Julgamento do Século - Parte 6

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Aiyra acordou sentindo um leve sacolejar, parecia também ter ouvido um som distante, um grito...? Não, parecia mais um apito. Abriu a boca num bocejo, os olhos pesados e o corpo dolorido, percebeu estar coberta e com a cabeça encostada na janela, seus pais dormiam juntinhos e Beatriz cochilava ao seu lado. A garota se espreguiçou, ouvindo vozes e movimento lá do corredor quando olhou novamente para a janela, abriu bem os olhos e sorriu, o trem havia parado.

Roberto carregava as malas, Aiyra empolgada andava no meio das pessoas que caminhavam para fora do trem numa fila bem apertada, encontrou com Malu no corredor e as duas começaram a conversar empolgadas. Andavam no fluxo das pessoas estavam quase na porta de saída quando ouviram alguém gritar o nome delas, Heloísa mandava esperar, para não irem tão à frente, os outros estavam atrapalhados com as malas e presos mais atrás, separados por um bom tanto de gente.

— Vamo fingir que não deu pra entender. — Sugeriu Malu e Aiyra concordou.

As duas segurando o riso fizeram gestos e continuaram a caminhar, estavam quase rindo quando pisaram fora do trem, sentindo o ar fresco, Malu parou aterrorizada e Aiyra a encarou confusa quando clarões romperam e pessoas se empurraram, uma multidão parecia querer esmagar as duas garotas, gritavam, vinham pra cima, mais luzes, com os olhos ofuscados e tonta Aiyra recuou alguns passos e se chocou com outras pessoas, muitas vozes falavam ao mesmo tempo.

— Aiyra! — Gritou Malu e Aiyra meio cega com os flashes encontrou a mão da amiga e as duas ficaram sem reação apenas de mãos dadas enquanto o batalhão de repórteres faziam perguntas.

— Aiyra Oliveira Monteiro está aqui conosco iremos perguntar...

— Aiyra quantos anos você tem?

— Como você e Luan se conheceram, é verdade que estão juntos?

Aiyra olhava os rostos, homens, mulheres, gente jovem e velha, todos perguntando, todos ansiosos, ela se encolheu com Malu e até Maria Lucia que parecia ser destemida estava assustada. Uma mulher baixa e gorducha se aproximou, ela não tinha microfone e nem uniforme como os outros repórteres, mas com um gravador ela chegou bem perto de Aiyra exalando um perfume muito forte e muito doce.

— Ignore esses obtusos querida, a verdadeira questão, a que não quer calar, é que você é a filha perdida, todos sabem.

Aiyra sentiu alguém tocar seu ombro e viu seus pais e as irmãs Campos finalmente deixarem o trem.

— Não sou perdida. — Disse Aiyra e muitos flashes piscaram. — Sou filha da minha mãe né?

Disse a garota olhando Maiara que assentiu.

— Mas seu nascimento foi cercado por fogo, e raios vindo dos céu não? — Insistiu a mulher.

— Na verdade. — Respondeu Maiara. — Foi parto normal, um tanto difícil muitas horas de luta, mas... Normal.

— Ah, puxa.

A repórter pareceu desapontada e os colegas a empurraram, gritaram mil perguntas com microfones quase na cara de Aiyra, Heloísa pediu calma, Beatriz tentou dialogar e as pessoas que ainda estavam tentando sair do trem ficaram impacientes, funcionários da estação surgiram pedindo espaço. Um caminho foi aberto no meio da turba e alguém empurrou Aiyra com gentileza pra que ela caminhasse e não parasse todos, eles foram andando bem rápidos, carregando as malas e apertando os olhos com medo de mais flashes, enquanto andavam pela estação pessoas paravam para observar a confusão, os jornalistas agora mantinham certa distância mas continuavam a fazer perguntas.

— Tudo será esclarecido no devido tempo. — Disse Heloísa nunca parando de caminhar, ela liderava todo o grupo e Aiyra só a seguia, a seguiria até o fim do mundo, só queria sair logo dali. Eles dobraram uma esquina e os funcionários da estação continuavam a abrir caminho. — Temos um julgamento amanhã não podemos fornecer muitos detalhes.

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