Crime Perfeito

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Beatriz 🦋

Uma longa semana tinha se passado e eu tava quase sendo arrastada pro fundo do poço com a Larissa. Garota só sabia dormir, ficar deitada e não queria comer, de tanto ver ela assim quase que eu fico igual.

Mas, graças a tia Sandra ela se levantou da cama e foi trabalhar lá, servindo mesas, o que já animou ela. Mas não muito, ela sentia muita saudades do Heitor, queria ver ele de alguma forma mas sabia que não podia.

Eu, após uma semana consegui me recuperar. Então, me prontifiquei a subir o morro pra saber de fofocas novas, já que eu era uma vagabunda e esse era meu hobby.

Cheguei na boca e de cara encontrei o 2k fumando um cigarro junto com outros meninos, como ele era bem próximo do Neguinho cheguei nele pra perguntar.

Beatriz: Neguinho tá por aqui? - Ele me olhou confirmando.

2k: Tá lá dentro, sozinho. Entra lá que tu é de casa.

Beatriz: Obrigado. E obrigada pelas melhoras e pelo beijo.- Brinquei vendo ele me encarar de lado enquanto eu saí andando.

Bati na porta do gatinho e entrei, ele parou de mexer no celular me olhando e eu me sentei lá na cadeira, me esticando.

Beatriz: Vim fofocar.- Ele me olhou com tédio.

Neguinho: Sobre quem?

Beatriz: Sobre você. Naquele dia da confusão com o Henrique ele te chamou de irmão e tudo mais, explica.- Falei curiosa e ele riu.

Neguinho: Nós somos irmãos por parte de mãe, tu nunca ouviu falar que minha mãe teve dois filhos? - Confirmei.

Beatriz: Mas sempre escutei que ele era perdido no mundo.

Neguinho: Ele é mais velho que eu alguns meses só, tá ligada? Minha mãe era casada com o pai dele, um tempinho depois que ele nasceu ela conheceu meu pai e pegou barriga também. Acabou que ela escolheu ficar comigo aqui, deixou ele com o coroa dele lá.

Beatriz: Tá falando sério ou me zoando?

Neguinho: Sério, irmã.- Falou pegando o celular.- O pai dele era aviãozinho do jacarezinho naquele tempo, daí ele cresceu nesse meio. Só que pelo visto o pai dele deixou o morro nas mãos do braço direito e foi tentar levar uma vida normal, mas com 14 anos o Henrique começou a mexer na vida errada. A vó dele morava no morro e ele começou a morar lá, daí passou maior tempão por lá e quando tinha uns 17, meteu o pé pra fora do país porque a gente começou uma guerra e ele fugiu...- Olhei pra ele passada.

Beatriz: Ele contou uma versão bem diferente pra Larissa, você deveria conversar com ela pra saber.- Dei uma forcinha e ele me encarou.

Neguinho: Como ela tá? - Ajeitou a postura e eu sorri de lado.

Beatriz: Se não fosse a Sandra que desse um trabalho a ela, minha irmã ia se afundar de tristeza, sem caô. Ela tá carregando culpa, medo, saudades do Heitor, seu meio irmão.- Falei fofocando mesmo, pra saber das coisas a gente tem que contar.

Neguinho: E como ele é? - Ignorou a parte da Larissa.- Ela deve te falar sobre ele, fiquei sabendo esses dias que ele existia.

Beatriz: Nem lembro, quem cuidava dele era minha irmã, não eu. Só ela pode te falar as coisas, como eu disse...- Ele riu.

2k: Teu pai tá arrumando confusão de novo, cara.- Falou invadindo a sala e o Neguinho se levantou.

Beatriz: Manda matar o velhote.- Falei com o 2k e o Gabriel me olhou feio.

Neguinho: Eu amo tua irmã, jae? Mas eu tô cansado de entender ela em tudo.- Falou antes de sair da sala e o 2k ficou me olhando da porta.

Beatriz: Ué, tá esperando pra me dar os beijos? - Falei em tom de brincadeira e ele negou.

2k: Ninguém fica na sala quando o chefe não tá.- Fiz careta me levantando e fui passar por ele, quando já estava um pouquinho longe ouvi sua voz.- Mas os beijos também podem rolar.

Olhei pra trás vendo ele piscar e gargalhei, me fiz de difícil voltando a andar e desci o morro saltitando pra falar com minha irmã.