Coelhos, Clubes e Um Tênis Utopia Dixe - Parte 23

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— Quanto tempo pra fazer efeito? — Perguntou Ariel bocejando.

— Já era pra ter feito. — Comentou Dimas olhando Florbela. — Não era Flor?

— Bom, sim, mas também precisa de um gatilho, não é algo apenas químico, acredito que um toquezinho psicológico possa despertar Insônia. Mas nesse clima romântico e calmo acho que...

— Você também Ariel, por que não disse que ela estava num encontro?

— Ué vocês me disseram...

— Se insônia despertar ela pode se encrencar. — Comentou Florbela. — Fora que arruinaria o encontro.

— Ela disse que não se importava mesmo, eu perguntei, não sou tão desmiolada assim.

Dimas bufou mais um pouco e pediu outro suco para a garçonete. Eles estavam numa lanchonete no centro, perto da loja labirinto. Ariel quis batatas fritas com muito queijo, bacon e Ketchup, Flor bebia uma chá gelado e sorria ao ver como a pequena cria d'água devorava a comida, espetando as batatinhas com um palito em cada mão. Eles estavam distraídos falando sobre Luan e como recuperar o muiraquitã quando um gato surgiu andando pela calçada.

— Olha o Léo. — Apontou Ariel com o palito.

O gato foi até eles nas mesas que ficavam fora da lanchonete. Florbela era a que melhor entendia Léo na forma de gato, ela pegou o garoto no colo e encostou a orelha perto do focinho do animal. Algumas pessoas que passavam na calçada encararam a menina e, Dimas meio constrangido, começou a beber o resto do suco. O gato pulou do colo de Flor e sumiu virando a rua.

— Ele foi pegar as roupas. — Disse Florbela se levantando. — Eles saíram da loja, estão indo pro restaurante. Acho que vamos ter que dar uma ajudinha.

— É. — Disse Dimas pedindo a conta pra garçonete. — Agora que Ariel já usou o pó nela é questão de tempo, melhor que seja nós a despertar Insônia, mas a gente precisa se livrar do garoto, se um ami perceber que...

— Ele não é. — Disse Ariel com a boca cheia de batatas.

— O quê?

— Ami, ele não é. Tem sangue antigo.

Dimas e Florbela se olharam. Léo apareceu sorrindo, os cabelos ruivos despenteados, tentando ver o que tinha de bom pra comer.

— E aí? Perdi alguma coisa?

*

No começo Aiyra sentiu-se um pouco envergonhada, sentada com Eduardo, o que os outros estariam pensando? Provavelmente que eram namorados ou coisa do tipo. A dor de cabeça a acompanhava desde que saíra de casa. Ela não soube o que escolher pra comer e Eduardo pediu o especial do dia. Panquecas surpresa. As massas vinham na forma de trouxinhas amarradas com ramo de salsinha. Aiyra retirou o ramo de uma trouxinha que se abriu revelando o recheio de frango, catupiry e milho, o de Eduardo era de carne seca ,desfiada e com bastante queijo. Eles dividiram as panquecas para experimentar dos dois, estava deliciosa, depois de terminarem com as duas correram abrir outras duas trouxinhas.

Estava sendo um dia legal, primeiro na loja Aiyra se divertiu garimpando filmes raros de terror, revistas que falavam sobre o sobrenatural e algumas coisinhas bem curiosas como um kit para matar vampiro, vinha água benta, estaca e até cabeças de alho. Eduardo quis ver a sessão de mangás e comentou sobre alguns títulos. Aiyra mostrou interesse em algumas recomendações do rapaz, e não só porque a sinopses eram boas, mas também por causa da paixão que ele demonstrava ao falar sobre o assunto, seus olhos chegavam brilhar, as feições do rosto demonstrando espanto, admiração, era impossível não ficar com vontade de conhecer aquelas historias e, também, conhecer um pouquinho mais sobre ele. No fim Eduardo mostrou o corredor secreto do labirinto. O caminho era tão complicado, tão cheio de curvas, escadas e portas estreitas que Aiyra temeu não conseguirem voltar, mas Eduardo parecia saber bem o que estava fazendo e quando chegaram no lugar Aiyra percebeu que se tratava de um deposito, caixas e caixas de coisas esquecidas, poeirentas e abandonadas.

Sangue AntigoWhere stories live. Discover now