Julgamento do Século - Parte 11

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Vieram especialistas que tentaram provar a ineficácia de todos os tratamentos para acalmar Luan, dizendo que era impossível alguém como ele controlar sua natureza, mostraram gráficos de outros licantropos, de como reagiam quando provocados, os temperamentos explosivos, e quando o gráfico mostrou o grau de agressividade em dias de lua cheia as linhas ficaram completamente insanas.

— Vejamos se eu entendi. — Disse Inara, com seu terninho elegante perambulando na frente do especialista. — Então o senhor e os gráficos mostram que para um licantropo é quase impossível se controlar em dia de lua cheia.

— Precisamente.

— Quantas luas cheias temos por ano?

— Normalmente um ciclo por mês.

— Entendi. — Inara se virou para as Cys, depois encarou os deuses e então o publico presente. — Por assim dizer temos ao menos uma vez ao mês, doze vezes ao ano, a chance de um lobisomem andar enlouquecido por aí, é isso que os gráficos mostram?

— Bom, claro que há...

— Muito obrigada Doutor Antunes. Sem mais perguntas.

As pessoas comentavam os gráficos entre si e Aiyra mordendo os lábios encarou a mãe.

— Essa não foi boa pra nós né?

— Parece que não querida.

Aiyra espiou Luan que parecia calmo lá na frente cercado pelas três irmãs mais velhas e os advogados.

— Não esquenta Aiyra. — Disse Malu do banco da frente, virou pra trás e sorriu pra menina. — Agora é a nossa vez e aposto que as manas se prepararam.

Malu estava certa e Jandir se levantou, era sua vez de interrogar o especialista, o velho sorria para o publico, as Cys e os deuses, Aiyra olhou para Inara que estava sentada na mesa da acusação junto de seus assistentes e nem de longe o velho Jandir parecia tão imponente como a jovem promotora. Ele caminhou com seu terno alinhado e olhou os gráficos no cavalete logo ao lado do Doutor Antunes. Apontou para o quadro.

— Muito bonitinho seus gráficos. — O doutor pareceu ficar sem jeito e agradeceu Jandir olhando para os juízes. — Todo colorido assim, entende?

Algumas pessoas riram e até as Cys sorriam com o jeito de falar do velho. Aiyra percebeu a importância de Jandir agir dessa forma e como foi providencial ele poder falar depois de Inara, a promotora tinha conseguido colocar toda uma carga dramática em sua fala e pintar telas de violência na mente das pessoas, imagens que agora Jandir desfazia com seu jeito bobo e brincalhão. Aiyra também sorriu, imitando a maioria do público presente.

— Uma pena eu não ter nada do tipo aqui comigo. — Disse Jandir, desmanchou o sorriso e colocou as mãos nos bolsos. — Bom só o que trago meus caros, são os fatos, e com isso não preciso de telas e pinturas nem nada do tipo, só fatos.

— Vossa divindade. — Exclamou Inara se levantando e olhando Tupã. — O senhor Jandir está apenas divagando e não indagando o especialista como deveria fazer.

— Pois era exatamente o que iria fazer. — Disse Jandir olhando os deuses. — Posso? Bom, o senhor meu caro doutor, diz que é quase impossível um lobisomem, licantropo, sétimo filho e todas as denominações existentes e conhecidas, o senhor diz que para eles é quase impossível se controlar numa noite de lua cheia correto?

— Correto.

Jandir sorriu colocando uma parte da mão direita no bolso do peito do paletó,deu uma olhadela divertida para Luan sem nada dizer e o rapaz abriu um sorriso, e aquele suspense cômico foi arrancando sorrisos das pessoas que esperavam a graça, o doutor se ajeitou na cadeira tentando entender o que tinha perdido.

Sangue AntigoWhere stories live. Discover now