A Convenção dos Gatos - Parte 6

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Ariel andava de um lado pro outro, o rostinho contraído, as bochechas inchadas esvaziavam com uma boa bufada.

— Porque ele me cortou do time? Só porque andei faltando? Ele não pode fazer... — A menina soltou um gritinho de ódio. — Ele deve ter ficado maluco eu sou a melhor da equipe e... E...

— Calma. — Pediu Aiyra, assustada com o desespero da menina. — Você não foi cortada do time de natação.

— Não?

— Não.

Ariel parou e encarou Aiyra, suspirou aliviada, relaxou os ombros. Com água até os joelhos a garota parecia que iria sorrir, os cabelos verdes escorridos, os olhos azuis perscrutando ao redor. Olhou Natasha e ficou ofegante, Ariel pareceu até mesmo perder a cor do rosto.

— O que você tá fazendo? — Perguntou para Aiyra, a menina tentou se explicar e Ariel correu para mais dentro do mar, Natasha com Aiyra a agarraram, começaram a discutir, dizendo que precisavam da ajuda da menina. — Você ficou maluca Aiyra? Não sabe o que fez? Ela me viu, ela me viu...

– Calma, Nati sabe guardar segredo.

Natasha confirmou com a cabeça. Ariel derrotada deixou-se ser levada até a areia, estava arrasada e Aiyra sentiu-se culpada.

— Eu sei que deveria ter te consultado antes. Mas Nati ela...

— Você não entende Aiyra. — Ariel olhava pro horizonte, os olhinhos enchendo de lagrimas. — Estamos ferradas.

Aiyra não sabia como se portar, consolar a menina, ou até estar temerosa também, ficou com os pés descalços na areia, as canelas molhadas sentindo o vento mais frio, Natasha olhou pra amiga apertando os lábios, tentando entender o que tinham feito de errado.

— Pelo menos... — Começou Aiyra sentando ao lado de Ariel. — Você está falando comigo.

A sereia olhou para a menina com olhos marejados, deu um meio sorriso deixando uma lagrima escapar e riscar seu rosto.

— Eu sinto muito... Muito mesmo.

Ariel abraçou a menina bem apertado e Aiyra, pega de surpresa, relaxou nos braços da garota sorrindo e retribuindo o carinho. Natasha sorriu, ali em pé, parecia que tudo daria certo.

— Muito bem. — Disse uma voz vindo das pedras e as meninas se assustaram. — Quem vai me explicar o que está acontecendo?

— Ana?! — Gritaram as meninas. Ariel ficou de pé num salto, respirando com força.

— Deuses! Eu... Nós se ferramos legal, não dá Aiyra, ficou maluca? Completamente louca?

Ariel tentou fugir pro mar e as garotas a seguraram implorando sua ajuda. Ana queria entender o que acontecia, destacando a parte em que Ariel surgira do mar, a menina de cabelos verdes estava histérica dizendo que estavam encrencados que precisavam se separar no mesmo instante, mas Natasha e Aiyra imploravam auxilio. As ondas quebravam na orla, as meninas pisavam em areia e conchas, enquanto o vento e o sol testemunhavam a algazarra na praia das conchinhas.

As quatro meninas caminhavam pela rua, Ariel descalça e de roupas molhadas usava uma camiseta regata e uma bermuda de surfista, os cabelos cacheados e verdes secavam com o sol. Ela tinha se acalmado e concordado em ajudar, mas andava trombuda, de poucas palavras, às vezes olhava Aiyra, bufava e sacudia a cabeça desaprovando a amiga. Natasha com seu jeito doce tentava acalmar a menina do mar. Elas iam na frente conversando, enquanto Ana e Aiyra seguiam pouco mais atrás, observando os carros, os pedestres, sem mal falar.

Sangue AntigoWhere stories live. Discover now