Na diretoria Rebeca não fez questão de dizer nada sobre os tênis, aliás, não fez questão de dizer coisa alguma. Aiyra encolhida se remexia na camiseta nova que ganhara da escola, e quando chegou sua vez de se explicar engasgou, olhou bem para Rebeca que a encarava de olhos vazios. O que poderia dizer, contar sobre os tênis? Coelhos? Ela suspirou e quando abriu a boca Ana e Natasha invadiram o escritório, logo atrás delas Lucas e Cauê surgiram, Ariel e Luan também estavam na porta, as vozes se atropelaram, os sons confusos e misturados irritaram a diretora que pediu silêncio.
— O que está havendo aqui?
Natasha encarou Rebeca depois olhou para Aiyra e estufou o peito.
— Diretora eu gostaria de fazer uma denúncia.
Natasha contou da perseguição que sofriam por parte de Rebeca, dos duchões que levaram na privada, as colagens rasgadas e até mesmo chorou no fim sendo consolada por Aiyra e Ana, a diretora ficou horrorizada e perguntou se tudo aquilo era verdade olhando bem para Rebeca, a menina apenas abriu um sorriso. E foi seu fim.
Aiyra andava no corredor sentindo que todos a encaravam, esperava um ataque vir do nada quando percebeu que ele não viria, elas haviam confrontado Rebeca e ela tinha sido expulsa. Cauê sorria atoa ao lado da irmã enquanto o pessoal conversava.
— Que foi? — Perguntou Aiyra baixinho só pro irmão ouvir.
— É bom te resgatar da diretoria, só pra variar sabe?
Ela sorriu e segurou a mão de Cauê.
— Vocês conseguiram. Venceram a Rebeca.
Aiyra olhou pra frente, observando as salas cheias de alunos, o corredor comprido.
— É, vencemos né?
Quando voltaram pra sala de aula as pessoas cochicharam olhando Aiyra, no começo a menina pensou se tratar de alguma nova perseguição, mas ela conseguiu perceber no olhar deles que não era isso, olhavam Aiyra, Luan e Natasha de uma forma diferente, surpresos, impressionados.
A história da expulsão de Rebeca começou a se espalhar naquele mesmo dia. E quando Aiyra estava andando com seus amigos rumo a última aula, algumas pessoas no corredor lotado sorriram para Aiyra, garotas, e uma até disse um "obrigado", bem baixinho e aliviado.
— O que tá acontecendo? — Perguntou Aiyra e Natasha fez que não sabia.
— Acho que estão te agradecendo. — Comentou Luan.
— Mas...
— Rebeca, Aiyra. — Disse Natasha. — Não entendeu? Não era só a gente que ela perseguia.
Mais uma menina passou por Aiyra e agradeceu com olhos cheios de admiração.
— Parece que alguém ganhou fãs. — Disse Luan e Aiyra ficou sem graça. — Vocês merecem, tiveram coragem, enfrentaram seus medos.
Aiyra olhou Luan apontando pra ele como se o acusasse.
— Olha aí, viu? Foi o que me disseram no barracão Nati. Ele tava lá eu sabia.
Luan sorriu.
— Não sei de nada.
Eles entraram na sala e Aiyra ainda acusava o rapaz quando alguém chamou seu nome, Amanda estava sentada em cima duma carteira enquanto Jonathan descrevia uma cena.
— Olha ela aí, chega mais.
Aiyra olhou os amigos e eles se aproximaram.
— Meu trio favorito. — Disse Amanda. — Vocês duas são loucas.
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Sangue Antigo
FantasyAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...