Capítulo 56

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Olívia Miller

Rafael estava hospedado em um pequeno hotel próximo ao bar onde eu estava. Desci do carro um pouco apreensiva e caminhei até a recepcionista, dei o nome dele e aguardei alguns minutos — o que não demorou quase nada. Ele parecia saber da minha visita muito antes de que eu pensasse em visitá-lo, agradeço a moça da recepção e entro no elevador, seguindo o percurso que me foi dado. O quarto ficava no quinto andar, o último do corredor, aquilo me deixou mais alerta, não me parecia uma boa ideia, mas eu já estava lá, era a hora de enfrentar os meus problemas.

— Olívia Ferrari... Ou melhor Miller?

Rafael debochou com um sorriso cínico no rosto. Entrei no apartamento sem esperar qualquer permissão, o que lhe fez assoviar com a minha ousadia.

— Você fez a tarefa de casa bem. O que mais descobriu? — falei enquanto observava o quarto em que ele estava.

Era pequeno, não tinha muitos móveis e apenas uma janela minúscula iluminava o quarto com o sol ardente lá de fora.

— Moradora do Brooklyn, operadora de caixa... Você deu um ótimo golpe, devo confessar. A estratégia do sorteio e a viagem para Las Vegas, nossa! Excelente!

Revirei os olhos em tamanha irritação. Ele não ia me estressar, não agora.

— Não melhor do que o seu. Quanto você quer para deixar a cidade? Deve querer uma quantia boa para sumir e deixar minha família em paz. — sentei no pequeno sofá, pronta para negociar. Se o maldito queria dinheiro, ele teria.

— Inocência a sua achar que quero apenas dinheiro. — ele tirou uma cartela de cigarro do bolso e me ofereceu, porém neguei de imediato.

— O que você quer então? — observei ele acendendo um cigarro e tragando logo em seguida.

— Quero liderar os negócios da família. Pesquisei muito nos últimos meses e posso afirmar com total certeza de que vocês estão destruindo o império construído por Enrico Ferrari. Fornecedores, clientes e até mesmo funcionários estão em revolta com tudo o que está acontecendo! O roubo foi só um aviso prévio do que vai acontecer sem a liderança de um homem. Mulheres não servem para esse tipo de negócio.

— Que nojo! Não sabe o que está acontecendo, não sabe de nada para falar a verdade! Está jogando baixo com todas essas teorias criadas na sua cabeça. Posso garantir que o negócio está melhor do que antes! — afirmei e o homem riu.

— Vocês fecharam as boates, tiraram funcionários e estão negociando com um maluco que não sabe nem ao certo que dia é hoje. A qualidade do produto decaiu, o fornecedor das armas não leva você e Monique a sério, demora dias e até semanas para mandar o que precisam. Já falei: Mulheres não são capazes!

— É claro que fechamos! Os sócios de Enrico estavam traficando mulheres, obrigando-as a fazerem coisas inusitadas, arriscando a vida delas e não pagando nem o básico para todas! As boates estavam virando um circo de horror... A qualidade do produto não decaiu! Você não sabe de nada! — apontei o dedo em sua direção, totalmente tomada pela raiva. Rafael, por sua vez, pegou o meu braço e me fez encarar seus olhos.

— Eu acho melhor você baixar a sua bola, amor. — sorriu com um brilho ameaçador nos olhos. — E se quiser continuar usufruindo do dinheiro de Enrico, aconselho que fique do meu lado.

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