Amiga Nossa - Final.

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— Acho que ele percebeu. — Comentou Ariel agachada atrás dos arbustos com Aiyra e Luan.

— Não sei como ele tem resistido esse fumo. — Disse Luan. — A Bia caprichou esse é dos melhores que existe.

— Vai ver esse saci não fuma. — Comentou Aiyra.

— Ou ele achou algo melhor. — Complementou Ariel.

Eles desistiram de ficar esperando. Andaram pela festa, o show de humor já ia começar, cadeiras estavam sendo colocadas no jardim e Luan sorriu animado esfregando as mãos. Aiyra e Luan conseguiram lugares bons pra assistirem o show, Ariel teve que sair para se molhar e Natasha sentou-se no meio deles feliz, estava tagarela, sorria bastante e aquilo animou Aiyra e Luan, comentaram sobre a festa, sobre as danças, a comida, e como tudo estava tão lindo.

— A noite ajudou também. — Comentou Natasha. — O céu tá tão limpo e olha só essa lua.

Luan olhou pra lua e sorriu de leve, concordou com Natasha e ela abraçou o braço do garoto colocando o rosto no ombro dele.

— Gostei muito que você veio.

Luan parecia meio sem jeito, por um momento Aiyra pensou que ele ia se livrar do aperto da menina, mas ele sorriu e segurou a mão de Natasha.

— Gostei de vir.

Eles se olharam, estavam perto, perto demais, Natasha sentiu o perfume de Luan, ele voltou a atenção para a lua, ela sabia que ele sempre se encantava com a lua, a encarava como se compartilhassem milhões de segredos, como se fosse alguém de quem sentisse saudades, uma velha amiga. Natasha sentiu o coração acelerar, a festa estava boa, os convidados, os presentes o show, e trocaria tudo isso por mais Luan, pra ficar ao lado dele, sentir sua presença, nem se ficassem calados, apenas olhando a lua, fazendo o tempo ser menos doloroso e a vida menos vazia. Por que ele? De todos os garotos que conhecia, teve um tempo que quis não gostar dele, que se cansou das evasivas, desculpas e até grosserias, zombavam dela, zombavam dele, decidiu esquecer, mas era impossível, ver ele todos os dias na escola, andando sozinho, pensativo, refletido numa vidraça riscada pela chuva. Ela lhe faria companhia, era só pedir, andaria com ele pelos corredores, sem ligar pras risadas, guardaria seus segredos, nunca, nunquinha zombaria dele. Mesmo quando ele não estava, fechava os olhos e o via, a mesma boca os mesmos olhos, o mesmo jeito cansado a fala tranquila o sorriso tímido, ela sabia que provavelmente não conseguiria oferecer o mesmo sentimento à Luan, já percebera, ela não o encantava como ele fazia com ela, ou como a Lua, era só Natasha, meio boba, lenta pra entender as piadas, tagarela, perdida na vida, como dizia seu pai só não esquecia a cabeça porque estava grudada, mas daria tudo o que ela é, não esconderia nenhuma parte, não omitiria os erros, nem inventaria desculpas, sou isso, é o que tenho e divido tudo com você. Já tentaram uma vez, ela já disse tudo isso à ele, e Luan conseguiu no meio da bagunça do coraçãozinho dela encontrar tesouros soterrados, ele elogiava a humildade dela, a bondade, o jeito de arregalar os olhos quando se empolgava, as marquinhas de riso, o canino esquerdo que era milímetros maior que o outro e quando ria ele se mostrava um milésimo de segundo antes dos outros, ela adorava o jeito que ele prestava atenção nela, e por algum tempo acreditou que ele quisesse também, os dois eram sozinhos, os dois se completavam, nas tardes em que vagaria pela casa sozinha, e que ligaria a televisão para que a mansão não ficasse em silencio, ela andava com Luan nos parques, andavam de bicicleta, se encantavam com a lua, e a despedida só não era triste porque era selada com um beijo.

Aiyra não entendeu o climão, os dois deviam ter uma história, sentiu-se desconfortável, talvez devesse sair dali, olhou aos arredores, as pessoas conversavam, alguns ainda comiam, ela viu lá dentro da casa Ariel acenar, chamando, apontou pra Luan também, parecia com pressa.

Sangue AntigoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang