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Larissa 🧿

Minha rotina continuava a mesma, cansativa e repetitiva, eu estava mais próxima do Henrique, mas nada além que saísse da casa dele, talvez só uma amizade que era legal pros dois. Ele tinha parado ser tão insuportável e eu tão grossa com ele, o que deixa tudo mais tranquilo.

Com o Neguinho eu não vejo ele tem duas semanas, na verdade é que vê eu até vejo de longe, mas falar e brincar como sempre não.

Hoje era dia de feriado, em plena sexta e eu tinha conseguido folga na sexta e no sábado, ou seja, maior paz. Hoje era o aniversário do Marcos também, iria ter um churrasco e eu claro que fui com a Beatriz, quando a gente chegou já tava lotado, a gente falou com ele e eu fui me sentar na mesa de umas conhecidas, fiquei conversando bem tranquila até um menino chegar em mim.

- Aí, Larissa...- Chamou minha atenção.- Patrão tá querendo bater um papo contigo, bagulho sério.

Lari: E cadê ele? - O menino balançou a cabeça apontando pro portão.- Tem certeza, né?

- Qual foi minha patroa, irmão que falar contigo.- Eu me levantei.

Eu sai de fininho com ele porque estava curiosa, subi de moto com ele e ele me levou pra entrar na salinha e quando eu entrei o Neguinho tava conversando com os dois moleques olhando uns papéis, quando eles me viram se olharam e o Neguinho mandou eles saírem, ajeitei meu short e me sentei olhando pra ele.

Neguinho: Mandaram pra mim.- Falou colocando os papéis que ele tava olhando a minha disposição e eu peguei, assustei quando vi que eram fotos minhas, a maioria eu indo, voltando do trabalho, algumas até com o Heitor.- Tu não notou algum bagulho estranho esses dias não?

Lari: Esses dias? - Falei olhando as fotos sem entender.- Essa aqui faz quase um mês, dia em que eu fui levar o Heitor pro médico.

Neguinho: Quem é Heitor? - Falou sem entender.

Lari: A criança que eu cuido, meu trabalho.- Ele balançou a cabeça e eu olhei pra ele.- Por que iriam te mandar fotos minhas? Tem certeza que não foi você que mandou tirar?

Neguinho: Foi um aviso, não sei se tu tá ligada mas o dono do jacarezinho voltou tem quase um mês.- Coloquei as fotos em cima da mesa.- O bagulho é que ele passou anos fora do mapa e eu não tenho mínima ideia da cara dele hoje em dia, desde os 15 ele tá sumido.

Lari: E por que eu tô no meio disso? - Ele me olhou como se fosse óbvio.

Neguinho: Não é segredo pra ninguém que eu dou ideia em tu, bagulho deve ter sido pra afetar minha mente.- Falou balançando a caneta entre os dedos.

Lari: E você quer que eu faça o que? Sei lá, posso pedir pra olhar as câmeras do prédio, dou alguma desculpa, pra ver se acho alguém tirando foto...

Neguinho: Não, vai chamar muita atenção. O maluco pode morar no mesmo lugar e pode dar errado pra tu no teu trampo.- Balancei a cabeça.- Fica mais atenta, só não larga o celular e qualquer bagulho avisa a alguém.

Geraldo: E aí, filho.- Falou invadindo a sala e eu tomei um susto, Neguinho encarou ele respirando fundo e eu olhei pro pai dele.

Lari: Vou descer, obrigado por me avisar. Vou ficar mais atenta e qualquer coisa eu falo pra você.- Me levantei olhando pro Neguinho e senti a mão do Geraldo no meu braço.

Geraldo: Tá gostosinha em.- Falou me olhando dos pés a cabeça, Neguinho se levantou me puxando de perto dele e eu encarei ele.- Vai dizer que tu ainda come ela?

Neguinho: Vai ficar falando merda? Fala logo o que tu quer. Quanto tu quer? - Falou tirando a carteira do bolso na minha frente e eu respirei fundo, doidinha pra me meter.

Geraldo: Quanto tu cobra por umas duas horas, Larissa? - Falou achando graça e eu até me assustei quando o Gabriel meteu um soco na cara do pai, ele caiu no chão na mesma hora rindo e eu segurei o braço do Neguinho.

Neguinho: Mete o pé, desce com o mesmo moleque.- Me olhou de lado.

Lari: Você não precisa bancar os vícios dele.- Falei segurando o braço do Neguinho.

Neguinho: Ou, 2k.- Gritou e o moleque nem demorou pra entrar.- Leva ele pro barraco dele aí.

Fiquei calada olhando o 2K levantar ele que saiu mole igual, meu coração chega doía quando eu lembrava que anos atrás eu vivia na casa do seu Geraldo, considerava como meu pai e ele me tratava como filha. Após a morte da mãe do Neguinho, ele perdeu o controle na bebida e hoje em dia nas drogas.

Lari: Qualquer dia ele vai ter uma overdose.- Soltei o Neguinho.

Neguinho: Tu acha que eu não sei? Não queria bancar isso não.

Lari: E por que você faz? - Neguinho se sentou na cadeira que eu estava e olhou pra cima.

Neguinho: Porque se não for eu e ele vai procurar outro, uma hora alguém vai dar dinheiro e vai matar na primeira oportunidade porque ele não vai pagar.

Lari: Já pensou em internar? - Gabriel baixou a cabeça e passando a mão no pescoço.

Neguinho: É o mais perto que eu tenho de uma família, não quero me distanciar disso. Papo reto, Larissa. Se eu perder esse bagulho aqui da minha cabeça, o bagulho que fica martelando o tempo todo me lembrando da minha mãe, a vida de todo mundo aqui vira um inferno.- Me olhou e eu me aproximei dele.

Lari: Eu sou tua família, eu faço parte da tua família, quando você vai entender? - Ele negou. 

Neguinho: Tu mesma falou altos bagulhos na minha cara, bagulho que tu sabe que mexe com minha mente. Família não é isso não.- Fiquei calada por alguns segundos.

Lari: Tu acha que família é só passar a mão na cabeça? Aponto teu erros mesmo cara, quero te ver melhorar, sair desses bagulhos errados, crescer na vida, construir uma família...- Ele riu sem graça.

Neguinho: Fácil demais falar né? - Eu encarei ele.

Me sentei nas pernas do Neguinho e abracei ele beijando sua cabeça, Gabriel demorou um pouco pra fazer o mesmo diferente das outras vezes, mas me abraçou aos poucos respirando fundo e deixando a tensão de lado.

Crime PerfeitoWhere stories live. Discover now