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Larissa 🧿

Na hora de ir embora tava chovendo horrores, não ia parar nem se eu quisesse e implorasse ao pai. Eu iria pedir um uber mas deu três vezes mais o valor normal, choraminguei sentada na área dos funcionários sozinha e liguei pra minha mãe.

Lari: Vou me atrasar um pouquinho pra chegar hoje, não fica preocupada, tá? - Falei olhando pra chuva.- Quando o preço do uber baixar mais eu peço e vou pra casa.

Maria: E se não baixar, minha filha? - Falou toda preocupada e eu ri.

Lari: Eu dou meu jeito, qualquer coisa vou de ônibus mesmo e não dá em nada.- Escutei as reclamações dela.- Beijo, qualquer coisa eu te aviso.

Henrique: Larissa, né? - Me assustei com ele entrando, me ajeitei na cadeira e olhei pra ele.- Meu pai falou que você vai de ônibus, mas nessa chuva é bem complicado né.

Lari: É sim.- Ele encostou na parede.

Henrique: Eu tô indo pra casa, posso te deixar lá. Aonde você mora mesmo? - Eu ri.

Lari: No Vidigal, o morro.- Neguei.- Não precisa, eu agradeço. Mas já to chamando um uber aqui, obrigado.

Henrique: Em dia de chuva o uber fica mais caro, para de orgulho. Não tem problema em te levar, vamos?

Lari: Eu vou, mas só por conta da minha tia que fica preocupada.- Levantei e ele sorriu vitorioso.

Peguei minhas coisas e fui seguindo ele, entramos em seu carro e fui guiando ele, que não sabia nem por onde ia. Quando chegamos, ele quis subir pra me deixar em casa mas eu neguei, apenas agradeci de coração e desci do carro na chuva, fui pra calçada onde não pegava tanta chuva e me assustei com alguém gritando meu nome.

Procurei por todos os lados e quando olhei pra pracinha, o Neguinho estava lá embaixo de uma casinha das crianças me chamando com a mão. Encarei ele negando e dei as costas, mas foi questão de segundos até ele correr atrás de mim. 

Neguinho: Tava te esperando pra te levar pra casa, queria te buscar no trampo pra tu não vim de ônibus. Mas tua irmã não quis me dá o endereço.- Segurou meu braço.- Tá maior chuva mano, para de orgulho. Tu veio com quem de carro?

Lari: De uber, Neguinho.- Puxei meu braço da mão dele.- Não precisa, já tô aqui. Meio caminho andado, subo na chuva.

Neguinho: Eu tava te esperando pra te levar pra casa.- Me olhou.- Sem maldade, Larissa. Tu ainda tem maior morro pra subir, de moto a gente chega rapidinho.

Balancei a cabeça deixando ele feliz e ele correu indo buscar a moto, subi na garupa e ele foi com cuidado pra minha casa, a gente desceu junto da moto e quando eu abri a porta a Maria se levantou, o Neguinho veio logo atrás e eu dei espaço pra ele entrar, mas a Maria entrou na nossa frente.

Maria: Minha casa não é lugar pra bandido.- Eu fechei a porta.

Lari: O Nego me fez um favor hoje, deixa ele ao menos tomar um café.- Falei com ela e ela negou.

Maria: Ele não é bem-vindo aqui.- Eu olhei pra ele que não olhava pra ela, mas balançou a cabeça ao escutar.

Neguinho: Jae, tá suave.- Falou dando as costas e abrindo a porta, eu olhei pra minha mãe e segui ele que saiu.

Lari: Obrigada, Gabriel.- Chamei atenção dele que me olhou.- E desculpa, mas você sabe que a Maria não suporta o fato de você ser o que é.

Neguinho: Sem maldade, ela tá no direito dela. Eu tava dentro da casa dela, tem nenhuma não.- Apenas balancei a cabeça.- Agora entra aí pra não pegar doença.

Lari: Cuidado no caminho, vai devagar.- Falei fazendo cara feia e ele abriu os braços.

Abracei ele com a chuva molhando nós dois e ele sorriu, colocando seu rosto em meu pescoço. Quando fui me afastar ele segurou meu rosto trazendo o seu pra perto do meu e eu olhei pra boca dela.

Maria: Larissa, você vai ficar doente nessa chuva.- Falou abrindo a porta e eu me afastei.

Neguinho beijou minha testa passando o polegar na minha bochecha e me deu um empurrãozinho pra entrar, entrei fechando a porta e a Beatriz me jogou uma toalha.

Maria: Não foi deixar o Neguinho estragar sua vida com ele já fez com a de várias meninas desse morro.- Falou me olhando.

Beatriz: O neguinho só ajudou a Larissa, se não fosse ele, ela iria tá subindo esse morro todo na chuva.- Se meteu me ajudando a me secar.- As vezes a gente só tem que parar de reclamar e agradecer.

Lari: Sabe sei lá quanto tempo ele ficou me esperando lá embaixo na maior chuva, só pra me trazer. Não custava nada ele tomar ao menos um café e ficar até a chuva diminuir.- Falei chateada.- Eu sei quem e o que ele é, não esqueço disso.

A sala ficou em silêncio e a minha tia subiu, subi também pra tomar banho e me trocar. Me ajeitei, a Beatriz colocou a minha janta e se sentou pra saber como foi o meu dia, então eu contei tudo a ela, incluindo a parte do Henrique vendo ela ficar toda animada com ele. Mas eu só peguei meu celular e fui agradecer novamente ao Neguinho, que não demorou nem segundos pra me responder.

Crime PerfeitoWhere stories live. Discover now