Prólogo

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Prólogo

N A R R A D O R

LYRIC VALERIO é altruísta.

Nasceu numa família privilegiada; durante a sua infância este rodeada do melhor que a vida tinha para lhe oferecer (ou melhor dizendo, os pais), teve as melhores babysitters e frequentou os melhores colégios privados de Londres. Isto não parece ser sinónimo de altruísmo.

Mas é verdade. Apesar do dinheiro, das festas e das pessoas de elite, Lyric Valerio nunca acreditou que o dinheiro é solução para todos os males. Ao observar os que a rodeavam, decidiu que não queria ser assim.

Tornou-se bondosa e, paciente, tornou-se benevolente e carinhosa. Tornou-se uma pessoa que gosta de dar só porque sim e não porque fica bem perante a sociedade. Desde muito nova, queria mostrar que não é definida pelo dinheiro da sua herança nem pelos colégios de elite.

Lyric tem gosto por ajudar os outros, voluntariou-se em abrigos para os animais e hospitais pediátricos. Durante o Natal, era possível encontrá-la a distribuir alimentos nos banco alimentar e a dar refeições aos sem-abrigo.

Essas experiências levaram-na a formar-se Enfermagem. As enfermeiras têm o trabalho mais gratificante que os cirurgiões. São elas que dão atenção e cuidam dos pacientes enquanto os médicos só os vêem no bloco operatório. Verdade seja dita, sem enfermeiras não há maneira de um hospital funcionar sem que a situação afunde como o Titanic.

Quando terminou o curso, através do seu voluntariado na Cruz Vermelha, foi convidada a viajar durante o verão para África. Iria as diversos países; Serra Leoa, Gana, Senegal, Guiné-Bissau—onde quer que fosse preciso. Sentiu-se honrada e orgulhosa de si mesma, a sua profissão iria ajudar quem precisava —iria fazer a diferença na vida de alguém.

Os pais foram rápidos em despacharam o assunto, passaram um cheque gordo porque, para eles, o dinheiro é a resposta para as preces de toda a gente, e nem boa viagem lhe desejaram. Não há nada que deixe os seus pais envergonhados como o emprego da filha. Só o facto de ter emprego já embaraçoso. A sua mãe aspirava que Lyric fosse uma dona-de-casa perfeita, como ela.

Lyric já estava mais que habituada à ignorância dos seus pais. De muito jovem, aprendeu que os pais não são normais. Não sabem ser pais.

Por isso, preocupa-se com os outros e em como as suas boas ações trazem alguma felicidade a quem precisa. Durante os três meses em África, a recém-licenciada fora exposta a um mundo totalmente diferente que nada tinha nada a ver com a vida que tivera ao crescer. O seu coração partiu-se ao ver mães a passar fome só para que os filhos tivessem algo que comer, mesmo que fosse uma miséria.

Foi uma experiência avassaladora que lhe mudou imenso a sua perspectiva da vida.

A última semana foi a mais difícil. Chegamos há uns dias ao Gana, era o último destino antes de voltar para Londres e para ser honesta, não queria ir. Há quem ache que sou maluca mas eu faço muito mais falta aqui.

Ficamos alojados numa pequena casa perto do orfanato. Era simples e pobre; óbvio que eu não estava à espera de um hotel cinco-estrelas quando me voluntariei. Dormíamos todos no mesmo quarto, homens e mulheres, em sacos cama. Havia uma única casa de banho com o essencial e partia-me o coração ao ver as condições que estas famílias viviam. Era completamente inumano. Mas ninguém quer fazer algo, só uma pessoa não basta para ajudar tanta gente.

"Lyric!" Uma das enfermeiras chama quando estou no pátio do orfanato com algumas crianças. "Nem vais acreditar quem chegou! Anda!" Ela desaparece antes que eu pudesse fazer perguntas.

Girl Code ● One DirectionWhere stories live. Discover now