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Larissa 🧿

Heitor: Você vai me entregar pra ele, Lari? - Falou agarrando a Beatriz que me olhou.- Eu não quero ficar com ele, eu quero ficar com você.

Lari: Não vou, não vou deixar você ir com ele...- Falei olhando pra ele e me aproximei, vendo ele se encolher.

Heitor: Eu não quero sair daqui.- Falou chorando.

Neguinho: A gente não tem tempo pra isso, Larissa.- Olhei pra no mesmo instante e ele sustentou o olhar.

Lari: Para, tá legal? Só para! - Apontei pra ele.- O Heitor é uma criança no meio disso tudo, ele tá assustado, ele não é uma marionete nessa porra!

2k: Menor...- Passou na minha frente sem paciência e se agachou na frente do Heitor.- Vou mandar o papo reto pra tu, ninguém aqui vai te entregar pro Henrique, tu é um de nós agora, se ligou?

Heitor: Mas ele vai me pegar se eu sair...- Falou passando a mão no rosto.

Heitor: Confia em mim moleque, eu tô te falando! Pra alguém encostar em tu vai ter que passar por cima de mim.- Estendeu a mão pra ele.- Te prometo, eu só preciso da tua ajuda, cola comigo.

Maria: E você? - Segurou minha cintura e soltou na mesma hora quando sentiu a arma, encarei ela nervosa e ela se afastou.- Larissa...

Lari: Quando eu voltar você vai ter todo tempo do mundo pra brigar comigo.- Falei beijando o rosto dela.

O Heitor subiu no colo do 2k e eles saíram na frente, fui atrás e o Neguinho atrás de mim, o Heitor veio pro meu colo e a gente foi pra um dos pontos de armas ali perto da minha casa, era a casada uma senhora que guardava as armas caso precisasse. Os meninos pegaram os fuzis e saíram me guiando pra praça, enquanto a gente descia, vi alguns meninos morrendo e o Heitor cobrindo o rosto no meu pescoço.

O Neguinho anunciou no rádio pro morro todo ouvir que tava esperando o Henrique na praça, quando chegamos numa viela perto, tinha vários homens do Gabriel ali, eles conversaram rápido, fizeram uma oração e a gente andou pro centro da praça, fiquei rodeada por homens cheios de armas vendo eles apontando pros moleques do morro rival.

Quando o Henrique chegou, meu corpo se arrepiou, me senti fraca e minha cabeça girou ao lembrar quem era ele em si, dos dias em sua casa e do que ele tentou comigo. Cambaleei pro lado e um menino segurou minhas costas, coloquei a mão no rosto e abrir os olhos, me sentindo super fraca.

Henrique: Me devolve o meu irmão.- Ficou a frente dos moleques dele e Heitor pediu pra descer do meu colo, segurei a mão dele mas ele saiu do meu lado e correu pro 2k, vendo o Henrique encarar ele.

Heitor: Eu não quero ficar com você, Rique...- Falou com voz de choro, se escondendo por trás do braço do 2k.- Você nunca me deu atenção, nunca me deixou brincar, agora eu tenho amigos. Eu gosto da Lari, a tia Maria faz meu nescau no café da manhã e a tia Beatriz sempre sai comigo pra brincar...

Henrique: O teu pai te quer de volta, tua mãe...- Falou olhando pro Heitor e ele negou.

Heitor: Eu tenho uma família de verdade agora...- Falou fazendo careta e se soltou do 2k, caminhou em passos lentos até a frente do Henrique baixando a cabeça.- Você pode ter uma família também.

Henrique: Vem comigo! - Pediu se agachando.- Teu lugar não é aqui.

Heitor: Eu não quero.- Baixou a cabeça olhando pro chão.

O Henrique se levantou e eu achei que ele ia desistir, mas ele puxou o braço do Heitor com muita força, fui interferir mas os meninos me seguraram, só vi o Neguinho caminhando em passos rápidos e segurando o braço do Henrique.

Neguinho: Solta o moleque.- Gritou.- Solta a porra do moleque agora! Tu não precisa destruir a infância dele como a minha e nem a tua, deixa o moleque ficar em paz.- Falou com raiva, gritando.- Ele tá feliz aqui, deixa o moleque em paz.

Henrique: Ele é meu.- Rebateu no mesmo tom e eu olhei pro Heitor que tentava se soltar.

Talvez o Heitor fosse a única pessoa que o Henrique conseguia manter por perto, por isso ele queria tanto. A única pessoa na qual ele tinha total controle e poderia fazer o que quisesse.

Na vida de merda dele, a única pessoa que fique do lado dele, e pelo Heitor não ter escolhas, ele achar que o Heitor fica porque quer, e a mente perturbada dele não quer deixar o Heitor longe, porque talvez seja a única coisa que faça ele ter um resto de sanidade possível.

Aquilo estava um caôs, os dois irmãos mais velhos brigando e o Heitor no meio assustado, eu só queria pegar ele mas eu tava sendo segurada. Quando tirei minha atenção aos gritos dos irmãos, olhei o 2k perto dos soldados do Henrique, arqueei a sobrancelha e fiquei sem entender nada.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora