergunta, aproveitando-se do desespero alheio. — Como ele se escondia tão bem de quem o ajudava?

— A única coisa que eu sei é que todos os traficantes aliados a ele possuem um beta tatuado no pulso, mas disso você também já sabe. — Respirou fundo, tentando organizar as lembranças. — Tiveram algumas vezes em que parei ele em blitz, mas ele sempre estava de máscara facial e boné, eu nunca vi o rosto dele.

— E nessas blitz eles estavam com carga de entorpecentes?

— Sim.

— Como eles conseguiam trazer as drogas até o país?

— Pelo porto de Busan. Um funcionário que fiscalizava as cargas internacionais deixava passar os pacotes de cristais de metanfetamina misturados ao gelo que envolvia os peixes.

— E você os deixava passar pela rodovia — afirmou, vendo Hyun acenar com a cabeça e voltar a olhar para baixo. — Alguém mais estava com eles? Duvido que eram os dois que enfiavam a mão no gelo.

Asian Scars × jikookWhere stories live. Discover now