Capítulo 34

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Henry Bianchi

Olívia estava tão preocupada com toda aquela situação, que por um momento me coloquei no lugar dela. E se eu tivesse uma escolha? muito provável que não aceitaria a futura vida que um papel escrito positivo me daria. Ela comia devagar a torta de limão na mesa da lanchonete, parecia tão pensativa, enquanto isso, tomei um café forte para desviar pensamentos ruins da mente. 

Eu ainda tinha que falar com Matteo sobre o sequestro, não tive a oportunidade de vê-lo ainda e, apesar de ele estar seguro, ainda tenho a breve sensação que vinha outra bomba. O foda é sempre morrer antes de levar o tiro, essa sensação de sofrer antecipadamente acaba comigo de todas as formas, nem lembrava a última vez que consegui ter um dia normal, sem estresse e pendências a serem resolvidas. 

— Matteo realmente está bem? Você já foi vê-lo? - Olivia perguntou, tirando-me dos pensamentos embaralhados. 

— Ele está instável, para falar a verdade. Não, não tive tempo para vê-lo, mas assim que tiver… 

— E o que está esperando? Se ele tiver consciente, não vejo o porquê esperar mais. Vá vê-lo! - sorriu

Seus olhos verdes brilhavam de um jeito tão hipnotizante, ela sabia exatamente como me convencer. Porém, Matteo estava desacordado — não consegui contar-lhe essa pequena parte — e o melhor a se fazer naquele momento era esperar que ele acordasse e falasse sobre tudo que houve. 

Dei um jeito de fazer Olivia esquecer aquela conversa e a levei para um passeio pelos arredores do hospital. Nós dois precisávamos espairecer e nada como o vento suave daquela tarde em Las Vegas para nos ajudar. 

Ela me contava sobre um cachorrinho que teve na infância, quando notei uma movimentação estranha em um carro próximo da gente. Algo me dizia que não era uma boa coisa, para não preocupar Olivia, fiz a garota parar de andar e a puxei para um beijo. Obviamente, ela se surpreendeu com o ato, porém não recuou. 

Sabe-se lá quem esteja no carro, não poderia arriscar a vida de Olivia. Se ela notasse aquela movimentação, ficaria nervosa e consequentemente o maledetto nos atacaria. Paramos o beijo em selinhos carinhosos, a abracei sentindo sua respiração ofegante no meu pescoço, deslizei as mãos pelas costas vestidas dela e parei na cintura, apertando-a com força. 

— Não esqueci da minha promessa de fazê-la sentir todos os fetiches possíveis, senhorita Miller. - mordi seu lábio, arrancando um suspiro excitante dela. 

— Que bom, porque não perdi o interesse em descobrir mais sobre esses tais fetiches, Sr. B. - selou nossos lábios rapidamente. 

Sorri de modo que ela agarrasse meu pescoço e me beijasse tão profundamente, que acabei perdendo o ar. Ela realmente não estava brincando. 

Depois de averiguar que a movimentação havia parado, levei Olívia de volta ao hotel prometendo que depois de todos os problemas, nos divertiriamos bastante. Ao chegar na minha suíte, tomei um banho demorado e aproveitei para tomar algumas doses de Bourbon, eu merecia aquele breve sossego. 

Minutos depois, o sossego foi por água abaixo com uma pergunta esquecida que viera à tona, quando olhei para a pintura de Conrado Bianchi, o tataravô do meu pai. Giancarlo sequer foi ao hospital ver Matteo e ele já sabia que meu irmão estava a salvo. 

Telefonei de imediato para Diana, a fim de saber onde o velho se meteu e a resposta que tive deixou-me com um nó formado na garganta;

O Sr. Bianchi voltou para a Itália hoje mais cedo.

Por que Giancarlo voltaria para a Itália sabendo que Matteo está no hospital, desacordado? Ele passou até mal de tanta preocupação… oh céus! Matteo precisa acordar com urgência! Alguma coisa me diz que tem algo de errado nessa história. 

