Aiyra espichou o pescoço pra fora da cabine, ficou olhando o corredor e as pessoas passando, crianças com as mães, velhos com fadinhas em gaiolas e até um sujeito que parecia ter guelras e membranas nos dedos, alguns, assim como ela, haviam acabado de embarcar, outros já estavam no trem que devia vir de muito mais longe. Aiyra sorriu e fechou a porta da cabine, ficou observando seu pai tentar colocar as malas nos bagageiros que ficavam no teto, Maiara o auxiliava, ficou em pé num dos bancos e conseguiram juntos empurrar a última mala. Roberto suspirou finalmente sentando em seu lugar, ele e Maiara viram Aiyra os encarar e sorriram pra menina.
— Esse lugar não é nada mal hein? — Comentou Roberto envolvendo a mulher com o braço enquanto dividiam um dos bancos, e Aiyra espaçosa se espreguiçava num banco só seu, o assento estofado e macio, se quisesse podia até fazer o que Malu sugerira e tirar uma sonequinha, mas a garota estava empolgada demais e queria ver o trem partir o quanto antes.
— Esquecemos de perguntar se a viagem é longa. — Disse Maiara se ajeitando nos braços do marido.
— Realmente, talvez dê tempo de tirar um cochilo.
Aiyra escutava os pais enquanto acendia e apagava uma pequena lâmpada do seu lado da cabine.
— Isso é muito legal. — Exclamou Aiyra. — Vocês não estão empolgados?
— Um pouco. — Respondeu a mãe. — Mas não podemos esquecer o motivo da viagem.
— Verdade! – Quase gritou Aiyra se endireitando no sofá e encarando os pais. — Vamos ver o Luan.
As irmãs discutiam quem ficaria com quem. Cris escolheu logo Isabel pra dividir o assento e Heloísa demonstrou vontade de ficar na mesma cabine do que elas, sem dúvidas para poder conversar com Cristiane um pouco mais e saber como as coisas iam em São Paulo. Ninguém mesmo queria era dividir assento com Juvenal, que fazia perguntas a todo instante. Empolgado como se estivesse numa missão secreta o jornalista registrava cada passo das irmãs, Isabel estava irritada com ele desde que o homem começou a tirar fotos dela comendo, conversando e até quando cochilou no ombro da irmã esperando o trem partir, mas no fundo mesmo as outras irmãs suspeitaram que a raiva dela vinha do fato de Juvenal não reconhece-la e nem saber sobre a Trago Lunar.
— Saímos até na Folha Tupi, fora uma matéria no Muiraquitã Dourado. — Comentou a garota emburrada enquanto bebia um energético. — Ele não quer é dar o braço a torcer.
Beatriz perdeu no dois ou um e teve que dividir o assento com Juvenal, fora que tiveram que se sentar em outra cabine que dividiriam com mais estranhos. Os dois caminhavam olhando os bilhetes e procurando a cabine, pediram licença para uma dona que conversava no celular, Juvenal sorriu ao ver uma dupla de irmãozinhos passar correndo por eles e logo em seguida serem repreendidos pela mãe.
— Acho que é naquele vagão ali. — Comentou Bia andando pelo corredor de piso de madeira escura e bem lustrosa, sendo cumprimentada pelos funcionários do trem.
— Veja bem, não quero ser um reclamão nem nada. — Começou Juvenal logo atrás de Bia. — Mas dada a natureza de nossa missão não teria sido melhor uma cabine reservada inteiramente a nós, assim poderia continuar as entrevistas e perguntas.
Beatriz olhou os números nas cabines e conferiu no bilhete, ainda faltava um pouco.
— Bom, creio que sim. — Respondeu a mulher. — Mas Heloísa se preocupou em reservar uma cabine para a família de Aiyra e...
— Entendo, sendo uma família de Amis seria muito desconfortável dividir assento com estranhos, e o dinheiro acabou faltando não?
— Pois é. Ah, aqui, cabine 34 C.
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Sangue Antigo
FantasyAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...