Coelhos, Clubes e Um Tênis Utopia Dixe - Parte 22

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Ana entrou animadíssima na casa, foi direto pro quarto de Aiyra e abriu o guarda-roupas, desaprovou a maioria das peças mas encontrou algumas esplêndidas, as espalhou na cama, tudo isso antes de Ariel com Aiyra entrarem no quarto.

— Rápido! — Gritou Ana. — Vocês parecem mortas.

Ariel não entendia pra que tanta empolgação, Aiyra ia só pra uma loja.

— Fora que você já foi nessa loja antes e... — Ariel parou encarando Aiyra que olhava pela janela, ela apertava as mãos respirando esquisito. Ana também parou, ainda com alguns vestidos na mão.

— Aiyra.

A menina continuou encarando o vazio e respirando com força. Ana se aproximou e tocou no ombro da prima que se assustou a encarando de olhos marejados.

— Ana, e-eu não sei o que fazer.

A prima sorriu e a abraçou.

— Tranquilo, estamos aqui pra isso né Ariel?

— Pode crer, eu sou mestre em juntar casais, já fiz isso com um golfinho e um polvo fêmea, tivemos que superar algumas divergências culturais, mas hoje eles são quase um ponto turístico da galera que vem visitar a rocha de corais.

Ana e Aiyra se encararam e começaram a rir, aquilo ajudou Aiyra a se acalmar. Aiyra experimentou as roupas selecionadas por Ana, algumas ela achou extravagante, outras não eram muito seu estilo e Ariel sugeriu que usasse a mais gostosinha, que a deixasse mais a vontade, que não prendesse a perna caso precisasse correr, as meninas riram mas seguiram a sugestão da pequena sereia e Aiyra vestiu a que lhe deixou mais confiante. Um vestidinho de mangas longas, vermelho com pequenas estampas de flores na cor preta, na gola ele vinha com um laço do mesmo tecido e nos pés Aiyra insistiu em usar suas botas pretas. Ana a achou estilosa e até Ariel aprovou. Passaram pra maquiagem e Ana sabia o que fazia, rainha do bom gosto, acentuava as belezas do rosto cheio de traços marcantes que Aiyra possuía. Ariel achou aquilo tudo maravilhoso e perguntou se Ana poderia fazer nela também, a garota concordou e quando terminou com Aiyra passou para a cria d'água. Ariel pediu um batom vermelho, queria ficar com os lábios como fogo. Elas riram do olhar de espanto da menina se admirando no espelho.

— Isso é muito legal! Lá em casa a gente não faz muito isso não. Bom, até teve uma vez que eu e meu primo pintamos a cara com tinta de polvo pra assustar o pessoal.

— Tinta de polvo?

— É, eu sei, fede um pouco né?

Aiyra finalizou com um perfume suave, os cabelos soltos e escovados. Ela suspirou aliviada na frente do espelho e Ana sorriu com olhos cheios d'água comentando como a prima era seu maior orgulho. Ariel fez uma careta.

— Não sei pra que tanto drama, o Eduardo é um chato da cachola.

— Galocha Ariel, chato de galocha. — Corrigiu Ana. — E não fala assim, ele é simpático, divertido e bonitão. Aiyra com ele forma um casal e tanto.

— Calma nisso. — Disse Aiyra. — Só vamos nos ver na loja, depois comer alguma coisa, só.

— Então pra que me chamou, por que se produziu?

Aiyra se olhou no espelho sentindo um vazio no estômago. É, por quê? Ela sorriu imaginando aquele encontro, e mesmo que os outros não fizessem ideia esse seria o seu primeiro, em toda sua vida a primeira vez que um garoto a convidava pra sair, claro, quem gostaria de sair com a louca? Mas Eduardo quis, e mesmo que nada fosse acontecer aquilo a animava, despertava sorrisos. Ana observou a prima e sorriu também.

— Viu? No fundo você sabe.

No fim perceberam que tinham se precipitado e ainda faltava um tempo para o encontro, recorreram à televisão, discutiram sobre o que assistir, filmes foram sugeridos, Aiyra queria alguns documentários sobre animais para se acalmar, Ariel o canal de esportes e Ana o de noivas. A discussão se acirrou, falaram muita coisa e acabaram descobrindo que Ariel nunca tinha visto pequena sereia, as meninas arregalaram os olhos escandalizadas.

Sangue AntigoWhere stories live. Discover now