Capítulo 71

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Olívia Miller

Passei a noite tendo pesadelos sem sentidos, sensações ruins e um forte aperto no peito, foi terrível, a pior noite que tive em toda a minha vida. Acordei extremamente triste, com vontade de chorar e gritar para colocar tudo para fora, eu não estava muito bem, creio que por tudo que estava acontecendo. Tomei um banho gelado, passei alguns minutos debaixo do chuveiro, para que a água lavasse tudo de ruim que estava em mim, até que funcionou por algum tempo.

Desci as escadas e tudo estava quieto como sempre, tomei café da manhã e deitei no sofá da sala. Depois do golpe dado por Rafael, eu não tinha mais nada a fazer, pois fazia algum tempo que eu não ia as empresas Ferrari.   Cochilei um pouco e só fui acordar com o barulho do meu celular, olhei no visor e era um número desconhecido, atendi de imediato.

"Olívia, a faxineira achou alguns pertences seus na sua antiga sala. O que faço com eles?" — era Elisa, minha antiga secretária.

"Deixe-as aí, vou buscá-los."

"Ok"

Desliguei o celular e mesmo sem interesse, me arrumei para ir buscar os tais pertences. Aproveito para ver como estavam as coisas naquele lugar. Dirigi sem pressa até a empresa e me bateu uma saudades do tempo que as coisas estavam fluindo para mim no ramo, lamentável como tudo aconteceu. Um funcionário levou o meu carro para o estacionamento e eu entrei no lugar, cumprimentei alguns colegas e fui.

Elisa ficava no quarto andar, então não demorou muito para o elevador chegar. Eu estava prestes a ir até ela, porém fui surpreendida com Rafael. Não sou burra ou inocente, era óbvio que ele estaria aqui, mas não no lugar onde Elisa ficava

Foi tudo uma armadilha.

— Só assim para você vir até a mim. Não viu as ligações e as mensagens que mandei? — cruzou os braços, enquanto se aproximava.

— Sim, eu vi... Mas ignorei todas elas.

Me virei pronta para ir embora, mas Rafael foi mais rápido e entrou na minha frente, me impedindo de entrar no elevador.

— Pode me acompanhar? Nós precisamos conversar.

Revirei os olhos e respirei fundo para não manda-lo à merda.

— Seja rápido. — falei sem olhar para ele.

Nós entramos no escritório dele e o mesmo sentou em sua poltrona, como se fosse o próprio rei. Já eu, bom, sentei a sua frente, pronta para ouvir o que ele queria. Só Deus sabia o quão perturbador era estar ali, com aquele homem, sozinhos.

— Tentei entrar em contato com você há dias, mas como não atendeu, pedi que Elisa e chamasse até aqui...

— Não, você não pediu! Você armou para que eu viesse, não seja falso agora.

— É, mas era a única forma de falar com você. — me encarou com certo deboche. — Preciso que volte a trabalhar na empresa, um dos meus sócios disseram que você é ótima com números e... Estou com alguns problemas no financeiro.

— O que você fez, Rafael? Eu deixei a empresa organizada, sem problema algum quando sai... — me exaltei.

— Eu sei disso, mas... Foi um vacilo, está bem? Enfim, se você estiver disposta, o cargo é seu... Posso pagar o dobro da pensão que te mando mensalmente, mas preciso dos seus serviços para ontem...

Antes que eu pudesse responder, ouvimos batidas na porta, era Elisa.

— Sr. Castilho, as encomendas chegaram e necessitam da sua presença lá embaixo.

Rafael bufou irritado. Era óbvio que aquele mauricinho estava detestando tantas responsabilidades, tenho pena e vejo que futuramente toda a fortuna se perderá.

— Olívia, pense no assunto e me dê uma resposta... Se puder esperar aqui, ficarei... — o celular dele começou a tocar, interrompendo-o. Ele atendeu e disparou alguns xingamentos, depois desligou o aparelho e o jogou na mesa.

— Eu espero você aqui, com a minha resposta.

Talvez fosse a chance de descobrir alguma coisa, não poderia perder isso. Rafael estava muito desorientado, nem percebeu que tinha esquecido o celular, apenas saiu, deixando-me sozinha. Levantei-me rapidamente da cadeira e vasculhei algumas coisas, procurando uma pista do paradeiro de Emily, mas não havia nada, a não ser algumas dividas a serem pagas. Eu já estava prestes a desistir, quando o telefone de Rafael vibrou.

Curiosa, me aproximei e o peguei para ver do que se tratava. Era uma mensagem...

"Estamos na Dolce Peccato, chefe. O show será hoje."

Engoli seco. Eu lembrava desse nome, era o nome de uma das boates. Alguns coisa me dizia que Emily estava lá, mas o medo de ir atrás era maior. Vai que tudo não passa de um engano? Eu só tenho uma chance! Se Rafael descobrir que estamos atrás de Emily, só Deus sabe o que ele vai fazer.

Escutei o barulho da porta e deixei o celular como estava. Minhas mãos estavam tremendo, meu estômago parecia dar cambalhotas, torci para que tudo acabasse e eu arrumasse um jeito de resgatar a minha melhor amiga.

— Desculpe o imprevisto, ninguém consegue resolver nada dessa empresa se não passarem por mim primeiro... Eu estou exausto! Como aguentaram tanto tempo? — voltou a sentar em sua poltrona.

— Eu sempre tive o costume de trabalhar muito. — respondi, tentando não mostrar o meu nervosismo.

— É, pobres. — disse com desprezo. — Decidiu o que fazer? Posso contar com você?

— Eu estou um pouco ocupada ultimamente, mas... Conheço alguém tão bom com números quanto eu. Vou te passar o contato por mensagem, ok?

— Ok, assim espero. Você está linda, Olívia! Não pensa em se casar? Estou disponível. — sorriu malicioso.

— Nem que você fosse o último homem da face da terra. — respondi com um falso sorriso nos lábios.

Rafael riu, porém não me respondeu. Peguei minha bolsa e saí dali rapidamente, meu coração estava palpitando tão rápido que eu podia escutar. Mandei algumas mensagens para Henry, mas ele não me respondeu, deveria estar ocupado.

Entrei em meu carro e fui para casa. Não sei como cheguei em segurança, pois meus pensamentos estavam confusos e longe. O que eu ia fazer? Entrar em uma boate assim? Seria arriscado demais, não tínhamos tantos homens como antes, a maior parte ficaram com Rafael. Henry estava se recuperando do desfalque do pai, não podia gastar com armamentos. Novamente, me vejo sem saída.

Ao chegar em minha casa, deparo-me com Monique um pouco desolada. Ela andava de um lado para o outro.

— Ei, o que aconteceu? — joguei a bolsa no sofá e me aproximei dela.

— Adam está morto, Oli. — revelou, me deixando em estado de choque. — Pensávamos que se tratava de um simples acidente de carro, mas Henry descobriu que ele estava sendo perseguido no exato momento do impacto. Inclusive, ele está lá, o sepultamento acontecerá em três horas. Precisamos ir, Henry precisa de nós!

— Meu Deus! E-eu estou sem saber o que fazer. Adam morto? Oh céus! Vamos! Depressa! — falei, deixando algumas lágrimas escaparem. Eu não o conhecia muito, mas eu sentia a dor de perda. Ele era tão novo... E nem chegou a conhecer a filha.

Meu Deus! Emily vai surtar quando souber!

Caminhos QuebradosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora