Capítulo 7

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Olívia Miller

Acordei na manhã de sexta-feira sentindo a ressaca tomar conta da minha pobre cabeça. Quem toma tantos drinks sabendo que há anos não ingere nenhum tipo de álcool? Procurei por Emily com os olhos, porém sua cama estava perfeitamente arrumada e nenhum sinal dela. Tomei um banho gelado para despertar, bebi um remédio para dor e desci para caminhar pelo hotel, já que não estava com fome e acredito que se comesse, provavelmente vomitaria em seguida. Não havia muitas pessoas no hall da entrada do hotel, entretanto ainda era desconfortável estar no mesmo ambiente que pessoas como aquelas, visto que me olhavam dos pés a cabeça, como se eu fosse um objeto estranho. Caminhei até a área de lazer, algumas crianças brincavam dentro da piscina, enquanto os adultos conversavam distantes.

Sentei em uma cadeira próxima da sombra e tentei descansar um pouco, pelo menos até os enjôos e a dor de cabeça passarem. Minutos depois, um homem entrou no local acompanhado de um segurança, ele usava uma camisa polo preta e uma bermuda da mesma cor, mas não foi somente isso que me chamou a atenção. Aquele homem parecia muito com Henry e o semblante sério só confirmou. Ele veio se aproximando do lugar em que eu estava, dispensando o segurança assim que chegou até a mim. Surpresa, continuei do jeito que estava, mesmo sabendo que ele me encarava curioso.

— Você estava com Henry Bianchi ontem à noite? — puxou uma cadeira e sentou. Não pude ver seus olhos, pois o mesmo usava um óculos de sol e mudou seu olhar para a piscina calmamente.

— Apenas dançamos juntos. — ele sorriu com um certo deboche.

— Matteo Gali. — voltou a me olhar, pegando minha mão e dando um beijo rápido. Ainda mais surpresa com a atitude daquele homem, me endireitei, cruzando as pernas.

— O que quer comigo? — perguntei sem pensar, estava farta de ser educada com pessoas que se achavam superiores.

— Sou irmão de Henry. — engoli seco. — Um amigo me contou sobre você, ele disse que era bastante bonita. Concordo plenamente! — apoiou o queixo na mão, observando-me com curiosidade.

— É de família ser galinha? Você tem o mesmo papinho do seu irmão. — ele gargalhou, deixando-me furiosa.

— Desculpe, não queria te deixar constrangida. Mas, sua beleza é surreal. — revirei os olhos e levantei, pronta para ir embora. — Quero que se afaste do meu irmão. — pediu, ainda calmo.

— O quê?!

— É isso mesmo que ouviu. Henry é uma pessoa difícil de lidar, não precisamos de mais problemas envolvendo o nome dele.

— E desde quando obedeço ordens de uma pessoa que não conheço? Não tenho interesse por Henry, mas não vou me afastar dele por sua causa. Provavelmente isso é implicância de irmãos e estou deixando bem claro que não irei participar! — retruquei, cerrando os punhos.

— Não seja tola, garota! — ele levantou-se, fazendo-me encolher os ombros. O homem era muito mais alto do que eu. — Vocês nem se conhecem! Quanto quer? — tirou uma carteira de couro do bolso. — Saiba que estou fazendo um favor para você.

— Não quero o seu dinheiro, seu mimadinho idiota! Não me dê mais ordens ou você irá se arrepender! — apontei o dedo em direção ao seu rosto e o homem pegou minha mão, fazendo meu coração disparar.

— Você me parece uma ragazza difícil. — murmurou. Nos olhamos por longos segundos e em seguida ele me soltou.

Não sei o que ele quis dizer com essa conversinha, apesar de que, Henry não parecia ser uma pessoa má. Mas o que posso falar de uma pessoa que sequer conheço? Deixei-o sozinho e praticamente corri de volta ao hotel. Avistei Emily descendo a escadaria, ela estava bastante pensativa.

— Emily? Onde você se meteu? — ela continuou pensativa, parei em frente à ela e sacudi seus ombros.

— Olívia! Nossa, que susto! O que disse? — cruzou os braços.

— Perguntei onde você estava, amiga. — ela franziu a testa e depois respirou fundo.

— Passei a noite com Adam. Podemos ir tomar café? Estou faminta! — concordei, segurando sua mão.

Depois de fazermos nossos pedidos e sentarmos em uma mesa no centro do restaurante. Emily ainda parecia pensar.

— A noite foi ruim? — perguntei um pouco curiosa.

— Orgasmos múltiplos. — ergui a sobrancelha. — Ele me fez ter orgasmos múltiplos, Olívia!

— Ok... — respondi um pouco constrangida.— mas, por que está com essa cara? Parece bastante pensativa.

— Sim, estou bastante! — o garçom nos serviu e Emily calou-se, voltando a falar somente quando ele se foi, porém em sussurros. — Aconteceu duas coisas estranhas ontem à noite.

— Fale. — pedi, também em sussurro.

— Não sei se usamos camisinha. — revelou e antes que ouvisse minhas broncas continuou — Achei uma arma em seu guarda-roupas.

— O quê?! Como assim? Uma arma? — olhei em nossa volta, mas todos estavam entretidos em suas conversas.

— Decidimos tomar vinho, porém acabei derramando o líquido em minha roupa, Adam me pediu para pegar uma camisa dele e vestir. E então assim que abri o bendito guarda-roupas, encontrei o cano da arma fugindo de uma pilha de toalhas.

— Que estranho... — pensei em Matteo. Ele pediu para que eu me afastasse de Henry e o dito cujo é amiguinho de Adam. Droga! Que merda está acontecendo?

— Eu também achei, mas acabei transando mesmo assim. E agora estou na dúvida, não sei se usamos camisinha... — nem prestei muita atenção no falatório de Emily, a única coisa que falei foi:

— Compre uma pílula do dia seguinte e me encontre lá no quarto. Precisamos conversar sobre essas pessoas. — levantei da mesa sob os olhares curiosos de Emily e fui imediatamente para a nossa suíte.

Emily havia trazido seu notebook para viagem, o peguei com rapidez e digitei o nome Henry Bianchi e para a minha surpresa apareceu várias matérias.

"Giancarlo Bianchi e seu filho Henry Bianchi pousaram em solo italiano nesta segunda-feira (12) pai e filho estão inaugurando o novo hotel da família, localizado em Veneza. O herdeiro da rede de hotéis estava acompanhado da namorada, a modelo Petra Romano."

"Henry Bianchi está entre os herdeiros mais ricos do país. O jovem de 28 anos tem uma fortuna imensurável."

"Os casinos dos Hotéis Bianchi Gali são os mais elogiados por conta do entretenimento e a diversão proporcionados. Henry Bianchi está na frente da empresa como diretor executivo. O jovem herdeiro é o orgulho do pai - afirma Leonardo Russo, amigo pessoal da família. Com a sua inteligência, Henry acumula contratos e ideias incríveis para a empresa da família."

Eram muitas matérias relacionadas a família Bianchi Gali e aquilo secou-me a garganta. Henry era um homem poderoso, rico e inteligente, provavelmente esconde muitos segredos devido ao seu temperamento forte — como Matteo dissera mais cedo — estou no caminho da minha perdição caso resolva me envolver com esse homem. Tenho a opção de ignora-lo e viver minha vida ou continuar com esse "romance" de viagem até voltar para New York. Não será nada fácil tomar uma decisão, visto que estou interessada no homem, mesmo não assumindo para ninguém.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now