Capítulo 33

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Olívia Miller

Olhei sorridente para a tela do meu celular ao ver uma foto publicada no Instagram de Emily; Ela e Carolina no Central Park. Parecia tão felizes, que acabei ficando feliz também e torcendo para tudo dar certo. Assim que coloquei o celular de volta no carregador, ouço batidas na porta.

Caminhei para atender desconfiada, já que ninguém costumava aparecer no meu quarto, principalmente nesse horário. Abro a porta e tal qual não foi minha surpresa ao deparar-me com Henry, ele havia sumido da minha vida novamente e sem nenhuma explicação.

— Olívia, sei que você está brava, mas preciso que venha comigo agora! - pediu, parecia importante.

— Você simplesmente some e agora volta como se nada tivesse acontecido? Me poupe! - tento fechar a porta, porém Henry é ridiculamente mais forte do que eu e me impede.

— É um assunto sério, relacionado a você e a Vicent... - confessou, deixando-me em estado de alerta.

Meu coração começa a palpitar forte, ouvir o nome de meu pai mexia muito comigo. Perdi completamente as forças e a porta cedeu, abrindo completamente.

— O que aconteceu? - perguntei, mesmo não estando preparada para a resposta.

**

O sol nada gentil de Las Vegas queimava a minha pele a cada passo que eu dava até o local que Henry me trouxera. O babaca estacionou o carro longe, obrigando-me a andar em um calor terrivelmente cruel.

Ao chegarmos no local, vejo que se trata de um hospital e de imediato, a ansiedade novamente volta e meu coração se aperta fortemente.

Entramos no hospital e Henry troca breves palavras com a recepcionista, puxando-me para um elevador. Em minutos, estávamos na frente de uma porta com os dizeres: Quarto 215

Ao abrir a porta, vi Monique deitada em uma cama. Ela estava com o semblante cansado e o braço esquerdo enfaixado. Não entendi o porquê de Henry ter me levado até ela e nem por qual motivo ela estava naquela situação. E então uma faísca de lembrança me despertou.. Oh, céus! A maluca foi atrás de Matteo.

— Olívia, que bom que você veio. - sorriu.

— O que aconteceu com você? E Matteo, onde ele está? - aproximei-me e ela se endireitou na cama.

— Ele está bem. Precisamos conversar! Pode nos dar licença, Henry? - olhou para ele, que assentiu sem jeito.

Sentei na beirada da cama e Monique me encarou.

— Lembra dos arquivos que continham seu nome? - assenti, sentindo um leve arrepio na nuca. — Tem uma grande possibilidade de sermos parentes.

— O quê?! - levantei da cama, rindo de nervoso, literalmente.

— Não sei como chegamos à essa conclusão, porém precisamos realizar um teste de DNA. Se você for uma Ferrari...

— Está querendo dizer que meus pais mentiram? Que sou adotada? - cruzei os braços em tamanha incredulidade.

— Não estou querendo dizer isso, pelo amor de Deus! Temos possibilidades de sermos parentes, mas pode ser qualquer tipo de parentesco, não podemos descartar qualquer possibilidade. Por isso, chamei você aqui, precisamos urgentemente fazer esse teste.

Encarei seu rosto, procurando algo que dissesse que era mentira, algum tipo de brincadeira de mal gosto. Como assim parentes? Ganhei uma viajem de acompanhante para Las Vegas e em quase um mês nesse lugar, essa bomba cai sobre mim? Não pode ser!

— Só poder ser um tremendo engano...

— O seu nome e o do seu pai estão basicamente em vários arquivos de Enrico Ferrari. Isso não é em vão! Pare de ser teimosa e acredite no que estou falando... - me interrompeu, parecia impaciente. — Se formos parentes, você nunca mais vai precisar trabalhar naquele supermercado e viver uma vida horrível como aquelas. Deveria estar grata!

— E então tudo isso é por dinheiro? Desde que cheguei aqui, só me falam sobre dinheiro, dinheiro e dinheiro! Não pode passar pela sua cabeça que estou em choque? Em vinte e dois anos da minha vida, pensei que era filha única, sem avós paternos, tios, primos e o caralho. Não pode me julgar! Será que mentiram a minha vida toda?

Monique respirou fundo, estava com raiva, mas seu semblante suavizou ao escutar minhas palavras.

— Eu sei, isso é complicado. - sentou na cama com dificuldade, grunhindo de dor. — Vamos fazer esse exame e resolver tudo isso de uma vez. É menos desgastante! - a olhei sem conseguir respondê-la. — Independente do que sair no papel, você decidirá o que fazer. A vida é sua, a escolha também.

— Eu faço! - decidi, por mais que me doesse pensar em uma possível adoção, aquela era a minha vida e eu não podia me comportar que nem uma garota mimada, cheia de rodeios.

— Ok! Nós pretendemos fazê-lo depois de amanhã, em uma clínica de confiança. Henry estará com nós duas em todo o processo, ele pretende saber tanto quanto eu.

**

Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, eram tantos pensamentos embaralhados, o coração parecia querer sair pela boca, as mãos suavam sem parar. Estava tão ansiosa e nervosa por esse exame, que assim que saí do quarto de Monique, decidi ir tomar um café forte, para tentar me tranquilizar.

— A conversa foi bem rápida. - Henry estava lá fora, parado.

— Monique aparentemente detesta rodeios. - cruzei os braços.

Enquanto andava em direção à uma lanchonete, Henry fez questão de me acompanhar.

— Como você está? - murmurou.

— Não é todo dia que se descobre ser parente de pessoas perigosas. - o olhei rapidamente. — Estou tentando me manter firme. Meus pais faleceram há anos e levaram esse segredo com eles, nunca ousaram me contar.

— Você é forte, Oli. - ele me olhou certo do que dissera. — Nunca conheci alguém tão forte como você. Sei que se sairá bem, independente do resultado.

— E se formos parentes, Henry? Terei que entrar nessa... Nessa vida complicada deles? - já estávamos próximos à lanchonete, quando Henry me puxou pelo braço.

— Não, você não merece esse tipo de vida! Olhe para mim, estou aqui, quero ficar com você. - passou a mão carinhosamente no meu rosto.

— Ficar comigo? Você já disse isso e sumiu. Como posso confiar? - questionei e ele deslizou a mão até minha cintura.

— Não estou pedindo para que confie em mim, estou pedindo para que tente. Se soubesse de muitas coisas, tenho certeza que entenderia meus sumiços. - olhei para os meus próprios pés e Henry colou nossos corpos em um abraço carinhoso e aconchegante. — Não duvide dos meus sentimentos, pequena. Depois disso tudo, resolveremos nosso... - ele não completou a frase, talvez não soubesse  o que dizer sobre nós.

Apesar de estar cansada mentalmente, aproveitei o abraço, apertando seu corpo e sentindo o cheiro de perfume masculino me inebriar. Era tão bom estar nos seus braços, parecia que nada de ruim pudesse me atingir.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now