Dois dias depois

Monique finalmente ganhou alta do hospital e fez questão absoluta de ir diretamente para a clínica de sua confiança. Olívia estava tão nervosa, que não dormiu nem um pouco na noite anterior, acabou que passamos um tempão no telefone durante a madrugada até ela pegar no sono. Estávamos cansados e apreensivos com o resultado, Monique parecia calma, se maquiava no carro como se estivesse se arrumando para uma festa. 

Ao chegarmos na clínica, Olivia segurou meu braço com força, parecia com medo do que viria a seguir. Monique conversou com a recepcionista e em menos de trinta minutos foram chamadas para fazerem os exames. 

 — O exame sairá em doze dias. - Monique disse ao sair de lá. — Até lá, sua namorada irá ter um treco. 

— Não diga que não está nervosa, Monique. Você demonstra ser durona, mas está tão ansiosa quanto eu. - Olívia disse e Monique riu. 

— Pelo amor de Deus! Vamos, preciso ir aí cabeleireiro, meu cabelo está terrível e… 

Desandou a falar até chegarmos ao estacionamento, porém, quando íamos entrar em meu carro, uma voz masculina chamou pelo nome de Monique. A mulher ficou completamente estatística, me pegando de surpresa, já que em pouco tempo que nos conhecíamos, Monique nunca demonstrou qualquer tipo de fraqueza. 

Nós três viramos para olhar de quem se tratava e vimos um homem. Era alto, magro, o cabelo curtinho grisalho, aparentava ter uns sessenta anos, tinha uma pequena cicatriz na sobrancelha, e vestia um terno preto, ao seu lado, um cão da raça pastor alemão nos observava quieto. 

— Oi, papà. - ela respondeu nervosa. 

Engoli seco ao perceber que se tratava de Enrico Ferrari, o homem que atormentou minha família por décadas. Olívia tremeu ao meu lado, agarrando o meu braço de modo que se escondesse da figura masculina a nossa frente. 

Ele olhou rapidamente para ela, como se tivesse levado um soco no estômago. Ele realmente conhecia Olivia, estava tão evidente. 

— O que pensa que está fazendo? - me olhou sério, devolvi o olhar mortal. A qualquer momento iríamos nos estranhar e… 

— Henry é meu amigo. - confessou com a voz um pouco mais baixa do que o normal. Chame de medo ou respeito, mas Monique não encarava o pai com toda a confiança que ela emanava para todos os outros. — Por que não me contou que está doente? 

— Amigo? - falou com ironia. — Você só me dá desgosto, abelhinha. 

— Não mude de assunto, pai! O senhor sumiu da minha vida e mentiu na maior cara dura! E sim, Henry Bianchi está sendo um ótimo amigo. 

Enrico respirou fundo, o cão ao lado latiu para Monique. Desse modo, ela não demonstrou medo, aproximou-se do pai, que repreendeu o cachorro. 

— Esse assunto não é para ser discutido aqui, agora. Acompanhe-me, vamos embora! - exigiu. 

Porém, para a minha surpresa, Monique encheu o peito e o olhou com firmeza. 

— Parece que não vamos esperar os dozes dias para descobrirmos, Oli. - disse olhando de lado para Olivia. — Essa é Olivia Miller, filha de Vincent Miller. 

Apontou para Olívia, que se encolheu ao meu lado. Enrico olhou a garota com zero surpresa, continuou sério em seu lugar. 

— Posso saber que tipo de brincadeira é essa? Pediu para Afonso colher material para um exame de DNA? 

— Já era, papai. Não precisa mais mentir! Sabemos que Olívia é da família, o exame foi uma emboscada… - Monique falou com convicção. Se ela queria jogar um verde, acertou em cheio! Enrico ficou pálido. 

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Oi, meus amores! Quero pedir desculpas pelo meu sumiço e explicar desde já que eu mudei de casa e passei boa parte resolvendo burocracias da vida adulta. Agora estou no meu cantinho, tranquila e as postagens voltarão ao normal. Não deixem de votar no capítulo, pois é muito importante p mim! ❤️ Um bom começo de semana para todos 🥰

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now