No almoço o silêncio á mesa incomodava, apenas os sons dos talheres na lousa, Fumaça que explorava na sala e o relógio de parede que parecia mais lento do que nunca. Cauê até sentia vontade de mudar o clima, falar algo engraçado e colher um sorriso da mãe, mas seu instinto o aconselhava a ficar bem quietinho, comendo em movimentos sutis, fora que a presença de Aiyra ao seu lado o irritava. Ver a irmã alimentando-se sossegada, apenas lançando alguns olhares, que para o menino eram bem acusadores, causava um mal humor instantâneo. Cauê cortou mais um pedaço do frango assado, juntou com batata e arroz mandando pra dentro.
— E o seu dia filho? — Perguntou Maiara olhando as crianças. — Não pode ser só o que você contou.
— Mas foi.
— Olha a boca cheia. E você Aiyra?
— Se não contar eu conto. — Disse a menina olhando o irmão que engoliu a comida no susto.
— Contar o que? — Perguntou Maiara sorrindo.
— Para de se intrometer Aiyra.
A garota piscou e continuou a comer.
— Não fale assim com sua irmã. Aliás. — Maiara pousou os talhes no prato e limpou a boca num guardanapo. — Vocês estão estranhos. Cauê, você não passou nada do que Aiyra pediu, na verdade mal se olharam. Vocês brigaram.
— Eu vou contar. — Ameaçou Aiyra e Cauê bufou largando os talheres na louça.
— Tá legal, chega! O que tá acontecendo, quero saber agora, vamos.
Os irmãos se olharam e Cauê encarou Aiyra com tanto ódio que a menina sentiu necessidade de observar o prato, separando a comida por cor.
— Hoje eu fui mandado pra diretoria.
— Por quê?
Cauê com o garfo rolava um pedacinho de batata no prato.
— Entrei numa briga.
— Mas de novo? — Maiara deixou as costas se apoiarem na cadeira, exausta. — Seu pai e eu... A gente conversou com você Cauê, avisamos.
— Mas eles começaram mãe.
— Não interessa! — Maiara ficou com o rosto vermelho e Aiyra quietinha no seu canto não sabia se fugia ou continuava assim, encolhida, invisível. — Você poderia fazer mil coisas diferentes, brigar foi o que escolheu, agora vai aguentar as consequências, nós avisamos, sem celular, sem videogame, sem... Lucas.
— Mas mãe...
— Sem mas, está decidido.
Cauê cruzou os braços segurando a raiva que queria vazar dos olhos.
— Mas então não vai dá.
Maiara respirou profundamente não acreditando na insolência, nessa hora Aiyra pensou em evadir mas quando a cadeira fez barulho e sua mãe a encarou permaneceu ali, paradinha.
— Como assim Cauê de Oliveira e Monteiro, como não vai dar?
— A diretora, graças a Natasha, mandou a gente fazer um clube, com o João e o Cleber, e Lucas vai estar lá, vou ter que continuar falando com ele.
— Isso é sério? — Perguntou Maiara encarando Aiyra que demorou um pouquinho pra entender que falavam com ela.
— S-sim, a Nati só quis ajudar...
— Bela ajuda.
— Vocês seriam expulsos ela...
— Expulsos!?
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Sangue Antigo
FantasyAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...