Capítulo 30

287 30 2
                                    

Olívia Miller

Giancarlo ainda apontava a arma em minha direção, parecia determinado a me matar. Havia mágoa e muito ódio em seu semblante, como se tivesse cara a cara com o homem que traiu sua confiança anos atrás.

A traição de meu pai acabou com a nossa família, deixando um buraco fundo e sombrio entre nós. Minha mãe ficou depressiva, vegetativa e sem perspectiva de vida ao longo dos anos, Vincent continuou com a amante até o dia de sua morte — que disseram ter sido um acidente de carro. Mas agora nesse momento tenho total certeza que esconderam muitas coisas de mim e, não sei até onde elas podem me levar. A arma foi destravada, fechei os olhos esperando o tiro atingir alguma parte do meu corpo, mas por sorte ou não, a porta do escritório foi aberta com força.

— Por que você não pega alguém do seu tamanho, maledetto! — Monique entrou na sala com uma arma em punho.

Giancarlo até tentou atirar contra nós, mas Monique aproveitou sua vulnerabilidade por estar de cadeiras de rodas e jogou uma cadeira de madeira em sua direção, acertando-o na barriga. Ele gemeu, soltando a arma, totalmente derrotado.

— Monique, como você soube...

— Anos de experiência. Acha mesmo que um infarto pode derrubar um Bianchi vingativo? Ele soube da minha hospedagem aqui e pegou o primeiro jatinho para Vegas. O que diabos você está fazendo aqui, bambina? — guardou a arma na cintura, olhando-me com uma pose de mãe brava.

Segurei o riso vendo a pequena linha de expressão entre as suas sobrancelhas e também me surpreendi com a preocupação que ela demonstrara ao meu respeito.

— Aparentemente não sou muito inteligente quando se trata de pessoas com o caráter duvidoso. Ele está bem? — Giancarlo estava quieto demais, não esboçou qualquer reação ao nos ver juntas.

Monique caminhou sorrateiramente até o homem e tirou a cadeira com cuidado. Ele estava com os olhos abertos, mas não tentou absolutamente nada.

— Por que tentou matá-la? Ela não tem nada a ver com a nossa rivalidade! Está ficando caduco, Giancarlo?

O homem ficou em silêncio, tão cheio de si que sequer respondeu a pequena provocação de Monique.

— Quero que você saia do meu hotel. — encarou Monique com os olhos em chamas.

— Por um acaso descobri onde seu filho bastardo está, tem certeza que quer isso?

Giancarlo olhou para a mulher com o semblante frio, calmo. Nem parecia ter ouvido o que ela dissera.

— É claro que sabe, ele está com vocês. Isso não me admira, o que me admira é Henry permitir que você transite neste hotel.

— Ele não está conosco, isso você pode ter certeza. — Giancarlo riu sem humor nenhum.

— Ok! E o que garante que isso seja verdade?

— Eu garanto! Dou a minha palavra que Matteo não está em posse da minha família. Sabe muito bem que um Ferrari não dá sua palavra em vão.

O homem assentiu contragosto.

— O que quer pela localização dele? — apesar de aparentar não estar se importando, sabíamos que ele estava preocupado com o filho e que faria de tudo para tê-lo consigo.

— Uma aliança entre as famílias. Matteo será minha bandeira de paz, pois garanto que quem o resgatará sou eu.

Monique exalava empoderamento, tão determinada e forte. Aquilo me fazia inveja-la de certa maneira.

— Uma aliança? Isso já foi proposto há mais tempo do que você está na Terra, querido. Seu pai não é muito honesto. — senti um tiquinho de deboche na voz de Giancarlo, Monique percebeu.

— Como você fosse o exemplo de honestidade e bons feitos, não é mesmo?

Giancarlo fechou a cara e deu a volta a mesa, aproximando-se de nós duas.

— Ok, uma aliança. Seu pai está sabendo disso? Não sei o que ganhará com essa aliança, querida Monique. — ele, obviamente não acreditara em nada.

— Em breve assumirei boa parte dos negócios da minha família, então meu pai está fora dessa aliança. — Giancarlo a olhou surpreso. — Sabemos que se unirmos nossos ideais seremos bem poderosos e temidos por todas as outras. Dinheiro, poder e principalmente: Respeito. É isso que teremos com essa aliança, é isso que eu almejo assim como você.

O homem pensou por longos minutos e então sorriu satisfeito com o que pensara. Monique continuava firme em sua postura, estava tão convicta que Giancarlo aceitaria, parecia Emily e seu otimismo.

— Excelente, estamos de acordo! Traga Matteo em segurança e nossa aliança será a mais forte de todas as outras. Eu dou a minha palavra. — estendeu a mão e foi ali, bem na minha frente que duas famílias poderosas selaram a paz.

****

— Você foi bem inteligente em propor uma aliança com os Bianchi. — falei ao sairmos da sala.

— Pode ter certeza que essa aliança será bem proveitosa por ambas as partes. — garantiu.

— Obrigada por ter me salvado. — falei com sinceridade e Monique parou de andar, olhando-me com um sorriso nos lábios.

— Ninguém mexe com um Ferrari. — passou a mão pelo meu braço esquerdo. Ergui a sobrancelha confusa, sem entender o que ela dissera, porém não questionei nada.

— Como salvará Matteo sozinha? Posso ajudá-la se quiser. — me ofereci. Por mais louco que fosse, ainda me sentia culpada pelo desaparecimento de Matteo.

— Não, isso está fora de cogitação e eu não estou sozinha, pode apostar!

— Mas... Eu posso te ajudar, Monique! — ela negou com a cabeça.

— Não posso ficar me preocupando com a sua segurança enquanto estivermos no fogo cruzado, Olívia. E eu já tenho ajuda o suficiente para resgatar Matteo, não dou ponto sem nó!

— Então, me diga algo que posso ajudar, não preciso ir com você, mas não quero me sentir inútil. — voltamos a andar.

— Você pode... Hmm.. Lavar o meu carro! Isso, Olívia! Ele está imundo depois do acidente e...

— Eu não vou lavar o seu carro, Monique!

Ela riu alto, parecia estar brincando comigo.

— Fique no seu quarto, em segurança e se possível dando conselhos amorosos para a sua amiga doidinha por vídeo chamada. Logo estarei aqui, pois ainda temos outra questão para resolver. — paramos no elevador e ela colocou o andar do meu quarto.

— Que questões? — cruzei os braços. Tudo parecia tão confuso, nada me fazia sentido.

— Você saberá. Por favor, fique longe do maluco Bianchi, não se pode confiar em um mafioso.

Assenti e então o elevador abriu e mesmo com milhares de perguntas, entrei. Nada me faria melhor do que um banho relaxante e pesquisas sobre os Ferrari.




Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now