O saci não parecia nada feliz, resmungava muito numa língua esquisita, se é que era uma língua, rosnava mostrando os dentes brancos ressaltados naquele corpo feito de sombras, Natasha e Aiyra recuaram quando o bicho ameaçou fazer ventania.
— Calma parceiro. — Disse Malu se agachando e olhando o duende. — Eu sei que deve ter sido péssimo voltar pra garrafa, mas pra te trazer...
O saci mostrou a língua e começou a rosnar bastante, Malu suspirou e tirou do bolso um pequeno gorro vermelho.
— Você não me dá outra escolha. — O sacizinho parou ao ver o gorro e contra sua vontade prestou uma reverência. — Olha, eu preciso da sua ajuda, se fizer tudo certinho vai ser recompensado, fumo especial. — O pequeno duende fez alguns barulhos com a boca parecendo bem animado. — Sim todo pra você, mas só se fizer o que eu mando, combinado? Precisa encontrar o Muiraquitã do meu irmão, você conhece o cheiro do Luan.
— Sétimo. — Disse o saci e Ariel arregalou os olhos.
— Isso, sétimo filho.
— Ele fala? — Perguntou Ariel.
— Tá aprendendo. — Comentou Malu sorrindo. — Os outros estão ensinando. Agora vai, nos vemos aqui mais tarde.
O saci começou farejar o ar.
— E, por favor, tente não causar tantos problemas.
O duende riu sumindo numa ventania. As meninas voltavam pro pátio debatendo se fora uma boa ideia soltar o saci na escola. Aiyra e Ariel lembraram do trabalhão que tiveram para coloca-lo dentro da garrafa na primeira vez e o estrago que ele fizera no colégio, dois dias sem aula por conta dos encanamentos estourados. Maria Lucia perguntou se alguém tinha uma ideia melhor e ninguém respondeu.
— Eu sei que é arriscado mas... O muiraquitã é muito precioso pro meu irmão.
*
Pilar empurrou Lucas que reclamou, mas ela também queria ver, Cauê olhou de cara feia pra eles pedindo silêncio, se espremeram mais um pouco e espiaram por debaixo das arquibancadas, o lugar formava um belo túnel, o esconderijo perfeito para os praticantes de atos ilícitos, ou pra os que queriam sossego ou, como no caso de Bruno e Ana, para namorar.
— O que eles estão fazendo? — Perguntou Lucas apertando a vista para ver a irmã lá no fundo da caverna.
— Acho que... É, tão se beijando, bastante.
— Aquela! — Exclamou Lucas e os três se esconderam quando Bruno olhou.
— Tem que fazer silêncio zé mané. — Disse Pilar conferindo se o perigo já havia passado e sim, eles voltavam a se beijar. — Vocês quiseram espionar Ana e é isso que namorados fazem.
— Mas... Mas... Aquele Bruno ele é um idiota e...
— Até acho ele legal. — Comentou Cauê.
— Tá do lado de quem? Dele ou do meu?
— Do seu claro, mas...
— Então odeie ele que nem eu.
Pilar desencostou da parede e começou a andar.
— Vamos.
— Mas e a vigia?
— Ela não vai fazer nada além de beijar agora, ou vocês acham que ela vai transformar Bruno em sapo?
Cauê riu seguindo a menina e Lucas ainda irritado reclamou dizendo que sua irmã não era bruxa. Eles andavam pela quadra e Lucas começou a falar sobre o interclasse, não estava muito longe e nem a escalação da sala eles fizeram muito menos treinar. Cauê disse que tinha coisas mais importantes em jogo, precisava descobrir o que estava acontecendo com Aiyra e, Pilar olhando pro gol acabou parando, os meninos se olharam e quando ouviram a garota suspirar ficaram sem saber o que fazer.
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KAMU SEDANG MEMBACA
Sangue Antigo
FantasiAiyra é uma garota de 15 anos que sofre de transtornos mentais. Luan nasceu com uma antiga e rara maldição. Quando Aiyra se muda para a cidade de Campo Claro ela passa a ser vitima de uma série de eventos inexplicáveis e enquanto é ajudada por Luan...