Amiga Nossa Parte 11

342 86 17
                                    


Tio Valter na cozinha soltou um palavrão e Cauê com Lucas riram. O tio com a cara enfiada na geladeira saiu de lá tampando o nariz. Não demorou pro cheiro horrível tomar conta da cozinha, os meninos cobriram os narizes com a camiseta e tia Erica fez uma careta. Aiyra e Ana que já estavam prontas para o colégio torceram o nariz ao chegarem na cozinha.

– Caramba pai que cheiro é esse?

– A geladeira. Tudo podre. – Ele bateu a porta e viu o fio fora da tomada. – Quem tirou da tomada?

Uma poça de agua fétida se espalhava por de baixo da geladeira.

– Mesmo assim. – Disse Tia Érica. – Uma noite não seria possível a comida estragar a esse ponto.

– Muito bem, só quero saber. – Resmungou Roberto chegando na cozinha e mostrando algumas gravatas todas trançadas e torcidas. – Quem foi o engraçadinho?

– Alguém viu meus sapatos? – Perguntou Maiara descalça. – Só consigo achar um pé de cada. Não posso ir trabalhar assim.

Todos começaram a discutir, o caderno de alguns estava só a capa sem folha alguma, outros tinham perdido todas as cuecas. Ninguém estava entendendo o que acontecia ali. E no meio da confusão tio Valter deixou escapar que as coisas pioraram quando recebeu a família do irmão na casa. Ele parecia ter se arrependido na mesma hora, mas Roberto ficou furioso, os dois discutiram, palavras foram tacadas na cara um do outro, colocaram mãe e pai no meio, as crianças permaneceram caladas, mas mesmo assim sobraram pra elas, as confusões que faziam, isso e aquilo, como a casa estava bagunçada, o barulho, ninguém podia descansar. No fim as mulheres conseguiram acalmar os ânimos dos maridos, e todos esqueceram os problemas e prosseguiram com o dia. Roberto levou as crianças para a escola, ainda estava bravo, não houve beijinho de despedida nem nada. Mas no fim os meninos saíram correndo por entre os outros alunos e Ana com Aiyra riram da confusão, meio assustadas, mas riram. Aiyra um pouco mais nervosa que a prima.

As aulas transcorriam sem maiores acidentes. Teve apenas uma cadeira que se quebrou com o peso de um dos garotos, todos riram e ele envergonhado chutou longe o monte de ferro para reafirmar sua masculinidade. Luan não apareceu, e provavelmente nem iria voltar a estudar tão cedo. Aiyra ficou com Natasha a maioria do tempo, conversavam e Natasha animadíssima comentava como a festa estava ficando, mas Aiyra hesitava, como poderia ir à festa com o azar que ainda a perseguia? Quando hesitou mais uma vez Natasha parou de escrever no caderno e encarou a garota, Aiyra fingia não perceber o olhar, continuando seu texto.

– Você vai não é? – Perguntou Natasha preocupada.

– O que?

– Na minha festa Aiyra, você vai sim.

– Eu tô meio enrolada com tudo do incêndio eu não sei.

Por mais que Natasha estivesse irritada ou tivesse alguma ponderação a fazer ela sempre esperava a outra pessoa terminar de falar pra poder dizer o que queria.

– Mas você tem que ir, eu sei que ainda não somos muito amigas, nem nos conhecemos direito mas... Eu queria muito que você fosse, por favor. Eu vou te dar muita atenção, não vou te deixar sozinha no meio dos desconhecidos e Ana vai também. Por favor.

– Eu vou tentar.

– Não, você vai. – Disse Natasha rindo.

– Ok, eu vou.

Natasha sorriu mostrando os dentes perfeitos, as linhas do riso e abrilhantando os olhões enormes e castanhos que combinavam com os cabelos.

No intervalo, Natasha teve assuntos do grêmio pra tratar assim como Ana que também fazia parte da chapa vencedora. Aiyra ficou sozinha, tentou falar com Leticia que foi bem seca e mal respondia às perguntas, Aiyra insistiu um pouco e Leticia acabou dizendo:

Sangue AntigoOnde histórias criam vida. Descubra agora