A Convenção dos Gatos - Parte 7

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Uma tentava falar mais alto do que a outra, as palavras se misturando com os miados dos gatos e o chiado da panela. Helô queria explicações, Aiyra implorava ajuda, não sabia mais o que fazer, Malu calada e com medo de que as irmãs desconfiassem de sua participação na história ficou recolhida num canto, olhando as garotas falarem todas ao mesmo tempo. Quando Heloísa percebeu Ariel no meio das garotas, arregalou os olhos e apontou para a garota olhando para Beatriz.

— Mas será possível? Você... Deus do céu.

Bia deu de ombros balançando a cabeça confirmando que a situação não era nada boa. Helô exausta deixou-se cair no sofá, parecia derrotada. Seu desespero silencioso foi tão presente que fez as meninas se calarem, uma por uma, percebendo que as coisas não iam nada bem. O ventilador girava no teto, alguns gatos miavam e a comida chiava ainda mais lá na cozinha.

— Maria, apaga o fogão pra mim. — Pediu Heloísa quando um gatinho pulou em seu colo.

Malu foi até a cozinha e Aiyra com as outras permaneceram caladas, ela tentava saber o que fazer, precisava de ajuda, todos podiam ver, era só olhar a quantidade de problemas que miavam naquela sala, Aiyra diria que uns vinte e três problemas, fora os tímidos, que não quiseram aparecer. Malu voltou arrastando os pés.

— E agora? O que vamos fazer?

Helô balançou a cabeça enquanto acariciava o bichinho que ronronava em seu colo. Tanto ela quanto Malu olharam para Beaztriz, que colocou as mãos nos bolsos da calça jeans e encarou a janela da sala.

— Bom, com certeza os problemas se agravam com tudo isso, pelo que vejo duas garotas do grupo são amis, Aiyra, você contou sobre... Coisas nossas a elas?

Aiyra ficou tensa, olhando ao redor, sabia que pelo bem de todos deveria ser a mais sincera possível.

— Natasha sabe sobre o saci, bem... Pelo menos um pouco ela ainda não entende tudo muito bem.

— É confuso. — Confirmou Natasha apertando os lábios num sorrisinho acanhado.

— Sabe sobre os gatos, sobre a praia das conchinhas e tanto ela quanto Ana viram Ariel sair do mar então...

Heloísa suspirou e lançou um olhar desaprovador para Aiyra, um olhar com efeito de um tapa na cara, a garota se encolheu e desejou não ter saído da cama naquela manhã, e ao se lembrar como Helô e as outras haviam sido generosas e confiado nela no passado só a deixava ainda mais mal.

— Então é isso. — Disse Beatriz. — Aposto que a avó de Ariel não sabe que ela está aqui, o que vai acabar com toda a defesa dela, e como bônus iremos acumular mais um problema com as crias do mar.

— Não. — Negou Ariel preocupada. — O pessoal já não anda com raiva do Luan, até fazem brincadeiras e... E minha vó gosta dele, sério.

Aiyra não botou fé na declaração, lembrava muito bem de como Amanara atravessara uma lança no garoto, o "gostar" de Ariel não era nada convincente.

— Mesmo assim. — Comentou Heloísa. — As coisas complicaram no momento que vocês envolveram duas Amis.

— Não tô entendendo nada. — Protestou Ana. — O que são Amis, onde está Luan e essas merdas desses gatos? O que tá acontecendo?

— Mas pode não ser tão ruim. — Disse Beatriz e Heloísa encarou a irmã querendo saber mais, Ana cruzou os braços emburrada por todas a ignorarem. — Analisando termos mais técnicos, não falamos nada sobre o caso, ainda está em sigilo como designaram.

— Isso é verdade. — Concordou Malu olhando a irmã mais velha.

— E mesmo que possa soar de forma fria... Bem, não fomos nós que envolvemos gente de fora, em outras palavras...

Sangue AntigoWhere stories live. Discover now