Coelhos, Clubes e Um Tênis Utopia Dixe - Parte 20

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O saci não parecia nada feliz, resmungava muito numa língua esquisita, se é que era uma língua, rosnava mostrando os dentes brancos ressaltados naquele corpo feito de sombras, Natasha e Aiyra recuaram quando o bicho ameaçou fazer ventania.

— Calma parceiro. — Disse Malu se agachando e olhando o duende. — Eu sei que deve ter sido péssimo voltar pra garrafa, mas pra te trazer...

O saci mostrou a língua e começou a rosnar bastante, Malu suspirou e tirou do bolso um pequeno gorro vermelho.

— Você não me dá outra escolha. — O sacizinho parou ao ver o gorro e contra sua vontade prestou uma reverência. — Olha, eu preciso da sua ajuda, se fizer tudo certinho vai ser recompensado, fumo especial. — O pequeno duende fez alguns barulhos com a boca parecendo bem animado. — Sim todo pra você, mas só se fizer o que eu mando, combinado? Precisa encontrar o Muiraquitã do meu irmão, você conhece o cheiro do Luan.

— Sétimo. — Disse o saci e Ariel arregalou os olhos.

— Isso, sétimo filho.

— Ele fala? — Perguntou Ariel.

— Tá aprendendo. — Comentou Malu sorrindo. — Os outros estão ensinando. Agora vai, nos vemos aqui mais tarde.

O saci começou farejar o ar.

— E, por favor, tente não causar tantos problemas.

O duende riu sumindo numa ventania. As meninas voltavam pro pátio debatendo se fora uma boa ideia soltar o saci na escola. Aiyra e Ariel lembraram do trabalhão que tiveram para coloca-lo dentro da garrafa na primeira vez e o estrago que ele fizera no colégio, dois dias sem aula por conta dos encanamentos estourados. Maria Lucia perguntou se alguém tinha uma ideia melhor e ninguém respondeu.

— Eu sei que é arriscado mas... O muiraquitã é muito precioso pro meu irmão.

*

Pilar empurrou Lucas que reclamou, mas ela também queria ver, Cauê olhou de cara feia pra eles pedindo silêncio, se espremeram mais um pouco e espiaram por debaixo das arquibancadas, o lugar formava um belo túnel, o esconderijo perfeito para os praticantes de atos ilícitos, ou pra os que queriam sossego ou, como no caso de Bruno e Ana, para namorar.

— O que eles estão fazendo? — Perguntou Lucas apertando a vista para ver a irmã lá no fundo da caverna.

— Acho que... É, tão se beijando, bastante.

— Aquela! — Exclamou Lucas e os três se esconderam quando Bruno olhou.

— Tem que fazer silêncio zé mané. — Disse Pilar conferindo se o perigo já havia passado e sim, eles voltavam a se beijar. — Vocês quiseram espionar Ana e é isso que namorados fazem.

— Mas... Mas... Aquele Bruno ele é um idiota e...

— Até acho ele legal. — Comentou Cauê.

— Tá do lado de quem? Dele ou do meu?

— Do seu claro, mas...

— Então odeie ele que nem eu.

Pilar desencostou da parede e começou a andar.

— Vamos.

— Mas e a vigia?

— Ela não vai fazer nada além de beijar agora, ou vocês acham que ela vai transformar Bruno em sapo?

Cauê riu seguindo a menina e Lucas ainda irritado reclamou dizendo que sua irmã não era bruxa. Eles andavam pela quadra e Lucas começou a falar sobre o interclasse, não estava muito longe e nem a escalação da sala eles fizeram muito menos treinar. Cauê disse que tinha coisas mais importantes em jogo, precisava descobrir o que estava acontecendo com Aiyra e, Pilar olhando pro gol acabou parando, os meninos se olharam e quando ouviram a garota suspirar ficaram sem saber o que fazer.

Sangue AntigoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang