Capítulo 75

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Monique Ferrari
(Capítulo Bônus)

Matteo tinha ido ao encontro da Nora juntamente de Olívia e eu estava arrumando o quartinho do bebê com a sr.a Grace, funcionária da casa. Eu pretendia ficar aqui pelos três primeiros meses de Luigi, logo depois retornarei para a minha casa e aos trabalhos.

— Olha que fofinho, senhorita Ferrari!

Grace disse ao me mostrar um conjuntinho infantil, que tinha desenhos de leões fofos. Me derreti completamente, em alguns dias finalmente conhecerei o amor da minha vida.

— Sim, é muito lindinho. Será que ele vai parecer comigo? — falei, olhando o conjuntinho.

— Acredito que ele será uma criança linda e iluminada. — ela sorriu amigável.

Meu celular começou a tocar, olhei no visor e vi Dra Helena, minha obstetra. O que será que ela queria?

"Monique? Cadê você?"

"Oi, dra Helena! Eu estou em casa."

"Como? Você deveria estar aqui há meia hora, Monique! Esqueceu da sua última ultrassom? Você precisa ter todos esses exames quando der entrada para ter o bebê."

"Nossa, Helena! Eu realmente me esqueci. Ainda posso ir a consulta ou você não tem mais vagas?"

"Tenho uma vaga para daqui a meia hora."

"Ok, estou a caminho"

— Grace, termine de arrumar o quartinho, por favor. Preciso sair agora, avise a Matteo.

— Sim, senhorita Ferrari.

Agradeci e me arrumei rapidamente para ir até o consultório. Pedi que o motorista me levasse, a barriga já me impedia de dirigir há meses. Durante o percurso, conversei com Paola e ela me mostrou algumas fotos de roupas que comprou para o bebê. Confesso que estou ansiosa, mas com medo.

Medo de não ser uma boa mãe, medo de falhar, de não conseguir. Era tão estranho pensar que daqui alguns dias uma criança inocente dependerá de mim para tudo. Eu passei boa parte da minha adolescência em um internato na Suiça, meu pai não queria ser um pai de verdade. Lembro que nos víamos apenas em datas comemorativas e ele sequer passava muito tempo comigo. Eu não tive carinho, compreensão, vivência do meu pai e acabei me tornando o que sou hoje. Fiz terapia, tive depressão, tenho ansiedade, mas escondo de todos, não quero que pensem que sou fraca.

Luigi merece algo melhor, pais presentes, carinhosos e amáveis. Sei que somos o oposto, mas eu quero tentar, quero ser para o meu filho o que nunca tive em toda a minha vida.

Cheguei no consultório e Helena me recebeu, pedindo que eu me deixasse na cama para o procedimento. Fizemos a ultrassonografia e Luigi estava bem, saudável e encaixado para vir ao mundo. Eu me emocionava a cada vez que o via pela tela daquele aparelho, um sentimento incondicional apossava o meu peito, quebrando o gelo que era o meu coração. Tiramos a minha pressão, fizemos exames básicos e logo depois Helena me passou algumas recomendações.

— Você está de 38 semanas completas, Monique. Precisa descansar, se alimentar bem e evitar esforço, estresse. Luigi está pronto para nascer, precisamos esperar o tempo dele agora.

— Disso eu sei. Faço questão de tentar o parto normal, apesar dos problemas que tive no início. Quero cuidar do meu filho e não depender de ninguém para me ajudar.

— Não seja dura consigo mesmo, Monique. O parto, o puerpério são muito exaustivos, você precisa de uma rede de apoio...

— E eu tenho. — a interrompi. — Minha família sempre está ao meu lado.

— Isso é ótimo! Nos vemos aqui alguns dias? — sorriu.

— Assim espero. — sorri de volta.

Ao sair do consultório, me senti melhor com os pensamentos que me atormentavam. Eu tenho a minha família, pessoas boas que estão ao meu lado e que amam a mim e ao meu filho, não tenho o que reclamar. Enquanto o carro seguia seu percurso de volta, enviei uma foto da ultrassom para Matteo, ele adorava ver essas coisas.

— Senhorita Ferrari, precisamos parar para encher o tanque. A gasolina está no fim. — Ryan avisou.

— Ok.

Fomos ao posto de gasolina e Ryan desceu do carro para encher o tanque. Eu estava distraída, olhando a avenida pela janela do carro, quando vi um carro entrar no posto. Havia dois homens estranhos dentro dele e algo me dizia perigo.

Como tinha alguns carros na nossa frente, desci como quem não quer nada e entrei em uma lojinha próxima dali. Comprei um molho de pimenta, aqueles bem ardidos e guardei dentro do blazer que eu usava. Ao voltar para onde Ryan estava, percebi que o clima estava pesado. Os homens me olhavam de forma estranha e acabei notando uma arma na mão de um deles.

— Ryan, está armado? — perguntei baixinho.

— Sim, fique tranquila. — ele também percebeu.

Os carros foram saindo e logo o nosso foi para a frente. Ryan encheu o tanque e estávamos prestes a entrar, quando os dois homens desceram e se aproximaram.

— Querem ajuda? — um deles perguntou.

— Não, já acabamos por aqui. — Ryan respondeu.

Um deles me encarou e eu notei a forma que ele mexia no cós da calça. Minhas pernas ficaram bambas, o medo de que algo fosse acontecer...

— Tenho um aviso do Sr. Gonzalez. — assim que ele disse, rapidamente sacou uma arma e estava prestes a tirar, quando eu joguei o molho de pimenta em seu rosto.

O outro tentou, mas Ryan atirou bem na cabeça dele. Meu coração começou a palpitar e tive a impressão de que viam mais homens para tentar me matar. De repente, sinto uma água escorrer pelas minhas pernas e uma dor aguda me atinge bem nas costas.

— Ryan.... E-eu estou com dores! Me leve para o hospital!

Meu motorista me ajudou e correu com o carro para o hospital. As dores eram intensas e eu estava nervosa, aflita, com medo de que viessem atrás de mim. O maledetto do juiz estava querendo me matar! Ele sabia que eu tinha ido atrás da esposa dele! Oh céus! E agora?

Chegamos ao hospital e Ryan entrou desesperado atrás de uma cadeira de rodas, alguns enfermeiros vieram e me colocaram sentada em uma. Fomos imediatamente para a sala de parto, onde minhas roupas foram trocadas e meus acessórios tirados. Minhas mãos estavam geladas e dormentes.

— Por favor, avisem ao Matteo! — grunhi.

Minha cabeça começou a rodar e a doer, eu sentia todo o crânio dormente e uma imensa vontade de vomitar. Uma enfermeira tirou a minha pressão e notei a forma como ela ficou nervosa.

— A pressão da paciente está alta, preparem a sala de cirurgia...

Foi tudo muito rápido, em minutos estavam me levando para a outra sala. Aplicaram a anestesia nas minhas costas, deitaram-me e logo parei de sentir minhas pernas. Eu estava tonta, enjoada e não vi quase nada do meu parto.

Quando recuperei a consciência, ouvi um chorinho fininho ecoar pelos meus ouvidos. Meus olhos encheram-se de lágrimas, meu filho tinha nascido!!!

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now