Capítulo 37

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Henry Bianchi
Dois dias depois.

Era uma manhã de sábado quando recebi uma mensagem de Bárbara avisando que Matteo estava consciente, no entanto, meu irmão fingiria que estava dopado, assim o médico não desconfiaria de nada. Avisei Monique de imediato e minutos depois, a mulher de cabelos pretos apareceu, vestia um vestido justo, com um decote evidente e a maquiagem forte no rosto a deixava mais madura do que parecia ser.

— Estou ansiosa para ouvir o que o bastardo tem a dizer. — Monique disse ao entrar em meu carro.

— Tenho um pedido a ser feito. — a olhei antes de ligar o carro. — Quero que convença Olívia a aceitar a proposta do seu pai.

— O que?! — me olhou incrédula.

— É o melhor para ela. Você me promete? — perguntei e Monique respirou fundo.

— Tudo bem, prometo! Mas depois não adianta se arrepender. A Olívia boazinha que você conhece morrerá logo após ela entrar para a família. — garantiu me encarando.

Liguei o carro sem respondê-la e permaneci em silêncio até o hospital. Ao entrarmos no local, dei meu nome a recepcionista e fui orientado antes de entrar no quarto onde Matteo estava. O médico estava em cirurgia, deixando-me em total alívio, Monique me esperou lá fora e pediu que eu tivesse cautela para falar com ele.

Abri a porta e Matteo estava dormindo ou apenas fingindo não sei, tranquei bem trancado e caminhei em direção à ele. Cutuquei seu braço fazendo-o despertar, ele sorriu ao me ver.

— Henry! Quanto tempo! Está tudo bem? — neguei com a cabeça.

— As coisas não andam muito boas, esperei que você acordasse para me contar sobre o sequestro. Já estava sabendo que foi dopado durante esses dias? — ele assentiu, engolindo seco.

— A enfermeira me avisou sobre os remédios fortes que estavam sendo aplicados em mim. Deve ser por isso que o sono não passava de forma alguma. — suspirou pensativo.

Ele estava com olheiras bastante evidentes abaixo dos olhos, a pele antes bronzeada agora era pálida, a barba sempre muito bem feita, estava crescida até demais. Matteo tinha um semblante exausto, como se não dormisse há dias — efeito do remédio, talvez.

— O importante é que você está bem e vivo. Apesar de ser um encrenqueiro de meia tigela, senti sua falta! — confessei deixando-o surpreso.

— Você estava preocupado comigo?

— Não suportaria dividir a herança com Paola, ela provavelmente gastaria tudo em sapatos caros. — brinquei e Matteo riu baixo, tossindo logo em seguida.

— Quando poderei sair deste lugar? Estou vulnerável e propenso a ser morto. — fez um esforço para sentar.

— Possivelmente hoje à noite, mas antes... Quero que me conte como e onde foi sequestrado. — pedi, tentando ser gentil.

— Não me recordo muito bem como aconteceu. Eu marquei um encontro casual num aplicativo de relacionamento e a mulher em questão me convidou para beber em um bar na beira da estrada. Nós nos encontramos, bebemos, depois voltamos para a cidade e fizemos uma tour pelos pontos turísticos. — aquietou-se, parecendo pensar. — Era madrugada quando uma van preta começou a seguir o meu carro... Não lembro o que aconteceu depois, mas acordei em um depósito abandonado.

— E quem é essa mulher, Matteo? — se tudo estava certo, provavelmente aquela mulher seria o ponto certeiro para descobrirmos sobre mais disso.

— A recepcionista do hotel. — ergui a sobrancelha surpreso. — Diana. Ela estava no aplicativo e por estarmos perto, acabou que demos match e...

— Matteo, o nosso pai é um carrasco, difícil e perigoso... Mas, você acha que ele tem alguma coisa a ver com isso?

Com a pergunta, o semblante do meu irmão empalideceu. Ele pensou por alguns minutos e parecia estar perplexo com seus próprios pensamentos.

— É claro que tem! Descobri algo podre entre ele e o sr. Jones.

Ergui a sobrancelha surpreso. O que Peter Jones tinha com o meu pai? Engoli seco em imaginando mil coisas, principalmente na decepção que Adam teria ao descobrir isso. Peter não era como meu pai, era um peixe pequeno em um mar como aquele, nada de coerente vinha na minha mente.

— Prossiga, Matteo. Creio que não temos muito tempo. — olhei no meu relógio de pulso e faltava menos de trinta minutos para o bendito médico dar as caras.

— Sabe que cuido da parte financeira do hotel, não é? — assenti. — Tem alguns dias que descobri um arquivo contendo o nome de Peter Jones, quase como um contrato. Li e reli, porém não consegui descobrir do que realmente se tratava, era muito confuso! Certa vez, em uma viagem rápida à Seattle, papai me levou para uma reunião com a família Morgan. Parecia uma típica reunião, até Peter Jones aparecer. Nosso pai o acompanhou em outro cômodo do escritório, obviamente segui os dois e...

— Continue, Matteo! Preciso saber.

Ele respirou fundo e me encarou, estava aflito demais.

— Os dois tem um acordo meio sórdido. Basicamente se trata de: Tomar os netos primogênitos dos primeiros filhos, não sei muito o porquê, mas tem algo a ver com bruxaria, pactos e coisas bem tenebrosas.

Incrédulo, caminhei de um lado para o outro. Essa era nova para mim, Giancarlo sempre foi um homem e agora estava envolvido nesse tipo de coisa? Parecia brincadeira! Ri sem humor nenhum e Matteo prosseguiu.

— Era por isso que ele queria vê-lo casado de qualquer maneira. Por ser filho de um casamento perante as leis de Deus, seu primogênito é perfeito para essa atrocidade. Não duvido nada que o pobre Adam pagará pelas loucuras dos dois. — me olhou sério.— Inclusive, o lance da casa de recuperação é balela. Peter estava negociando mulheres com um cafetão em Miami. Aparentemente, o tráfico de mulheres voltou e nosso pai está no meio.

— Tem noção do que acabou de dizer, Matteo? O inimigo é o nosso pai. Além desse absurdo com bebês, ele também está traficando mulheres inocentes e sabe-se lá o que mais. Nós precisamos acabar com essa palhaçada! — estendi a mão, Matteo olhou receoso, porém aceitou. Com dificuldade, meu irmão se colocou em pé.

— Se Giancarlo tentou me matar, provavelmente tentará te atingir. Por ser primogênito, ele não fará nada com você, mas fará com as pessoas que você se importa, ele precisa do seu apoio.

Olívia estava em perigo.

— Não me fará nada contra mim, caso esteja morto.

— Tem certeza que dará as costas ao nosso pai, Henry?

— Já dei. Esse absurdo acaba agora! Está do meu lado? — ele assentiu. — Pois bem, se prepare! Uma guerra começará muito em breve.

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Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now