( Vamos jogar?)

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     Parado dentro do carro, no estacionamento de sua casa, Otávio analisa no espelho acima do volante as marcas superficiais de cortes no canto da boca e também na parte externa dos lábios inferiores. Embora estivesse irritado com o atrito em que se viu tentado a enfrentar para defender alguém que mal conhecia, ele também agora tinha certeza de que o brasão no pescoço daquele dançarino lhe pertencia. Pensando em como recuperar seu pertence, ele tira o celular do bolso, religando o aparelho que havia desligado anteriormente. Após religar o celular, Otávio observa várias chamadas de James na barra de notificações. Antes que pudesse retornar, ele sente seu celular vibrando em suas mãos, percebendo uma nova ligação de James.

- Alô! Otávio, me desculpa primo! - fala James, se desculpando.

- Por que vocês não apareceram, já que foram vocês que me convidaram para ir naquele lugar? - pergunta Otávio de forma ríspida. - Quer saber, deixa pra lá, eu tenho que desligar agora. - Acrescenta, um pouco irritado.

- Espera, não desliga! É que eu tive um probleminha com o JP, então precisei sair atrás dele, já que ele deu uma pirada e saiu às pressas de casa. - Explica James.

- Como assim? Que probleminha? O que você aprontou? - fala Otávio, disparando uma sequência de perguntas.

- Ah, eu não fiz nada de mais, você sabe como o JP surta por besteira às vezes, né? - responde James, tentando esquivar-se da acusação de Otávio.

- Para de enrolar e fala logo, o que você fez, Jay-Jay? - insiste Otávio.

- Jay-Jay? Você só me chama assim quando está puto! - afirma James de forma irônica.

- Quer saber, eu vou desligar ago...

- Eu beijei o JP. - Revela James. - Mas não foi grande coisa. - Ainda se explicando.

- Você beijou o JP? Está louco? Ele é seu primo, e ele não é gay. - indaga Otávio, entre perguntas e afirmações.

- Eu sei que fiz besteira, mas ele me pediu para ajudar com uma dança que ele está aprendendo na universidade, e nós ficamos muito colados. Eu também estou na seca! Então, quando olhei para a boca dele, eu senti um impulso e acabei beijando-o. - explica James de forma um pouco acelerada. E ele não tem nosso sangue, então não foi tão errado! Foi? - pergunta James, sussurrando.

- Jay-Jay, o fato de ele não ter biologicamente o nosso DNA não significa que isso invalide a posição dele na família, e você não devia tê-lo beijado. Afinal, ele é hétero. Ele é nosso primo, e você fez errado, precisa se desculpar. - Fala Otávio, dando uma lição de moral.

- Eu sei, mas ele não está com raiva por causa disso, ele está confuso. - Responde James.

- Como assim, confuso? - pergunta Otávio, saindo do carro e caminhando rumo à porta da frente.

- Eu sei que errei ao beijar o JP, mas percebi que ele não me afastou e, como estávamos muito colados, pude sentir... - James pausa a fala.

- Sentiu o quê, Jay-Jay? - pergunta Otávio, entrando em casa.

- Ah, cara... - James inspira antes de continuar falando. - Eu senti que ele ficou excitado. Aí, eu passei a mão sobre a calça dele, e ele estava mesmo duro. Depois disso, ele me empurrou e saiu quase correndo, pegou o carro e sumiu.

- Ele ficou mesmo excitado? Será que ele é gay? - pergunta Otávio, um pouco surpreso ao saber do ocorrido.

- Eu não sei dizer se ele é gay, até porque já o vi saindo com algumas garotas. Não sei, talvez ele seja bissexual. Enfim... Eu só quero me desculpar antes de ir embora amanhã. - Responde James.

Do desejo ao Acaso (BL)Where stories live. Discover now