Aiyra e Letícia tiveram sorte, quando voltaram para a sala de aula a professora não estava. Elas sentaram-se mais ao fundo e ficaram debatendo sobre o ocorrido, Aiyra não mencionou nada sobre as risadinhas e o vulto que viu e Letícia concluiu ser algum problema grave no encanamento, mas de qualquer maneira decidiram não comentar que estiveram ali. Conseguiram ver movimento no corredor, uma correria de funcionários e alguns alunos espiaram pra ver o que estava acontecendo. A professora voltou pra sala de aula balançando os pés molhados, era uma mulher de uns cinquenta e tantos anos e não estava nada feliz por estragar os sapatos.
Aiyra estava pensativa, Letícia discursava sobre a matéria de física e como a professora era péssima. Mas Aiyra pensava em tudo que estava acontecendo, os pesadelos tinham voltado, as coisas esquisitas que iam acontecendo... Tudo poderia estar conectado, a esquizofrenia poderia voltar, as vozes também, Deus as vozes não. Principalmente "ela".
– E o que você acha? – Perguntou Letícia sorrindo e ajeitando os óculos.
– Desculpa eu não ouvi.
– Não precisa se preocupar com o banheiro, eles logo arrumam.
Aiyra assentiu e tentou não se preocupar tanto, afinal tinha feito uma possível amizade e queria aproveitar o momento.
A professora era mesmo péssima, parecia entender muito sobre física, mas definitivamente não sabia explicar, praticamente passava exercícios na lousa, resolvia alguns por conta própria mostrando como se faz e depois mandava a sala resolver o resto. Reclamava que todos eram incompetentes e dava notas baixas. Aiyra conseguiu resolver três de sete, e com certeza foi uma das melhores da classe, saiu da sala com sua folha marcando uma nota três, Letícia explicou que a professora Vanusa sempre arredondava pra baixo.
Tiveram aula de geografia e Aiyra teve problemas, colocou o caderno em cima da mesa e foi procurar seu estojo sumido. Olhou em toda a mochila e nada, depois viu o estojo na mesa do professor pediu desculpas e pegou de volta sem saber como ele foi parar ali. Quando voltou pro seu lugar seu caderno havia desaparecido.
– Não sei. – Disse Letícia que estava na mesa a frente dela. – Estava aí quando eu vi.
– Ei, de quem é esse caderno? – Perguntou um garoto de pele morena e bem alto que estava cercado de amigos. Aiyra suspirou ao ver que era o seu, caminhou pela sala sentindo todos os olhares, viu que o caderno estava aberto em um dos desenhos que replicavam seus pesadelos, olhos sinistros na nevoa e bebês atirados no mar enquanto mulheres ardiam em fogueiras. Ela pegou o caderno. – Bonitos desenhos, doida.
Os amigos dele riram e algumas meninas a encararam. Ela voltou cabisbaixa até seu lugar.
– O que está havendo? – Perguntou Letícia. – Você, sempre.... Sempre acontecem coisas assim com você?
– Algumas. – Elas ouviram as risadas dos meninos, o professor pediu silêncio e começou a passar matéria na lousa. – Eu só queria me enturmar no primeiro dia de aula, mas parece que não estou me saindo bem.
– É, definitivamente não.
As duas começaram a copiar a lição da lousa.
– Quem são esses garotos?
– Jonathan, tem o Edu, Breno, Rocha. A maioria dali é do time de futebol do primeiro ano.
– A escola tem time de futebol? Isso é muito legal.
– Você não viu nada, temos natação, vôlei, Basquete, Jiu-jitsu, e atualmente fizeram um baixo assinado para ter taco.
– Comida mexicana?
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Sangue Antigo
FantasyAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...