Capítulo 61

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Olívia Miller

O dia da audiência havia chegado e eu estava completamente nervosa com o decorrer daquela situação, meu coração estava aflito e a minha ansiedade atacada. Acordei mais cedo do que o previsto e não consegui comer nada, estava pensando em uma forma de tentar controlar aqueles sentimentos confusos dentro de mim, eu precisava ter confiança e força para lidar com tudo aquilo, afinal, eu estaria sozinha naquele tribunal. Por volta das dez da manhã, Adriana chegou em minha casa, a audiência começaria às 11h.

— Está preparada, senhorita Ferrari? - ela perguntou.

— Acha que vai dar tudo certo? — eu precisava saber, para ao menos tentar enfrentar o que estava por vir.

— Não quero ser pessimista, mas preciso que saiba que o Sr. Castilho tem testemunhas e apoio contra a senhorita.

A olhei surpresa, dessa parte eu não sabia.

— Testemunhas? De quê? — indaguei apreensiva.

— Que podem afirmar que o documento que ele apresentou é verdadeiro. Como sabe, está sobre investigação desde o início do processo. Ele alega que Enrico Ferrari deixou boa parte da fortuna, dos imóveis e dos negócios para ele — disso eu já sabia, aquele maldito mentiroso estava fingindo tudo aquilo— o documento foi autenticado em cartório e levado até o juiz. Além do documento, Rafael colocou nomes de testemunhas, pessoas importantes e próximas do seu tio...

— E é claro que ele jogaria baixo a esse ponto, pois sabe muito bem que não somos aceitas pela sociedade machista que tem partes na empresa. Oh céus! Agora me preocupei.

— Farei o possível para que ganhe, no entanto, preciso que mantenha a calma e seja confiante, ok?

Mesmo estando o oposto de tudo o que ela pediu, apenas assenti. Me olhei mais uma vez no espelho e me senti confortável com o que estava vestindo: Um vestido preto e fechado, que ia até o joelho. Óculos escuros, maquiagem fraca e salto alto. Tomei uma xícara de café para não ir de barriga vazia e acompanhei Adriana até o carro, onde fomos levadas até o tribunal da cidade. Ao chegarmos, Rafael já estava lá, sorridente, confiante e com uma postura invejável.

Ele notou a minha presença e fez questão de caminhar até a mim, parecia querer me intimidar. Encarando um ao outro, Rafael pegou a minha mão com audácia e levou até os lábios, onde depositou um beijo demorado, quase vomitei.

— Está adorável, senhorita Ferrari. — disse com certo deboche no tom de voz.

— Não posso dizer o mesmo. — murmurei.

— Monique não veio? É mais do que necessário a presença dela hoje aqui.

— Não eu seja da sua conta, mas minha prima não está muito bem de saúde. Seremos eu e você apenas.

Rafael me analisou dos pés a cabeça, como se estivesse prestes a dar o bote. Pensei que ele fosse me deixar em paz, mas me enganei, o homem aproximou-se e sorriu de forma venenosa. Eu estava lutando para não quebrar o rosto daquele embuste.

— Ainda tem tempo para desistir, senhorita Ferrari. Minha proposta está mais do que de pé. — sussurrou, deixando-me acuada.

— Atrapalho? — era a voz de Henry, quase o abracei de tanto agradecimento por ter atrapalhado aquela conversa absurda.

— Não. Estou feliz por ter vindo, pensei que não pudesse.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now