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Larissa 🧿

Terminei de me arrumar e consegui achar uma roupa pro Heitor, a gente almoçou, eu lavei as coisas e deixei ele assistindo enquanto eu limpava a casa, Maria havia saído e Beatriz não tinha pisado em casa ainda. Dei uma geral na parte de baixo e só varri em cima, tomei outro banho por conta do suor e quando desci Beatriz conversava com o Heitor, ambos rindo.

Beatriz: Sabe dizer pra onde a mãe foi? - Me olhou, como se tivesse tudo normal.

Lari: Não.- Falei seca.- Vamo, Heitor.

Heitor: Finalmente.- Eu sorri, meu celular tocou e eu tirei do bolso caminhando pra fora com o Heitor na frente.

Neguinho: 2k tá descendo pra sorveteria agora, falei que tinha um corre pra ele lá.- Escutei o barulho de uma porta fechando.

Lari: Quero conversar com você.- Falei segurando a mão do Heitor enquanto a gente descia o morro.

Neguinho: O que rolou?

Lari: O que você vai fazer agora de tarde? - Falei olhando pra frente.

Neguinho: Meus corre.

Lari: Mais tarde passa na minha casa pra gente conversar.- Desliguei.

Quando a gente se aproximou da sorveteira, Heitor viu 2k e saiu correndo, quando ele olhou pra mim fechou a cara e negou, enquanto eu me aproximava.

2k: Não tô afim de papo.- Apontou pra mim.

Lari: Lucas, por favor...- Falei choramingando pra ele ter piedade de mim.

2k: So quem tem passe livre pra me chamar assim, são meus amigos.- Falou olhando pro Heitor.

Lari: Mas eu sou tua amiga, eu sou tua irmã.- Ele negou, sorrindo debochado.

2k: Eu tinha essa consideração, não tenho mais. Assim como tu não tinha, porque se tivesse não insinuava bagulho da maneira que tu fez.- Respirei fundo.- Esquece, não tenho nenhum papo pra trocar contigo.

Heitor: Eu quero sorvete.- Falou me olhando.- Posso ir pegar?

2k: Toma, cara.- Deu vinte reais a ele.- Qualquer dia desses te levo pra da um rolê comigo, hoje tô ocupado pra ficar aqui contigo.

Heitor concordou mas se preocupou mais no sorvete, 2k saiu e eu entrei com o Heitor, ele pediu o dele e eu fiquei sentada na mesa, vendo ele comer e de cabeça baixa. Fui na loja com ele e comprei o que deu, tava com um cartão do Gabriel.

E ainda comprei uma cômoda pra colocar as coisas dele, o guarda roupa não tinha espaço. Mas ficava preocupada porque o quarto já não era tão grande, agora com a chegada da cama e a cômoda, mal teria espaço.

As horas se passaram e eu deixei o Heitor brincando o resto da tarde na frente de casa, enquanto eu fazia a janta e a Beatriz tava guardando a louça, quando escutei a moto já sabia que o Neguinho tinha chegado, continuei fazendo o strogonoff até ele entrar bem tranquilo e vim pra cozinha.

Neguinho: Boa, garotas.- Falou abrindo a geladeira e pegando a garrafa de água.

Beatriz respondeu e eu apenas balancei a cabeça, quando ela terminou de guardar se sentou na sala e ele ficou encostado no balcão.

Lari: O que você tava fazendo agora de tarde? - Falei e olhei pra ele, que bebia água lentamente.

Neguinho: Fui na pista pegar o presente da Yasmim. Tinha esquecido disso cara, lembrei tarde pra caralho e tive que ir voando.- Falou me olhando.- Aniversário dela é daqui 14 dias.

Lari: Quando eu fui mandar mensagem pro 2k mais cedo a mulher mandou mensagem. Fiquei sem reação porque além da forma que ela falou, tudo tava apagado.- Desviei o olhar.- Tava em transe, não consegui ao menos perguntar algo antes de você ir embora.

Neguinho: Por isso tava toda chatinha? - Beijou o topo da minha cabeça.

Lari: Desculpa.- Deitei a cabeça em seu peito.

Neguinho: Tá mec, apago os bagulhos caso meu celular caia em mãos erradas, muito bagulho aqui tem informações importante.- Eu balancei a cabeça.- Não tá fácil com o 2k né? Ele chegou bolado comigo e tava descontando a raiva em geral.

Lari: Ele não quer saber de mim, disse que me considerava, hoje em dia não mais.- Falei triste.- Eu sei que eu vacilei, mas me quebra o coração ter ele longe. Ele é o irmão que eu nunca tive, papo reto, eu considero muito ele. Não falei por mal, eu tava confusa com tudo ali, ver ele lá falando como se fosse amigo do inimigo me deixou nervosa.

Neguinho: Ele não é moleque fácil de se resolver, na real é que ele quase nunca volta a amizade com quem vacilou com ele.- Respirei fundo.

Lari: Eu só quero conversar com ele direito, mas também não vou me humilhar pra ter ele de volta na minha vida.- Falei em puro tom de chateação.

Beatriz: Eu mando o Heitor entrar? - Falou na porta.- Vou sair.

Murmurei um sim bem baixo e ela saiu, respirei fundo e ajeitei a mesa sendo observada pelo Neguinho.

Neguinho: Já se resolveram?

Lari: Acho que na mente dela sim, mas eu ainda tô bolada.- Olhei o Heitor correndo e todo sujo.- Banho, em dez minutos quero você sentado aqui.

Heitor: Sim, senhora.- Brincou e subiu correndo, gritei pra ele ir devagar e fui olhar o arroz.

Neguinho: Advinha quem tentou subir o morro? - Se sentou.- O Leandro, o pai do moleque.

Lari: Ih cara, sério? Maior tempão depois lembrou que tem um filho.

Neguinho: É, foi na hora que eu não tava. Os moleques não deixaram ele subir por causa disso, mas ele disse que amanhã volta.- fiz careta.- E tem um bagulho sobre isso...- Olhei pra ele.- Se o Heitor quiser voltar pro pai, ele vai. Não vou dá motivo pra o coroa botar polícia pra ficar subindo não, se o menor decidir que quer, a escolha é dele.

Lari: Mas você é o irmão, pode decidir brigar por ele também.- Gabriel sorriu debochado.

Neguinho: Quer que eu faça o que? Vá na justiça brigar pela guarda? - Respirei fundo e ele me encarou.- Desculpa, amor.

Lari: Se ele quiser ir, eu vou ficar perdida.- Baixei a cabeça.

Gabriel se levantou me abraçando e beijando minha cabeça, suspirei cansada e fiquei olhando pro nada. Quando eu achei que iria ter uma paz, durou só uma noite, minha vida realmente não foi feita pra calmaria. 

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora