Ao chegar da escola Natasha mal falou. Na mesa do almoço Claudia censurou o tempo nublado que era a menina, até Maria perguntou o que acontecia, Natasha forçou sorriso, conversou, e até riu das gracinhas de José. Tudo parecia em ordem mas Claudia desconfiou, Natasha fingia, provavelmente não querendo preocupar ninguém. Mas logo após o almoço se trancou no quarto por um bom tempo, depois ficou no jardim, tomando sol e acariciando Max, contemplando o céu, enquanto as folhas das árvores, a grama aparada, os pássaros, insetos e o vento, lhes faziam companhia. Já no meio da tarde Maria apareceu toda alarmada para Claudia dizendo que os patrões estavam ao telefone, queriam falar com Natasha.
Ué, entrega pra ela mulher.
— Mas não acho a danada, não sei onde se enfiou.
Claudia pegou o telefone das mãos de Maria e saiu à procura de Natahsa. Não estava na sala, nem no jardim, Maria avisou que no quarto nem sinal. Claudia então gritou o nome da garota.
— Aqui, tô aqui.
A vozinha vinha da estante e as portas da parte inferior escancararam-se, Maria gritou levando a mão ao coração, Natasha escondida lá dentro desculpou-se sorrindo, e Cláudia também não aguentou o riso.
— Lembra quando eu me escondia aqui? — Perguntou Natasha encolhida e apertada dentro do móvel, os joelhos quase tocando o queixo. — Papai ficava louco tentando me achar, só você Clau sabia do meu esconderijo.
— Lembro sim. Aqui, seus pais querem falar.
Natasha arregalou os olhos e pegou o telefone, olhou para Maria e Claudia, e querendo privacidade se fechou novamente na estante. As empregadas saíram rindo da menina.
— Alô? — Ninguém respondeu e Nati sozinha no escuro suspirou. — Alô!
— Natasha?
A voz da mulher fez a menina sorrir.
— Mãe! Como estão as coisas aí no Rio?
— Estão bem... Filha sua voz tá meio esquisita...
Natasha se remexeu dentro da estante não podendo esticar as pernas, espremendo as costas e braços, a cabeça colada no teto.
— É que eu tô apertada aqui.
— Já te falei mil vezes que não é bom segurar, sentiu vontade vai ao banheiro.
Natasha riu do jeito da mãe que ainda pensava ter filha de cinco anos.
— Boa dica mãe, vou me lembrar.
— Natasha eu... — Uma voz de homem se fez ouvir ao fundo. — Espera... Tem alguém aqui querendo falar com você.
— Princesa?
— Pai! Vocês... Vocês estão juntos no rio?
— Não é uma coisa? Nossas agendas coincidiram, estamos num hotel bem legal, eles servem aqueles...
— Para de enrolar a menina amor.
— Não tem problema mãe, eu gosto de ouvir da viagem de vocês, ainda mais assim, Juntos! Legal, queria estar aí com vocês.
— Eu sei filhota. — Disse o pai. — No fim do ano.
— Promessa?
— Promessa.
— Tá, já falaram muito. — Interrompeu a mãe de Natasha. — Temos pouco tempo.
— Verdade. — Disse o homem.
— Escuta filha, isso seria mais legal por vídeo, mas a senhorita não atende o celular.
— Ele tá desligado.
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Sangue Antigo
FantasyAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...